42: Preciso conversar com alguém

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Morro do Vidigal, Dezembro.

MIDAS

Eu tô adiando a dias a conversa sobre filhos com a Alice, mas não dá mais pra adiar

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Eu tô adiando a dias a conversa sobre filhos com a Alice, mas não dá mais pra adiar. Hoje antes dela sair pra trabalhar, avisei que preciso falar com ela de noite.

Agora ela já chegou e foi direto pro banho.

Sentei na cama e fiquei mexendo no celular enquanto ela não terminava. Quando a porta do banheiro se abriu e eu vi ela apenas de toalha, pensei em desistir, mas não tem como adiar mais. Eu não quero mais adiar.

Alice - O que foi, bonitão? - Se sentou ao meu lado.

Respirei fundo.

Midas - Possivelmente cê não vai gostar, mas precisamos voltar ao assunto de filhos, Alice.

Na mesma hora ela se levantou e foi até o guarda-roupa, procurando alguma coisa para vestir.

Midas - Senta e conversa comigo, depois cê faz isso. Não dá mais pra adiar esse assunto.O Caveira falou que eu preciso respeitar a sua vontade, mas desde o início do nosso relacionamento eu avisei que tinha o sonho de ser pai, e você não foi capaz de dizer que não queria. Que não fazia parte dos teus planos.

Ela negou com a cabeça, enquanto jogava a toalha em qualquer canto e vestia uma calcinha, depois colocou uma regata preta, um short jeans branco e calçou os chinelos.

Midas - Dá pra conversar comigo, caralho? - Aumentei o tom de voz, fazendo a mesma me olhar. - Por favor, Alice. - Passei a mão na cabeça. - Conversa comigo, somos um casal e, acima de tudo, somos adultos.

Alice - Eu não tenho nada pra falar, Ryan! Já deixei claro que não quero ter filhos. Não tem mais o que discutir. - Cruzou os braços. - Se você acha que não vamos dar certo mais por causa disso, se tu acha que vou empatar a sua vida, vou embora agora mesmo e volto amanhã para pegar minhas coisas. Não quero ser um estorvo, beleza?

Midas - Eu até poderia deixar cê ir mesmo, mas não dá, Alice! - Me levantei, irritado com toda essa situação.

Por que ela simplesmente não senta e conversa? É tão difícil assim ser madura? Eu não estou forçando ela a ter filhos, apenas quero entender porque ela não me contou antes.

Ela deixou a nossa relação ir longe demais. Deixou eu me apaixonar loucamente, deixou eu amar ela.

Alice - Por que não dá? - Se aproximou mais de mim, com a cabeça erguida. - Não se preocupa, não vou contar segredos seus para ninguém, não vou ganhar nada com isso. - Revirei os olhos.

Midas - Não é esse o problema, inteligente.

Alice - Então qual é o problema, Ryan? Me diz! - Se alterou também.

Midas - Eu te amo, desgraçada! Aprendi a te amar muito rápido, achei até estranho essa porra acontecer de uma hora pra outra. Teve um momento que eu até suspeitei que cê tinha feito macumba.

Ela me olhou com deboche.

Alice - Eu não preciso fazer macumba, querido. Olha só..eu também te amo demais. - Passou por mim e sentou na cama. Virei para olhá-la. - Mas olhando por esse ângulo, não posso te prender, Midas. Você quer ter filhos, eu não quero e não vou mudar de ideia. Eu acho melhor a gente terminar. Vou voltar pra casa da minha mãe, e você tá livre para procurar alguém que te ame e queira construir uma família contigo. - Se levantou, inquieta. - Tenho certeza que cê vai ser um paizão incrível pra caralho.

Ela foi até o guarda-roupa e pegou uma mochila que estava dobrada ali dentro, começando a guardar algumas coisas.

E eu fiquei ali, parado. Meu peito tá doendo com tudo isso, mas eu não posso fazer absolutamente nada.

Amo a Alice? Sim, demais.

Mas eu quero ser pai e não abro mão disso nunca.

É uma pena que tenha que acabar assim, de verdade. Mas é a vida.

Quando ela virou e colocou a mochila nas costas, vi as lágrimas descendo por sua bochecha. Senti vontade de chorar também, mas segurei.

Midas - Cê fica tão feliz com os gêmeos e a Melanie. Cuida tão bem deles, gosta disso. Com filhos não é muito diferente, Alice. - Tentei me aproximar, mas ela fez sinal pra parar e foi o que eu fiz. - Pensa nisso com carinho, por favor. Eu te amo!

Alice - É diferente, sim, Midas. A gente se vê por aí, tá? Se cuida. - Apertou a alça da mochila com força e saiu do quarto.

E agora foi minha vez de deixar as lágrimas rolarem. Sentei nos pés da cama e chorei, lembrando de tudo que passamos e que ainda queria passar com ela, mas não vai acontecer.

Infelizmente, eu tenho que respeitar a decisão dela de não ter filhos. Ela não é obrigada.

Peguei meu celular e liguei para o Caveira, preciso conversar com alguém e gosto de conversar com ele.

Caveira: E aí, putão. Tá querendo o quê? - Atendeu, animado. Ouvi o choro da Ayla no fundo.

Midas: Tá ocupado, irmão? Preciso conversar com alguém.

Tenho certeza que minha voz de choro me entregou.

Caveira: Tô indo, cara. Posso levar o Trovão? - Aceitei. - Logo brotamos aí, irmão.

Encerrei a chamada e sentei no chão, com as costas apoiadas na cama.

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CAPÍTULO SEM REVISÃO!

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