Morro da Esperança, Novembro.
BIA
Mãos e pernas amarradas. Boca amordaçada. Eu não consigo escapar. Estou assustada, não faço a mínima ideia do local que estou.
Minha cabeça está latejando de dor, e pelo canto dos olhos consigo ver o sangue escorrendo pela minha testa, eu havia recebido um golpe e tanto.
O meu tempo de liberdade havia sido maravilhoso, e eu aproveitei cada segundo.
Eu sei que o Terror me achou, sei que ele vai me matar. Sei que estou morta já.
Minha vontade é de gritar para o mundo inteiro ouvir. A angústia que está presa em meu peito havia se multiplicado, se é que isso é possível. Não sei há quanto tempo estou longe do Erick, mas sei que é tempo o suficiente para sentir sua falta.
Adoro quando ele segura minha mão com carinho...
Meu corpo começou a estremecer de frio, foi quando reparei que estava nua, apenas de calcinha.
PUTA QUE PARIU!
Quanto tempo eu fiquei apagada?
Levantei a cabeça quando ouvi a porta de ferro abrindo, mostrando uma moça baixinha usando vestido branco e sapatilhas pretas. Ela entrou, fechou a porta e tirou das costas uma mochila preta simples. A garota soltou a mochila em cima de uma mesa de madeira velha - que eu ainda não tinha notado - e veio na minha direção, se abaixando na minha frente e tirando a fita da minha boca.
Moça - Meu nome é Amanda, sou enfermeira. - Ela foi até a mesa novamente pegar a mochila e sentou na minha frente com as pernas cruzadas, igual índio. - Eu vou cuidar do seu ferimento e ir embora. Amanhã eu vou vir de novo ver se estará melhor.
Apenas aceitei com a cabeça, estou com a garganta seca demais para falar, imagina tentar gritar.
Ela limpou o ferimento e fez um curativo.
Amanda - Logo alguém vai trazer comida. - Ela se ergueu e colocou a mochila nas costas. - Até amanhã.
Beatriz - Se eu estiver viva amanhã. - Consegui falar, com muita dificuldade.
Ela me olhou com pena, antes de virar e sair porta a fora.
Ainda bem que ela não colocou a fita na minha boca novamente.
[...]
Eu não sei há quanto tempo estou aqui.
Minha boca está seca, meus tornozelos e pulsos estão doendo. Eu consigo ouvir vozes ao longe, mas não consigo entender o que estão falando. Eles estão rindo alto, enquanto minha única vontade é chorar.
Escuto a porta abrir, mas não sinto vontade de olhar quem está ali.
XxX - E aí, mina. - Ouvi a voz masculina e olhei. - Chefe mandou eu te levar até ele. - O garoto, que aparenta ter uns 16 anos, me soltou e me ajudou a ficar em pé. - Não tenta nenhuma gracinha, beleza? - Concordei.
Chegou minha hora.
Saímos daquele lugar minúsculo e o garoto me colocou dentro do porta-malas de um carro. Fiquei alguns minutos ali, no escuro. Logo o carro parou e eu respirei fundo, me preparando para o pior. A porta foi aberta e o garoto me puxou para fora com delicadeza. Caminhamos um pouco por um corredor escuro e fedorento, até estar frente a frente com uma porta de madeira branca. O menino bateu na porta e eu ouvi a voz grave.
Terror - Entra! - Engoli a saliva com dificuldade.
O garoto abriu a porta e me empurrou para dentro, me deixando sozinha com o meu terror.
O vulgo combina muito com ele.
Terror - Se divertiu sem mim, Beatriz? - Ele me olhou, sem expressão alguma no rosto. Fiquei quieta, parece que esqueci como falar. Terror se levantou da cadeira giratória e veio calmamente na minha direção. - Se. Divertiu. Sem. Mim. Beatriz? - Perguntou novamente, pausadamente.
O pior nem é ter vindo até aqui apenas de calcinha, e sim, ficar aqui me humilhando. Isso é mais que humilhante.
Beatriz - Depois que minha mãe morreu, eu não soube mais o que era felicidade, esqueci que era possível ser feliz. Quando eu fugi naquele dia, quando os dias longe de você foram passando, eu soube novamente o que era ser feliz. Eu sou muito feliz longe de você, Henrique! - Aumentei o tom de voz, mesmo com a minha garganta pedindo socorro. - Eu. Te. Odeio!
Em troca de todas essas palavras, levei um tapa forte no rosto, fazendo o mesmo virar com força para o lado. Quando olhei novamente para ele, Terror segurou meu pescoço com as duas mãos e apertou com força, tirando meus pés do chão gelado.
Terror - Eu sei que o que você mais quer é morrer, Beatriz, e eu não vou dar esse gostinho pra ti. A partir de hoje, você vai ficar presa todos os dias, vai apanhar todos os dias e ter que ouvir a minha voz todos os dias. Se tu achava que a tua vida era um inferno antes, vai desejar voltar no tempo e nunca ter fugido de mim.
Ele me largou e eu caí no chão, acariciando a parte sensível que ele apertou.
Terror - SAGAZ! - Gritou, e logo o garoto abriu a porta, me olhando rapidamente antes de olhar para o chefe. - Leva ela pra minha casa e tranca ela no quarto que eu te mostrei ontem. - O garoto aceitou e andou até mim, me ajudando a levantar.
Sagaz - Posso apoiar minha camiseta pra ela, chefe? Ela é tua fiel, não vai ser legal outros caras olharem ela assim.
Terror - Pode, caralho.
O garoto tirou a camiseta e me entregou. Vesti rapidamente e deixei ele me guiar até o carro novamente, mas agora no banco de trás. Quando chegamos em frente a casa do Terror, o garoto me tirou do carro e cumprimentou os dois soldados que estão fazendo a segurança. Ele entrou na casa comigo e me trancou no meu antigo quarto.
Agora o quarto não está do mesmo jeito. Só tem a cama e o guarda-roupa. Quando entrei no banheiro, notei grades de ferro na janela.
Meu celular estava no bolso, ele deve ter pegado e lido minhas mensagens com o Caveira.
Com certeza ele vai atrás do Erick.
~~~~~~~~~~X~~~~~~~~~~
Olá, povo!
Bom, não postei nada ultimamente porque minha vida tá uma correria.
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Made In Vidigal | Finalizado
Teen FictionEstão prontos para os recadinhos? Vamo lá! → Este livro é uma ficção sobre favela/comunidade/morro. → Terá palavras de baixo calão (palavrões). → Cenas de sexo explícito e implícito. → Terá cenas de pessoas (fictícias) usando substâncias perigosas p...