Morro do Vidigal, Fevereiro.
CAVEIRA
Hoje a Beatriz tem consulta com a obstetra. Hoje, finalmente, vamos descobrir o sexo do bebê.
Eu não estou cem por cento feliz com a gravidez dela, pô. Se coloca no meu lugar: imagina como deve ser gostar de uma mina e ela estar grávida de outro cara, um cara que nunca fez bem pra ela.
Eu consigo ver que a Beatriz também não tá totalmente bem com isso tudo, mas também vejo que, a cada dia, ela tá mais alegre com a gravidez. Ela começou a se olhar mais no espelho, fazer carinho na barriga e também faz planos para ela e o bebê, até me inclui nos planos e me olha sem graça.
Eu gosto de saber que ela tá pensando no futuro e tá me colocando junto nisso. Fico feliz demais.
Tirei minha atenção do celular quando ela entrou na sala falando sobre os pés doloridos.
Caveira - A médica lá disse que é normal, pô. - Levantei do sofá e avaliei ela da cabeça aos pés. - Cê tá linda. - Suas bochechas ficaram vermelhas e ela agradeceu.
Depois que a Beatriz me disse que não estava acostumada com elogios e carinho, o que era algo mais que óbvio, eu fiz questão de elogiar mais ela e sempre faço carinho quando posso. Eu notei que ela gosta de receber carinho quando estamos sozinhos em casa, no nosso canto.
Beatriz - Podemos ir? Não quero chegar atrasada. - Pegou o celular em cima da mesa de centro.
Aceitei e perguntei se ela queria guardar o celular dela no meu bolso, já que ela está de vestido sem bolsos.
[...]
Obstetra - Beatriz Santana? - Ela se levantou da cadeira, com um sorriso enorme no rosto.
Segui ela para dentro da sala da médica e fiquei esperando enquanto a Bia trocava de roupa no banheiro. Quando ela voltou e deitou na maca, minhas mãos começaram a soar instantaneamente e meu coração acelerou como nunca antes.
Obstetra - Estão prontos para saber qual o sexo do bebê? - Passou um gel na barriga da Bia, e ela segurou minha mão.
Beatriz - Não tô me aguentando de ansiedade. - Balançou os pés, fazendo a médica rir.
Obstetra - E você, papai? Ansioso? - Olhei pra ela com os olhos arregalados.
"Papai"?
Puta merda!
Caveira - Sim, claro. - Cocei a nuca com minha mão livre.
Ela sorriu sem mostrar os dentes e começou a mexer um negócio do aparelho na barriga da Beatriz. Nós três ficamos olhando para o monitor, mesmo sabendo que eu e a Beatriz não entendemos nada que tá aparecendo no monitor.
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Made In Vidigal | Finalizado
Teen FictionEstão prontos para os recadinhos? Vamo lá! → Este livro é uma ficção sobre favela/comunidade/morro. → Terá palavras de baixo calão (palavrões). → Cenas de sexo explícito e implícito. → Terá cenas de pessoas (fictícias) usando substâncias perigosas p...