Morro do Vidigal, Janeiro.
CAVEIRA
Estaciono a moto na garagem e desço da mesma, colocando as chaves no aparador antes de entrar na casa.
Assim que entro, vejo a Bia preparando o jantar, e os gêmeos nos bebês conforto, em cima da bancada.
Caveira - Oi, família. - Bia me olha e sorri, mas o sorriso não alcança os olhos.
Beijo a cabecinha dos gêmeos, depois vou até ela e abraço a mesma por trás.
Beatriz - Como foi o trabalho hoje, amor?
Amo quando ela me chama assim.
Bom, ontem eu descobri que a Bia suspeita que está grávida. Pelo o que o Maco me contou, Bella e Bia foram até a UPA. Depois que elas saíram, Maco obrigou a moça da recepção a contar pra ele o que as meninas foram fazer lá.
Exame de sangue.
Caveira - Foi bem cansativo, mas prefiro assim do que dias calmos. - Beijei o ombro dela. - Como foi a saída com a Bella e as crianças ontem? - Bia ficou tensa.
Por quanto tempo ela vai esconder de mim? Será que o resultado do exame já saiu?
Beatriz - Foi muito bom. - Se afastou, indo guardar uma panela limpa no armário. - Eu tinha até esquecido como é sair de casa, receber o sol direto na pele, o ar fresco no rosto.
Ela desligou as duas bocas do fogão que estavam ligadas e começou a pegar pratos e copos nos armários. Até pensem em ajudar ela, mas preciso tomar uma ducha.
Caveira - Que bom. Vou tomar banho e já desço. - Pensei em beijar ela, mas acho que não é a melhor hora.
[...]
Entrei na cozinha, notando que ela já serviu comida para nós dois.
Beatriz - Ainda não preparei o suco. Quer de manga ou abacaxi?
Caveira - Tanto faz, gosto dos dois. - Puxei uma cadeira e me sentei perto dos gêmeos.
Bia preparou suco de abacaxi e sentou de frente para mim.
Depois de jantarmos, ela subiu para fazer os gêmeos dormirem, e eu resolvi lavar a louça e varrer a cozinha. Depois de fazer isso, desliguei todas as luzes do primeiro andar e subi para o segundo, indo até o quarto dos gêmeos.
Beatriz - A Ayla tá com tosse. - Suspirou.
Me aproximei do berço.
Caveira - É melhor levar ela na UPA amanhã cedo. - Ela me olhou de canto antes de aceitar. - Tá tudo bem? Cê tá estranha.
Beatriz - Vamos para o quarto? Quero te mostrar uma coisa.
Aceitei e seguimos para fora do quarto, deixando a porta encostada. Entramos no nosso quarto e fomos escovar os dentes, depois me deitei e a Beatriz foi fazer alguma coisa no guarda-roupa, vindo para a cama com um envelope em mãos.
Caveira - O que é isso? - Sentei na cama, deixando o lençol me tapar da cintura para baixo, e as costas ficarem apoiadas na cabeceira.
Ela subiu na cama, ergueu o lençol e sentou no meu colo, deixando o envelope no nosso meio.
Beatriz - Ontem eu não fui só passear com a Bella. - Me olhou, envergonhada.
Dá pra notar que ela não gosta de mentir.
Caveira - Eu sei, linda. - Apoiei as mãos na sua cintura. - Maco fez a segurança de vocês, me contou que foram na UPA. O que tá pegando?
Coloquei minhas mãos por baixo da sua regata branca, acariciando a sua pele com os polegares.
Beatriz - Eu fui fazer um exame BHCG, pra saber se estou grávida. - Não demonstrei surpresa, e isso fez ela me olhar com curiosidade. - O Maco te contou isso também, né? - Molhou os lábios. Apenas aceitei com a cabeça. - Bom, aqui tá o resultado. - Jogou o envelope na minha barriga. - Pode abrir, eu não tenho coragem. Não agora, pelo menos. Também não tive coragem de ver o exame quando foi a gestação dos gêmeos.
Caveira - Ok. - Peguei o envelope e abri sem enrolação.
Li de cima a baixo, querendo entender pelo menos uma palavra daquilo, mas só consegui focar no "positivo" escrito em negrito. Não consegui segurar o sorriso largo.
Eu vou ser pai!
Eu sei que já sou pai da Ayla e do Liam, mas vou ser pai de novo. Um fruto meu e da Beatriz.
Beatriz - Qual o resultado? Tô ficando nervosa.
Caveira - Cê acha que é o quê? - Dobrei a folha e coloquei dentro do envelope de novo.
Ela deu de ombros.
Beatriz - Pelo sorriso enorme no teu rosto, negativo. - Estreitei os olhos. - Me fala, Erick, deu negativo?
Caveira - Por que cê acha que eu ficaria feliz com um resultado negativo? Acha que não quero ser pai? Acha que não quero ter um filho contigo? Um fruto do nosso amor, Bia.
Beatriz - Eu não sei... - Ela mordeu o lábio inferior no mesmo instante em que seus olhos ficaram marejados. - Eu realmente não sei o que você quer, nunca conversamos sobre isso.
A primeira lágrima rolou, me deixando irado por ter feito ela chorar.
Caveira - Desculpa se fui grosso. - Puxei ela para deitar a cabeça no meu peito nu. - Deu positivo, Bia. E eu quero que cê saiba que eu tô muito feliz.
Beatriz - Jura? - Sua voz veio abafada, junto com o primeiro soluço. - Sabe o que é? Eu acho que estamos tão exaustos com os gêmeos, achei que não seria bom um bebê agora, Erick. Mesmo sendo fruto do nosso amor lindo.
Céus! Ela é perfeita.
Caveira - Esse bebê vai ser muito bem-vindo, morena. - Ela se afastou para me olhar.
Coloquei minhas mãos no seu rosto, limpando as lágrimas e beijando a ponta do seu nariz, que está vermelho por conta do choro.
Caveira - Eu te amo, Beatriz Santana.
Beatriz - Eu também te amo, Erick Pereira. - Aproximou nossos rostos, me beijando com urgência.
Antes que as coisas esquentem, me afastei.
Caveira - Podemos transar com o bebê aí dentro? Não vai machucar ele ou ela?
Bia apenas negou com a cabeça e voltou a me beijar, parecia necessitada.
Nos virei na cama, deitando no meio das suas pernas.
Eu amo essa mulher, e amo tudo que ela trouxe junto com ela. Mesmo que a maior parte da bagagem seja caos, por causa do Terror, eu não mudaria nada.
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Made In Vidigal | Finalizado
Teen FictionEstão prontos para os recadinhos? Vamo lá! → Este livro é uma ficção sobre favela/comunidade/morro. → Terá palavras de baixo calão (palavrões). → Cenas de sexo explícito e implícito. → Terá cenas de pessoas (fictícias) usando substâncias perigosas p...