Um Suborno?

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Point of View Marília.

— Ah, aí está ela, a mulher do momento.

Minha caneta continua e eu pressiono meus olhos fechados.

Gustavo.

Merda. Eu esqueci completamente que eu deveria tomar umas bebidas com ele hoje à noite.

Eu olho para cima e meu irmão mais novo está de pé na porta do meu consultório com os braços cruzados. Ele parece chateado, o que é uma expressão rara para ele. Sua configuração de fábrica é o cara legal, descontraído. Suas penas não ficam ouriçadas com muita frequência, mas então, se eu tivesse sido esquecida pelo meu irmão imbecil, eu ficaria chateada também.

Eu olho para o relógio e me encolho. Uma hora. Eu o fiz sentar lá por uma hora. Eu me afasto da minha mesa e fico de pé.

— Não há desculpa. Eu sinto muito. Vamos, ainda podemos ir. Eu vou terminar isso mais tarde.

Ele balança a cabeça e me interrompe antes que eu possa pegar meu casaco. — Não se incomode. Eu já tomei duas cervejas enquanto esperava. Se eu tomar outra, vou me sentir uma merda de manhã.

Ele caminha até meu sofá de couro e empurra uma bagunça de dispositivos para fora, limpando um local para que ele possa se sentar. Eu atiraria em qualquer outra pessoa por mexer na minha bagunça, mas não em Gustavo.

— A Papelada prendeu você? — ele pergunta.

Eu viro minha cadeira em direção a ele, me sento e me inclino para trás. — Sempre.

— Deve ter sido um dia agitado, se você ainda está com seu uniforme.

Ele tem razão. Geralmente, eu me troco após a cirurgia.

Eu esfrego minha nuca, massageando os músculos cansados. — O dia passou rápido pra mim. Foi agitado para dizer o mínimo.

Ele levanta a mão. — Me poupe dos detalhes.

Entendi. Gustavo também está neste mundo, apenas em um ramo diferente. Ele trabalha em vendas para a Hasting Biosciences, a maior empresa de equipamentos médicos do país. Nós dois éramos atletas no ensino médio, estrelas do time, mas ele ampliava sua popularidade e eu corria da minha, era mais confortável me concentrar nas minhas notas enquanto ele governava o refeitório. Essa personalidade extrovertida valeu a pena para ele; ele é o principal vendedor da região nordeste.

— Você perdeu uma boa oportunidade de sair e se relacionar com seu querido irmão — , diz ele, levantando e passando por mim para ir até minha mesa. — Eu parto amanhã para Cincinnati. Eu vou ficar fora por um tempo.

Ele abre a gaveta de cima da minha escrivaninha e se estica até encontrar o que está procurando: uma pequena bola de basquete.

— O que há em Cincinnati?

— Um médico em perspectiva.

— Peixe grande?

Ele caminha de volta ao redor da mesa e inspeciona o chão até encontrar o pequeno X feito de fita adesiva. Eu tive que refazê-lo algumas vezes, mas é mais ou menos no mesmo lugar em que o colocamos lá há alguns anos atrás.

— Maior peixe que eu já vi.

Ele mira, aponta a bola para o aro pendurado na parte de trás da minha porta, atira e erra por um fio.

Eu assobio e levanto para recuperar a bola. — Você vai voltar a tempo para o casamento da Molly?

— Quando é isso?

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