Você ouviu isso? É o som de eu rasgando esse 'contrato' em dois.

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Point of view Marília.

Eu sinto uma exaustão profunda em meus ossos. Eu poderia dormir agora e continuar por uma semana. Eu já fiz cirurgias difíceis, mas nenhuma delas chegou perto da de June. Eu quero um milk-shake comemorativo e um cochilo comemorativo. Eu estou me limpando sozinha, ordenando meus pensamentos e tentando convencer meu corpo que ele pode se acalmar. Eu forço outra respiração profunda. A luta acabou. June está sendo levada para uma sala de recuperação e, em alguns minutos, eu vou para a sala de espera e tenho o privilégio de informar aos pais que a cirurgia de sua filha foi um sucesso. Eu vou pular as partes onde meu coração estava batendo e que sérias dúvidas se infiltraram, quando eu peguei sua artéria e prendi com meus dedos para conter a perda de sangue, quando eu esperei ansiosamente enquanto pegávamos o raio-x final e mediamos a curvatura de sua espinha.

Sua coluna está como deveria, mas isso não significa necessariamente que ela recuperará a função completa das extremidades inferiores assim que a inflamação diminuir. O corpo humano é uma cadela mimada.

Nós temos que esperar pelo melhor.

Eu termino de enxaguar a espuma das minhas mãos e pego uma toalha. Maraisa ainda está dentro da sala de cirurgia, ajudando a limpar. Eu sei que ela está tão cansada quando eu. Os últimos dias não foram fáceis para ela, e ainda assim ela está lá rindo com uma das enfermeiras, fazendo a parte dela em organizar a sala para os casos que virão após o feriado. Ela não precisa ficar lá. Eu disse a ela para se limpar e ir para casa, mas ela insistiu em ajudar. Já faz três dias que ela dormiu comigo naquele sofá e desde então, ela esteve nas trincheiras ao meu lado, fazendo de tudo, desde preparar o centro cirúrgico até checar os pais de June.

Além disso, sei que ela vai para casa para cuidar de Zoe. Ela mencionou que foi ao mercado depois do trabalho ontem, o que significa que ela pegou o ônibus daqui, até a loja, e depois para casa, e provavelmente chegou lá depois das nove. Quando lhe perguntei por que, ela deu de ombros e explicou: — Zoe pediu espaguete com almôndegas. É o favorito dela. — Simples assim. Como se isso fosse corriqueiro.

Esta manhã, ela estava no consultório, com o café na mão e esperança em seus olhos. Ela estava animada para este caso. Ela balançou para frente e para trás na minha porta, ansiosa para ser colocada para trabalhar, e naquele momento eu percebi que ela ama este mundo tanto quanto eu.

Ela foi vital neste caso. Na verdade, ela é a única razão pela qual passei por hoje.

Observo enquanto ela acena para as enfermeiras e técnicos e passa pela porta de vaivém para se juntar a mim. Suas sobrancelhas levantadas me diz que ela está surpresa. Eu já deveria ter terminado, mas eu estava pensando.

— Como você está se sentindo? — Eu pergunto hesitante, jogando minha toalha no cesto ao lado da porta.

Sua risada curta é misturada com um suspiro pesado. Isso diz tudo.

— Este foi o dia mais louco da minha vida. Eu poderia cair neste lugar e nunca mais me levantar.

Eu rio e me encosto contra o batente da porta, lutando contra um suspiro audível. Não é uma cama, mas é bem legal. — É definitivamente inesquecível.

Ela se vira e pressiona a bochecha contra o ombro para olhar para mim. Sua boca está curvada em um sorriso pensativo. — Eu não acredito que você conseguiu.

Eu devolvo o sorriso, lutando contra o impulso de me aproximar. — Não fui só eu.

Ela ri e balança a cabeça, voltando-se para lavar as mãos.

Qualquer coisa além de comida e sono não deveria estar na minha cabeça, mas eu a quero. Eu sempre a quero.

— Marília, você é incrível. O que você faz para as pessoas... é... — Ela balança a cabeça e olha para as mãos. — Estou feliz por estar na mesma sala com você. Estou muito feliz por ter aceitado esse emprego.

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