Sintomas e diagnóstico.

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penúltimo capítulo, gente...
segura o coração!

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Point of view Maraisa.

Eu estou um desastre. Continuo desejando poder estalar meus dedos e voltar para a semana passada. Eu quero pegar o telefone e implorar a Marília para vir, para que possamos consertar as coisas, mas eu não estou com a cabeça no lugar. Tê-la aqui, arrasta-la para o meu quarto e na minha cama só me confundiria mais.

E se fosse isso? Talvez uma boa brincadeira na cama realmente esclarecesse todo esse debate para mim. É melhor ligar para ela neste segundo...

Não. Péssimo Maraisa!

Mudança é inevitável. Em alguns meses, Marília vai se mudar para a Costa Rica e eu tenho duas opções: ir com ela ou ficar aqui. A ideia de ir ainda está completamente fora de questão. As chances são de que ela não estivesse falando tão sério quando sugeriu isso. Ela provavelmente estava tentando poupar meus sentimentos. Mesmo que estivesse falando sério e quer que eu vá, como isso seria possível? Eu não posso apenas acabar com a minha vida por um capricho. Faça as malas, Zoe, estamos indo para o exterior!

Infelizmente, a opção dois, Marília se mudando sem mim, é muito dificil de se pensar.

Então, você vê, eu estou presa no meio, me sentindo como uma idiota por estar tão transtornada com isso. Nós só estamos juntas há algumas semanas, e ainda assim o pensamento dela indo embora me arrasta de volta para o lugar escuro que eu não visitei desde que eu perdi meus pais. Estou acordada altas horas da noite, rolando na cama. A comida perdeu seu sabor. Eu ando disfarçando o mal-estar, tentando e falhando uma boa aparência para Zoe. Eu forço sorrisos falsos que ela sabe que não são genuínos. É hora de falar com Marília e esclarecer tudo.

Ela sabe que algo está acontecendo, mas eu não contei a ela sobre a concessão. Não acho que deva saber até que tenha certeza do que gostaria de fazer. Ela está tão ligada a Marília quanto eu neste momento. Ela insiste em escrever-lhe uma carta de agradecimento por seus presentes de Natal e pergunta por que Marília não veio para o jantar esta semana. Ela até enfia o Jogos Vorazes na minha bolsa para que eu possa deixá-lo no trabalho. — Apenas no caso de ela querer lê-lo!

Eu fui estúpida em trazê-la para nossas vidas tão rapidamente. Eu deveria ter certeza de que este era um relacionamento real e duradouro antes de apresentá-la a Marília.

Agora, quando Mendonça sair, ela ficará tão desolada quanto eu.

Nos próximos dias, passo horas incontáveis pesquisando a Costa Rica. Eu tenho uma pasta protegida por senha no meu laptop codinome — coisas muito chatas do trabalho — , onde eu salvei tudo que encontrei até agora: informações sobre a concessão MacArthur, artigos destacando Marília e sua proposta. Eu olho para o hospital e até encontro fotos de Marília em viagens de missões médicas passadas. Um em particular me entristece: ela está debruçada sobre uma cama de hospital, entregando um ursinho de pelúcia para uma menina de no máximo dez anos. Ela está ligada a um milhão de máquinas, mas isso não mata seu sorriso de megawatt. A legenda abaixo explica que ela acabou de passar por um procedimento de mudança de vida graças a Marília e sua equipe. Ela vai viver uma vida mais completa e sem dor por causa dela.

A foto prova o que eu já sei: Marília precisa ir para a Costa Rica.

Na quinta-feira depois que Marília e eu tivemos nossa briga na sala de plantão, estou sentada jantando com Zoe e decido abordar o assunto da mudança.

— Você gosta daqui? — Eu pergunto, tentando ser vaga.

Ela torce o nariz, confusa. — Como desta casa? Quer dizer, eu gostaria de uma sala maior e mais espaço de armazenamento para meus livros, mas...

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