Concentre-se em Jesus.

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Point of View Maraisa.

Se eu pudesse sair do carro da Dra. Mendonça na estrada sem sofrer nenhum ferimento grave, eu o faria. Assim, eu me sento ao lado dela em silêncio, tremendo com as emoções incalculáveis até pararmos na frente da minha casa. Não há palavras trocadas quando eu viro para banco de trás e pegar minha mochila e a seguro contra o meu peito para que não fique completamente encharcada. Nós não nos olhamos. Nós mal respiramos. Eu agarro a maçaneta da porta, considero agradecer a ela por me levar para casa ou me desculpar por qualquer coisa que tenha acontecido, mas no final, eu não digo nada antes de sair correndo na chuva. Estou correndo porque está chovendo, mas também estou correndo porque quero me afastar o mais rápido que puder.

Eu abro a porta da frente da nossa casa com muita força e a fecho atrás de mim com mais força, espreitando pela janela a tempo de vê-la sair. Eu a vejo ir e meu coração bate no meu peito como uma debandada de cavalos selvagens.

- Você não vai acreditar! - Zoe grita atrás de mim.

Eu pulo com o susto e viro para vê-la segurando o laptop que compartilhamos. O aplicativo da mensagem está aberto e quando me aproximo, vejo que ela está tendo uma conversa com Gustavo sem que eu saiba.

Merda. Eu não chequei nossos textos o dia todo.

- Zoe!

Ela acena a mão para me cortar. - Sim, ok, tecnicamente eu tenho mandado mensagens sem sua permissão explícita, mas ele está de volta à cidade e ele te convidou para um encontro amanhã!

Minha barriga se enche de pavor. - Por favor, me diga que você...

- Disse a ele sim?! Duh! E você não vai acreditar! Você vai a um casamento!

Seus olhos, o mesmo tom claro que o meu, enchem-se de estrelas como se um casamento estivesse a par com o Oscar.

Oh meu Deus. Quantas vezes eu vou me sentir em pânico e choramingar em um dia? Eu não posso acreditar que ela fez isso. Claro, Gustavo é legal, mas não tenho certeza se teria concordado em sair com ele e definitivamente não para um casamento!

Eu pego o computador e rolo furiosamente pelos textos, tentando recuperar o atraso. A conversa deles é inócua e meio chata. Eles falam sobre o tempo (Tão frio, certo? Brrr!) e seu voo de volta de Cincinnati (O cara ao meu lado está roncando tão alto!). Zoe usa muito mais emojis do que eu. Quase todas as frases são pontilhadas com três ou quatro. Jesus, se eu fosse ele, nunca mais me mandaria uma mensagem, mas Gustavo não desistiu.

Infelizmente.

Lá, no fundo, vejo com meus próprios olhos que ele me convidou para acompanha-lo em um casamento, e Zoe estupidamente aceitou em meu nome, com quatro rostos sorridentes de corações em meus olhos. Eu pareço uma esquisita desesperada.

Pior ainda, Gustavo prossegue explicando que não será um grande evento.

Eu viro minha atenção toda para ela. - É o casamento da prima dele! Isso significa que toda a sua família estará lá!

Suas sobrancelhas se contraem como se ela não visse o problema.

- Ele disse que seria pequeno - , argumenta. - Veja lá? - Apenas cinquenta pessoas, nada muito louco.

- Isso é pior, Zoe! Isso significa que não há como eu fugir do radar!

- Ooooh, sim. - Ela balança a cabeça, o lábio começando a tremer. - Agora eu vejo o seu ponto de vista.

Eu jogo o computador no sofá e começo a andar. Em um bom dia, isso me estressaria. Hoje, mal consigo parar de arrancar meu cabelo.

- Como podemos desfazer isso?

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