Epílogo.

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"Você é a minha pessoa. Você vai ser sempre a minha pessoa." - Cristina Yang (Grey's Anatomy)

Point of View Maraisa.

Quase três anos depois.

- Você consegue ouvir? - Eu pergunto impacientemente.

Marília da um meio sorriso divertido quando ela olha para mim. - Eu posso ouvir o sanduíche que você comeu no almoço, passando por sua barriga.

- Encantador.

Seus olhos se arregalam. - Aguente. Shh, estou ouvindo.

Meu coração pula e eu alcanço o estetoscópio. - Deixe-me ouvir! Deixe-me ouvir!

Ela sacode a cabeça e o dedo pressiona os lábios enquanto empurra lentamente o diafragma do estetoscópio alguns milímetros para a esquerda. Eu estou deitada na cama com a minha camisa puxada para cima, tentando e não conseguindo ficar parada.

A expressão de Marília suaviza, uma pequena faísca se acende em seus olhos verdes, e eu sei que ela ouviu. Ela está ouvindo o batimento cardíaco do nosso bebê. Eu já ouvi algumas vezes, mas os momentos no consultório médico são sempre muito fugazes e muito clínicos. Meu ginecologista geralmente está ocupado ajustando as configurações na máquina de ultrassom, verificando os sinais vitais do bebê, imprimindo fotos. Tudo acaba antes que eu tenha escutado bem, mas agora que estou com pouco mais de quatro meses de gravidez, nosso bebê deve ser grande o suficiente para que possamos ouvir os batimentos cardíacos em casa, exatamente assim.

Marília olha para o relógio e eu sei que está contando as batidas por minuto. Ela está checando a frequência cardíaca do bebê e ouvindo qualquer murmurio ou anormalidade. Mesmo nesse cenário, ela não consegue resistir à vontade de checar seu paciente mais precioso: seu filho. Marília acena alguns segundos depois e eu sei que tudo está como deveria ser.

Eu solto uma respiração profunda - uma que eu não percebi que estava segurando - enquanto Marília puxa os auriculares. A outra mão permanece firme com o diafragma no lugar. - Aqui, escute. Ele está se movendo muito, mas você irá ouvir.

Eu coloco os auriculares nos ouvidos o mais rápido possível, mas não sou rápida o suficiente. Eu não consigo ouvir nada. Espera! Eu ouço- Não. Isso é minha barriga.

Eu franzo a testa e balanço a cabeça. Marília ajusta o diafragma um pouquinho para a esquerda.

- Ouviu?

- Não.

Ela ajusta novamente e... Consigo ouvir!

Eu pego seu pulso para parar seus movimentos. Nossos olhos se trancam. Minha outra mão voa para minha boca. Não há dúvidas sobre o que estou ouvindo. É como um cavalo galopando ecoando pelos auriculares, o som mais distinto e inspirador do mundo: um minúsculo coração batendo dentro de mim.

- É tão rápido - , eu digo, maravilhada.

Lágrimas se acumulam nos cantos dos meus olhos.

Marília concorda com a cabeça. - Eu contei 152 batidas por minuto.

Eu sorrio, em seguida, inclino minha cabeça para trás no meu travesseiro e fecho os olhos, escutando. Eu poderia ficar aqui o dia todo. Nesse estágio, nosso garotinho ainda é tão pequeno que, na maior parte do tempo, não sinto nenhum sinal dele. Ouvir seu batimento cardíaco constante é um lembrete reconfortante de que ele está lá, exatamente onde deveria estar.

Eu sinto a mão de Marília em minha barriga e então ela sussurra algo que não consigo ouvir direito. Eu olho e a observo enquanto ela passa a mão carinhosamente pela minha pele, como se estivesse tocando nosso garotinho.

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