Meu queixo cai. QUE?

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Point of view Maraisa.

Isso é ridículo. Eu sabia que sofreria as consequências por causa do meu atraso, mas deve ser meu dia de sorte porque eu tenho que suportar não apenas um cirurgião mal-humorado, mas dois. Eu pensei que a Dra. Mendonça era ruim, mas ela não se compara ao Dr. House.

Mais velho, alto, em forma. Nos cinco minutos que eu fiquei na mesa de operações com ele, ele já mencionou o fato de que ele - pedalava - duas vezes.

Eu decido ignorá-lo o máximo possível, principalmente porque ainda estou me recuperando da bronca pública que ele me deu quando entrou no CC, mas, aparentemente, a minha falta de interesse o incomoda porque logo após a primeira incisão ele encontra meus olhos sobre a mesa de operação e zomba. — Sabe, Dra. Mendonça, não sei se suportaria minha assistente cirúrgica atrasar um caso de duzentos e cinquenta mil dólares como este.

Ele diz isso mesmo, enquanto me olha nos olhos! Minhas bochechas ficam quentes. Eu quero bater nele para parar de falar.

Sim, eu estava atrasada, mas me desculpei e não há mais nada que eu possa fazer. Em vez disso, volto meu olhar para o paciente, sabendo que não devo responder.

— Bem, então é bom que esta cirurgia esteja saindo do orçamento pro Bono do hospital -, responde Marília, com a voz ainda mais fria do que o habitual. — Maraisa, preste atenção. Eu preciso que você sugue mais.

Eu empurro para frente e grito para mim mesma ficar focada.
Poucos minutos depois, Dr. House decide voltar sua atenção para mim mais uma vez. Como um valentão da escola primária, simplesmente parece não conseguir o suficiente. — Há quanto tempo você está no time da Dra. Mendonça?

Por que, oh, por que ele teve que fazer essa pergunta?

— Este é o meu primeiro dia—, eu digo, a voz mal acima de um sussurro. Com a minha máscara, duvido que ele possa me ouvir, mas deve ter ouvido, porque ri como se eu tivesse acabado de dizer a coisa mais ridícula do mundo.

— Não está causando uma ótima primeira impressão, não é?

Eu quero dizer para ele se foder, mas eu não posso. Não é assim que isso funciona. Eu tenho que sentar em silêncio e manter o foco. Ele basicamente pode dizer ou fazer o que quiser. Oh, o privilégio que vem com um jaleco branco.

A Dra. Mendonça podia falar e vir em minha defesa. Ela poderia dizer ao Dr. House para fechar sua boca, mas não faz. Está focada no caso e não diz uma palavra a menos que esteja pedindo um instrumento ou dando uma ordem.

Na escala de Pior Cirurgia de todos os tempos, estou pairando em algum lugar perto de 9,5 e, em seguida, o destino decide subir até um perfeito 10 quando meu estômago começa a roncar.

Estamos apenas na metade. Percebo que esqueci completamente de comer o bolinho que Zoe jogou para mim quando saí de casa.

Por um segundo, acho que ninguém ouviu. Graças a Deus.

— Esse é o seu estômago, Maraisa? — Dra. Mendonça pergunta, aceitando a chave de fenda pedical que eu entrego à ela.

Eu engulo e tenho cuidado para evitar contato visual. — Sim.

— Você tomou café-da-manhã?

Eu considero mentir, mas não há como negar os barulhos muito altos e zangados vindo do meu estômago, então eu meio que desvio a questão. — Eu estava com pressa ao sair de casa.

Ela balança a cabeça e, em seguida, com um tom uniforme e duro que envia arrepios na espinha, ela diz: — Nunca entre na minha sala de operações sem comer novamente. É descuidado. Este é um trabalho cansativo. Você fica de pé sobre uma mesa por horas, se retraindo e cauterizando. Se você desmaiar, coloca em risco meu paciente. Você entende?

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