Capítulo 8

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Han Jisung

Abri os olhos e enxerguei um teto de madeira marrom escuro.

Graças a Deus tudo aquilo tinha sido um sonho.

Sentei-me na beira da cama e vi o Minho sentado em uma cadeira me olhando.

Fudeu.

Não tinha sido um sonho.

- Você conseguiu descansar? Apagou por algumas horas.

- Horas?- ele concordou com a cabeça.- Você disse que existem anjos e demônios, qual deles você é?

- Um anjo.

Fiquei de boca a aberta, talvez isso justificasse sua beleza.

- Só essa pergunta?- ele indagou.

- São tantas que eu não consigo....

- Fique a vontade.

- Como posso acreditar em você? Disse que esse lugar estava protegido contra anjos e demônios, como está aqui? Aliás, onde estou?

Ele riu.

- Você está na sua universidade, esse é o seu quarto.

O olhei surpreso. Passei os olhos ao redor do quarto e ele continuou.

- Bom, quanto ao fato de eu poder está aqui é que estamos ligados... pela cicatriz e....

- Como?

- E eu sou um anjo especial. Quanto ao motivo das nossas cicatrizes, ainda não consegui descobri durante todo esse tempo, sinto muito.

- Eu posso ver de novo?- Agora ele já vestia uma camisa branca.

- Não precisa, você já viu. O que mais quer saber?

Encolhi os ombros.

- Como eu me meti no meio dessa confusão? Todos os meus sonhos são reais?

- Seus sonhos na verdade são uma forma que você encontrou de se ligar com a sua verdadeira função aqui na terra...- eu deu uma pausa, como o que fosse dizer agora fosse a coisa mais difícil do mundo.- Você não é completamente humano Han.

Agora já era demais pra mim. Anjos e demônios tudo bem, mas eu não ser humano? Ri.

Ele permaneceu sério. Talvez não fosse piada.

- Você pode levar o tempo que quiser para digerir essa informação, mas não estou mentindo.

- E o que diabos eu sou?- gritei.

Ele riu, pela primeira vez eu vi um sorriso sincero saindo dos seus lábios.

- Você é o que nós anjos chamamos de Cambion, uma mistura de um ser humano com um demônio.

Isso não pode ser real.

- M-minha mãe...

- Sim, ela era humana e morreu no parto. Infelizmente eu não pude salvá-la e...

- Você estava lá?

- Não sei ao certo, mas não consegui salvá-la e prometi a mim mesmo que salvaria você.

- Me salvar do que? Não é como eu fosse me tornar um demônio da noite para o dia...- ele não respondeu.- é?

- Não sei Han. Eu lhe acompanho desde o seu nascimento e com o passar dos anos você... você está mudando.

- Eu tô me tornando um mostro? Eu vou ser mal?

Lágrimas rolavam do meu rosto.
Eu sentia que era diferente, mas um demônio?

- Eu estou aqui para isso, para lhe proteger. Você encontrou milhares de demônios durante toda sua vida, e anjos também, mas por algum motivo você ainda não consegue vê-los, infelizmente acho que agora isso está mudando.- as últimas palavras foram quase num sussurro.

- Você tem me protegido todo esse tempo? Como eu não me lem...

Lembrei do que a senhora Choi falou algo sobre a minha memória.

- Sinto muito, mas eu precisava apagá-las.

- Você enlouqueceu? Como pode simplesmente se meter na minha vida desse jeito?!- me levantei da cama.

- Era para o seu bem, quanto menos você soubesse, menos curioso ficaria para descobrir sobre inferno ou demônios.

- Mas eu precisava saber!- gritei.

Meu coração batia rápido.
Quem aquele anjo estupido achava que era?
Por que achava que precisava me proteger? Quem pediu a sua ajuda?

Eu o olhei sério.

- Seja o que for, me diga, xingue se precisar, mas eu não irei a lugar nenhum. Não consigo entender o que está sentindo agora, anjos não tem sentimentos, mas seus olhos estão pura fúria.- ele falou calmo demais para o meu gosto.

- Onde estavam os anjos quando eu precisei? Quando minha mãe precisou?

Pela primeira vez vi seu semblante de superioridade sumir, ele pareceu triste?

- Os anjos estavam...

- Eles também querem me matar né? Por isso a proteção contra eles?

Ele engoliu seco.

- Eles não querem, mas farão se for preciso. Eu farei se for preciso. Então Han, posso confiar em você?

- Você é um idiota mesmo né? Saia do meu quarto agora e não volte nunca mais! Eu não preciso de você.

Sem nem reclamar ele levantou da cadeira e saiu pela porta.

Finalmente poderia chorar em paz.

Surrender - Em busca da rendição - Livro 1 (Minsung)Onde histórias criam vida. Descubra agora