CAPÍTULO 17 - Eu a perdi.

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Austin.

Ver Sarah saindo e fechando a porta me fez desmoronar. Sentei no chão encostado na parede e chorei. Chorei por saber que feri sentimentalmente a mulher que amo, a mãe do meu bebê. Chorei por saber que estraguei qualquer chance de ser feliz. Esses meses com Sarah me fizeram outro homem, nunca fui feliz como fui com ela ao meu lado, saber que eh tinha ferrado com tudo, me fez sentir raiva.

Me levantei pisando duro e fui atrás do meu celular. Retornei a ligação de Júlia rapidamente e quando pude ouvir sua voz do outro lado, respirei fundo.

— Que merda aconteceu naquele trailer, Júlia? — Falei com raiva.

— Austin, até que enfim me retornou — Ela diz calma.

— O caralho Júlia, me diz o que aconteceu — Falo fechando minhas mãos em punho — Porque eu não me lembro de ter te levado para a cama.

— Claro, você estava bêbado — Diz — Bom, nós nos beijamos, você tirou minha roupa e eu a sua, e você já deve imaginar o resto...

Nego com a cabeça e desconto minha raiva na porta do quarto, dando um saco que lantejou meus dedos.

— Júlia, você tem certeza? — Digo tentando me acalmar — Seja sincera comigo.

— Acha que eu estou mentindo porque? — Ela diz — Nós transamos e ponto final. Espero que sua namorada não descubra, não quero acabar com nenhum relacionamento.

Desligo o celular e grito. Não sei o que aconteceu comigo, mas naquele momento eu tinha que descontar a raiva de mim mesmo.

Comecei a quebrar muitas coisas daquele apartamento, olhei para meus dedos que sangravam, mas não me importava. Eu estava morto por dentro.

Não sei quanto tempo fiquei nesse transe, mas só voltei a realidade quando vi meu agente em minha frente, tentando sessar o sangramento em meus dedos.

— Austin, pelo amor de Deus, o que aconteceu? — Pergunta me olhando — O porteiro me ligou desesperado falando que você estava fora de controle, cara, o que foi? — Ele pergunta enquanto choro compulsivamente.

— Eu a perdi — Digo e ele me olha sem entender — Eu dormi com a Júlia, caralho — Falo sentimento o amargor na boca — Eu perdi a Sarah.

Moos me olha e nega com a cabeça — Quando rolou isso, com a Júlia? — Ele pergunta.

— Que importância isso faz, caralho? — Pergunro tentando tirar minha mão do pano que Moos segura.

Ele me olha sério e eu paro — Porque importa, eu quero saber — Ele me repreende.

— Depois da social da semana passada — Digo com desgosto. — Eu não me lembro de nada, enchi o rabo de cerveja...

Moos para de apertar o pano e me olha — Impossível Austin — Ele me interrompe — Enquanto fui ao banheiro, você ficou no máximo dez minutos sozinho com a Júlia, tomou sua última cerveja e foi para o Trailer. — Ele diz e eu o olho — Acompanhei Júlia até a saída do set, depois voltei e recolhi a nossa bagunça...

— Moos, eu acordei com ela na minha cama, pelada — Digo me levantando finalmente.

O homem moreno a minha frente me olha — Austin, você tem certeza disso? Porque o que eu estou te falando é a verdade.

— Antes de eu quebrar isso tudo, liguei fala a Júlia, ela me confirmou que transamos — Digo enquanto sinto minha mão direita lateja muito — Não teria o porque ela mentir, a verdade é que eu sou um canalha, acabei estragando a coisa mais linda que tive em toda a minha vida...

— Você precisa de um médico — Ele diz negando com a cabeça — Vamos...

Neguei — Eu preciso encontrar a Sarah, eu não sei para onde ela foi... Ela está grávida e saiu daqui de um jeito que nunca a vi — Falo indo para o quarto e me vestindo.

— Deixa que eu cuido disso, você precisa ver essas mãos — Ele diz e eu olho para minha mão direita que estava mais inchada que a outra — Você fez um estrago.

Com muita insistência, concordei em ir para o hospital, Moos me garantiu que encontraria Sarah. E meus pensamentos só estavam nela e em nosso bebê.

Depois de tirarmos um raio-x o médico me confirmou que quebrei a mão. Pelo menos foi uma só. Tomei uma injeção para dor e agora estava dentro do carro de Moos.

— Ela está em um hotel — Ele disse e eu me indireitei — Eu acho melhor você dar um tempo para ela...

E ele tinha razão, ir até ela nesse estado não resolveria nada. Pela primeira vez, engoli meu orgulho e concordei. Enquanto Moos dirigia até o set, onde eu iria passar a noite, ele me olhava de conto de olho.

— Fala — Falo.

— Essa história tá muito mal contada Austin — Ele diz olhando para a estrada — Quando me despedi de você para acompanhar Júlia, você estava bem, não estava bêbado, se tomou três cervejas aquele dia, foi muito — Concordo com a cabeça, eu sabia que não tinha bebido muitas, mas... — Eu acho que se tivesse rolado, você se lembraria, você estava bem — Diz e coça a cabeça.

— Eu não sei Moos, eu não me lembro de nada depois que eu e Júlia ficamos sozinhos — Digo e ele me olha mas fica em silêncio.

Quando chegamos no set, me dirige ao meu trailler e quando entrei dei de cara com a foto de Sarah, pendurada em minha mini geladeira. Peguei a foto e levei até meu peito.

— Me perdoa — Disse e chorei novamente.

Eu tinha a perdido e talvez, para sempre.

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