CAPÍTULO 23 - NÓS SOMOS INEVITÁVEIS.

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AUSTIN.

Essas três semanas foram um inferno. Estar longe de Sarah quando ela mais precisou me atormentava a cada instante que me lembrava do que tinha acontecido. Quando soube, a primeira coisa que fiz foi ir ao aeroporto e avisar que estava pegando o primeiro avião para Los Angeles, mas Sarah me fez prometer acabar as gravações e depois disso teríamos o nosso momento.

E aqui estava eu, olhando a mulher que amo. Sarah estava diferente, talvez com um kilos a menos, mas não era somente isso. O brilho dos olhos, aquele brilho que eu tanto amava, tinha sumido.

Sarah estava sentada em minha frente, estávamos na pequena sala de seu apartamento e um silêncio doloroso pairava sobre nós.

— Como você está? — Finalmente consigo falar.

Sarah me olha no olhos, mas logo desvia o olhar para suas mãos.

— Estou melhor — Sorri forçadamente — Não tem sido semanas fáceis, mas estou melhorando.

Concordei em um aceno e depois disso, começamos a conversar sobre tudo que aconteceu. Eu chorei, Sarah chorou, nos abraçamos várias vezes, nos consolamos. Ela me explicou o que tinha acontecido quando o aborto aconteceu, eu me culpei por não estar ao seu lado, por ter faltava em meu papel de pai e também do homem que a amava.

Aquela conversa durou horas, e foram horas necessárias. Ela disse que me perdoava e que acreditava que nunca houve traição e me garantiu que me amava e nem por um instante deixou de me amar.

— Eu também te amo baby — Digo pegando em seu rosto com as duas mãos — Essas semanas longe de você, foram cruéis, eu nunca mais quero ficar longe, dessa maneira... — Paro de falar quando percebo que Sarah parou de me olhar — O que foi? — Pergunto.

— Austin — Ela se levanta e volta a me olhar — Eu te amo, e acho que sempre vou te amar. Você me ensinou tantas coisas boas, me deu o nosso bebê, por pouco tempo, mas ele foi nosso bebê — Ela sorri entre as lágrimas — Mas nesse momento, nós não podemos ficar juntos. Talvez em um futuro, ou sei lá, daqui um tempo? — Ela continua falando e eu me levanto — Eu não sei como nosso futuro será, e sendo sincera com você, eu tenho medo dele. Mas nesse momento, eu preciso me cuidar — Nego com a cabeça.

— Nós podemos fazer isso juntos — Digo a olhando nos olhos.

— Não, não podemos. Eu não posso — Ela se afasta de minhas mãos e me olha com uma tristeza que nunca tinha visto em seu rosto — Eu aceitei conversar com você hoje, porque nós precisávamos colocar um ponto final digno. Me desculpa, mas eu não consigo mais.

Eu tentei faze-la mudar de ideia, mas Sarah estava decidida e eu aceitei a decisão dela.

Já do lado de fora do apartamento dela, eu a olhei uma última vez, nos lindos olhos azuis e sorri tristemente.

— Nós somos inevitáveis e sei que um dia estaremos juntos novamente — Passei uma de minhas mãos em seu rosto, carinhosamente e Sarah me olhou nos olhos.

— Adeus, Austin —Ela me respondeu e entrou.

Passei por Paola e ela estava com um sorriso enorme nos lábios, mas logo uma cara séria se formou e a vi correndo para o apartamento.

Sai daquele edifício mais destruído do que entrei, com a certeza que mais uma parte de mim foi arrancada. Mas na minha cabeça, algo martelada a cada passo que eu dava.

Nós somos inevitáveis.

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