CAPÍTULO 21 - Eu confio.

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Duas semanas depois.

SARAH.

Estava de volta a Los Angeles, depois de garantir ao médico que estaria de repouso absoluto assim que chegasse em minha cidade.

Austin foi contra essa decisão, implorou que eu permanecesse perto dele, até Paola disse que nesse momento o certo seria ficarmos juntos. Mas eu não queria isso.

Tudo aconteceu tão rápido, que nem tive tempo de raciocinar. No terceiro dia que estava de volta, senti algumas dores fortes e corri para o hospital. Avisei Austin por uma mensagem, sabendo que o mesmo deveria estar gravando.

— Infelizmente o bebê não tem mais batimentos — A obstreta disse me olhando com pena.

Aquelas palavras se repetiam em minha mente, todas as vezes que caia em si, que meu bebê não estava mais ali.
Não foi uma gravidez planejada, mas a ideia de gerar meu filho já estava fazendo sentido.

Chorei por horas, sozinha, sem ninguém saber o que tinha acontecido. Me tranquei em meu quarto e me deixei desabar.

A parte difícil de tudo isso, era dizer em voz alta o que tinha acontecido. E dizer isso ao Austin, por celular foi extremamente cruel, tanto comigo quanto com ele.

Ele queria ser pai, tanto quanto eu queria ser mãe. Ele desejava isso na maioria das nossas conversas e sempre me dizia que nosso filho teria o meu sorriso.

Ele quis pegar o primeiro avião para Los Angeles, mas eu o tranquilizei e insisti para que ficasse e concluísse o filme. Mesmo querendo ele desesperadamente ao meu lado, eu sabia que ele tinha seu compromisso por mais algumas semanas.

Paola me abraçou assim que passou pela porta de minha casa, ela soube o que aconteceu assim que viu o meu rosto inchado. Ela chorou comigo, tentou me confortar e não me soltou um minuto se quer.

Contei aos meus pais por chamada de vídeo, minha mãe sendo tão sabia me disse lindas palavras e pediu para que eu vivesse meu luto, da forma que eu sentisse. A prometi que faria isso, e depois de alguns minutos conversando com meus velhos, nos despedimos com lágrimas nos olhos.

Naquela fadiga noite, eu me deitei na cama, acaricei meu ventre e neguei com a cabeça. Eu já estava sangrando, e segundo a médica, o aborto seria espontâneo, o bebê sairia fragmentado no sangramento, por ser tão pequeno, tudo ocorreria da forma natural.

Sei que Austin me enviou milhares de mensagens e tentou algumas ligações, mas nesse momento, só nesse, eu decidi ser egoísta e viver tudo isso da forma que precisa ser vivida.

Respirei fundo e olhei para o teto branco de meu quarto.

— Você sabe de tudo, eu confio em você — Digo baixo — Mesmo que esteja doendo, muito. Eu sei que o Senhor tens o melhor.

Com essas palavras tento me confortar e limpo as lágrimas que estavam caindo em meu rosto, mesmo sem eu perceber.

Fecho meus olhos e ali fico.

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