CAPÍTULO 25 - PASSINHO DE TARTARUGA

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Falar aquilo para Austin e sair correndo foi o que me pareceu certo. Mas agora deitada em minha cama, me arrependo de ter feito.

Eu não deveria ter dito nada daquilo, deveria ter o ignorado e continuado minha vida da forma que estava. Mas tê-lo tão perto me fez esquecer o que lutei para colocar no lugar.

Não me despedi de Paola, só a avisei quando já estava em meu apartamento. Eu sei que minha amiga amanhã me daria um sermão daqueles.

Bom, foi isso que eu pensei. Enquanto eu procurava algum filme na TV, minha companhia tocou e a pessoa começou a bater incansavelmente na porta, me fazendo pular e correr para a porta.

— Meu Deus, pra que esse escândalo? — Digo abrindo a porta e dando de cara com Paola e Austin. Um ao lado do outro — Tá, o que vocês estão fazendo aqui? Juntos?

Paola não me respondeu, passou como um foguete por mim e jogou sua bolsa. Ela estava brava. Seu rosto me dizia isso.

— Já chega Sarah, eu não aguento mais — Minha melhor amiga diz alto — Vocês dois parecem duas crianças e você — Apontou para mim — É a pior de todas.

Fui até onde Paola estava, fazendo com que Austin entrasse pela porta, e nós observasse.

Respirei fundo e senti o perfume de Austin. Ótimo, minha casa ficaria com aquele cheiro novamente.

— Eu vi você chorar por MESES, por meses, você tem noção? Você ficou no fim do poço, e pior de tudo é que até hoje você não superou — Paola diz — Não superou seu amor por ele — Ela aponta para Austin que está com uma de suas sobrancelhas erguidas — Não me olhe assim, ok? — Ela diz se dirigindo ao loiro. — Eu sei o quanto você sofreu também Austin, e sim Sarah, eu mantive contato com o Austin por todo esse tempo — Ela diz rápido.

— Porque você não me contou? — Pergunto quando ela para e respira.

— Quieta, agora sou eu quem falo — Ela diz e eu me calo, olhando para Austin que estava encostado da bancada com suas mãos dentro do bolso de suas calças. — Está tão na cara que vocês ainda se amam, Austin não tirou os olhos de você a noite toda, saiu daquela sala como um louco atrás de você, me fez prometer que daria notícias de você, se você estava bem. Ele me pediu desculpas, Sarah, ele se culpa por ter ido falar com você. — Ela anda pela sala — VOCÊS PRECISAM SENTAR E CONVERSAR — Ela diz alto e se cala.

— Ok, você quer uma água? — Austin diz olhando Paola que nega.

— Eu só quero que vocês se resolvam e sejam felizes, juntos ou não — Ela diz passando por nós dois e saindo pela porta.

Eu não sabia como reagir e nem o que fazer.

— Você quer um chá? — Pergunto para Austin que concorda com um aceno.

Vou até a cozinha e Austin permanece encostado na bancada, ele se vira e me olhar. Enquanto prepara nossos chás, nenhuma palavra é dita. Mas quando nos sentamos no sofá, Austin experimenta o que tem na xícara e fica me olhando.

— Eu não deveria ter saído daquele jeito — Digo finalmente.

— Está tudo bem — Ele me tranquiliza.

Nego com a cabeça — Eu nunca vi Paola assim, mas ela disse muitas verdades ali — Respiro fundo tomando coragem — Ter te deixado foi a coisa mais difícil que eu já fiz em minha vida. Não foi fácil tentar te apagar da minha vida e como eu disse mais cedo, eu não consegui isso. Eu tentei muito, mas tudo me lembra você — Sorrio sem perceber — Até esse chá me lembra você e o quanto você gosta disso. Eu não vou ser hipócrita e dizer que não procurei saber de você, porque eu procurei, eu me preocupava com você e ainda me preocupo. Eu nunca quis que você se culpasse pelo que aconteceu, com a gente, com nosso bebê. Aconteceu o que tinha que acontecer e hoje eu entendo isso. — Falo e quando percebo que irá começar a falar, nego com a cabeça e ele volta a bebericar seu chá.

— Eu tentei te evitar de todas as maneiras, mas onde quer que eu fosse, alguma coisa me fazia te trazer de volta pra minha vida. Isso é maluco né? Nesses três anos, não teve um dia que você não passou pela minha cabeça. E hoje não foi diferente, eu fiquei o dia todo me preparando para te ver e mesmo assim, quando aconteceu nada foi como eu esperava. Você me desarma Austin, eu me sinto uma adolescente com aquele frio na barriga e ter ficado perto de você depois de três anos, me fez surtar. Então me desculpa, eu não deveria ter feito aquilo, nós deveríamos ter tido essa conversa a muito tempo. Eu fui egoísta e reconheço isso, talvez agora nós possamos dar um ponto final bonito nessa história.

Austin estava concentrado no que eu dizia. Suas íris azuis me fitavam atenciosamente. Assim que eu terminei de falar, ele colocou sua xícara de lado e me olhou nos olhos.

— Eu já tinha desistido de ter algum contato com você, desisti a duas semanas quando parei de te mandar mensagens. Parecia que eu só estava te incomodando e eu nunca quis isso. Eu só queria estar presente na sua vida e ter você na minha, mas eu entendi que você não queria isso — Ele diz — Eu não preciso esconder nada de você, eu penso em você todos os dias desde que te conheci; Pode soar até que eu sou um louco, mas eu sonho com você na maioria das noites, e é assim desde aquela primeira vez que te dançado naquele mesmo palco de hoje. Você me tem desde aquela noite e não deixou de ter em nenhum momento durante esses três anos. Então por favor Sarah, não me diga que quer colocar um ponto final digno nisso, porque essa história não foi feita para ter ponto final — Ele diz com algumas lágrimas em seus olhos.

— Austin, por favor — Digo e ele nega com a cabeça.

— Eu vivi o inferno sem você Sarah. E agora sou eu quem te peço, por favor, se você ainda sente algo por mim, o pouco que for. Não me afasta, não me faz ficar longe de novo, não me força a fazer isso. — Ele fala e limpa suas lágrimas — Eu prometi que nunca falaria isso, mas por favor Sarah, eu só quero fazer parte da sua vida.

Me aproximo de Austin e o abraço. Abraço o homem que eu amo e o afastei por tanto tempo. E ali estava ele, me pedindo para não fazer novamente.

Ele passe seus braços pelo meu corpo e me aperta. Eu sentia falta daquilo, e sei que ele sentiu a mesma coisa quando nossos corpos se encaixaram.

Acho que Austin tinha razão, nós éramos inevitáveis e aqui estávamos novamente, com os corpos colocados, mas hoje de uma forma diferente. Tentando fazer dar certo aquilo que um dia se destruiu.

— Ok, nós podemos tentar — Digo durante o abraço, Austin me solta rápido e olha em meus olhos — Mas devagar, passinho de tartaruga, combinado?

— Passinho de tartaruga — Ele diz e me abraça novamente.

Eu não sei o que irá sair disso, mas pela primeira vez em três anos, eu sinto meu coração quentinho e sinto que finalmente estou em casa.

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⏰ Última atualização: Feb 15 ⏰

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