Capítulo 05

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Por favor, não!

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Por favor, não!

Por favor, não faz isso!

A voz infantil e chorosa ecoa dentro da minha cabeça, mesmo depois que abro os olhos.

Continua ecoando e me perturbando durante as próximas duas horas que passo acordado, fitando o nada.

E sei que vai continuar ecoando durante todo o dia, como sempre acontece após algum pesadelo.

Fecho os olhos por alguns minutos, desejando dormir e só acordar pela manhã, mas torno a abrir quando ainda não sinto nem o menor sinal do sono. Minha barriga ronca pela quinta vez, lembrando-me que minha última refeição foi o almoço, e só então decido levantar.

Talvez agora seja uma ótima hora para comer o bolo que sobrou da comemoração dos gêmeos. Ainda não sei porquê minha irmã faz isso, eles têm um mês, não entendem nada, para mim parece perda de tempo, mas quando tentei argumentar minha irmã me chamou de ogro insensível.

Antes de descer, passo no quarto deles, constatando que dormem tranquilamente e suspiro parado ao lado do berço da minha garotinha. Tão pequena e indefesa. Tão frágil.

Por esses e outros motivos, desde que nasceram, a meta da minha vida se tornou fazer com que nunca tenham motivos para temer a noite e a hora de dormir. Os protegerei com minha própria vida, se preciso for.

Deixo um beijo na testa de cada um, com cuidado para que não acordem, sentindo novamente aquela sensação pouco conhecida irradiar do meu peito para todo o corpo.

Lanço um último olhar para ambos e volto a fazer o percurso até a cozinha. Mais uma vez a luz está acesa e novamente é Analice que encontro lá. Ela está curvada sobre a ilha, um braço dobrado e o rosto sobre ele, perto de seu rosto tem um prato com um pedaço de bolo e alguns cupcakes com diferentes coberturas, ao lado do prato está o tablet da babá eletrônica.

Sem notar minha presença, ela solta um gemido baixinho que parece ser de dor.

— Está se sentido bem, senhorita Genebra?

Levanta a cabeça rápido com os olhos arregalados.

— Que susto, hômi! — coloca a mão sobre o peito em um gesto dramático.

Aperta os olhos com força e torno a perguntar se está tudo bem.

— Ah sim, eu tô ótima! — fala com uma ironia incompreendida por mim — Meu útero parece me odiar e tem uma pessoa invisível dando marteladas na minha joaninha, mas, tirando isso, eu tô ótima, melhor impossível.

Ignoro sua ironia merecedora de demissão e tento compreender que merda ela está falando.

Solta outro gemido de dor, repousa a mão sobre o abdômen e abaixa novamente a cabeça sobre a bancada, só então entendo do que fala. Está com cólica.

Raio De Luz - Série Di Rienzo Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora