Dias se estenderam em um ciclo interminável de angústia e solidão para Lira. O confinamento no quarto havia transformado sua percepção do tempo. As paredes frias e sem vida do quarto eram sua única companhia constante, e a sensação de isolamento se aprofundava a cada momento que passava.

A angústia corroía sua mente e seu coração, alimentando-se de seus pensamentos e esperanças. A incerteza do que aconteceria a seguir, a falta de controle sobre seu destino e a ausência de qualquer perspectiva positiva lançavam Lira em um abismo de desespero. Cada dia parecia uma eternidade, um lembrete constante de sua impotência e da prisão em que estava submersa.

O arrependimento pesava sobre Lira como uma âncora, arrastando-a para o fundo de um mar de culpa e remorso. Ela lamentava amargamente ter se deixado levar pelas percepções errôneas sobre a 7 de Março. Sentia-se inútil, como se tivesse desperdiçado seu potencial e suas habilidades em uma causa equivocada.

Mas o peso mais insuportável recaía sobre o fato de ter magoado Dan Heng, a pessoa que ela amava profundamente. Lira sentia seu coração se despedaçar com a lembrança da dor nos olhos de Dan, a decepção estampada em seu rosto. Ela se culpava por ter causado tamanho sofrimento àquele que lhe trouxera tanta alegria e esperança. Sentia-se indigna de seu amor e desesperada para reparar os danos que havia causado

O arrependimento se intensificava ainda mais quando pensava em Welt, o senhor que ela tentou machucar por ordens de Ethan Yang. Sentia-se culpada por ter permitido que sua raiva e confusão a levassem a um caminho de destruição, sem considerar as consequências de seus atos. A imagem de sua faca apontada para ele assombrava seus pensamentos, uma lembrança constante de como a manipulação e o engano a haviam transformado em uma sombra de si mesma.

Enquanto Lira estava imersa em seus pensamentos, a porta de seu quarto se abriu lentamente. Ela levantou o olhar e viu Dan Heng parado à entrada, segurando uma bandeja com comida. Seus olhos estavam gélidos, sem qualquer vestígio de emoção, e seu semblante era vazio, revelando desprezo e apatia em relação a Lira. Ele analisou o ambiente caótico mas manteve o devido silêncio. 

A presença de Dan ali, trazendo comida para ela, era ao mesmo tempo uma esperança e uma tortura. Lira sentiu seu coração apertar diante da indiferença evidente em seu rosto. Era como se um abismo profundo os separasse, um abismo formado por decepção e ressentimento.

Lira tentou articular palavras, mas sua voz parecia presa em sua garganta. O silêncio entre eles era sufocante, carregado de todas as mágoas e arrependimentos que haviam se acumulado ao longo do tempo.

Finalmente, Dan quebrou o silêncio com sua voz fria e cortante.

— Trouxe comida para você. Se quiser...

Lentamente, Lira se levantou do chão e seus olhos se encontraram com os de Dan por um breve instante. Ela pôde ver a mágoa e a desilusão refletidas em seu olhar, o que intensificou ainda mais a dor em seu peito. Ela ansiava por se desculpar, por implorar por seu perdão, mas as palavras pareciam não encontrar um caminho para sair.

Dan permaneceu em silêncio, observando-a com uma expressão impassível. Lira sentia-se como se estivesse diante de um estranho distante, alguém que já foi seu porto seguro, mas agora era apenas uma figura fria e distante.

— Dan eu— 

— Não quero saber— ele interrompe friamente — Me chame de Dan Heng — Ele  faz uma pausa e  continua—  Você não tem direito de me chamar como minha antiga amiga de infância me chamava, como a Lira que um dia conheci me chamava.

— Por favor me ouça eu quero me desculpar.

— Se desculpar? por tentar matar meus amigos? — ele ri irônico e prossegue — E s e eu não estivesse perto de 7 de Março quando tentou atirar os dardos nela? Se eu não estivesse naquele quarto aquele dia enquanto tinha uma faca apontada para Março?! o que teria feito? Iria de desculpar depois e achar que tudo ficaria bem? — Ele se exalta.

— Você não sabe de nada! — Grita— Quando eu sumi você jamais se perguntou por mim, não sabe o que eu tive que passar não faz ideia do que eu sofri, você jamais vai entender como é quando você não tem escolha, quando as circunstancias da vida estão contra você você jamais vai saber como é se sentir assim! — os olhos lacrimejavam

Um silêncio pesado se instalou no quarto, preenchendo o espaço entre Lira e Dan Heng. Ambos estavam imersos em suas próprias emoções, suas palavras ainda ecoando no ar.

— Welt e Março acordaram ... — Ele diz manso — Welt  já se recuperou e deseja falar a sós com você, — Dan Heng desvia o olhar irritado 

Ao ouvir as palavras de Dan Heng, Lira sente uma mistura de alívio e apreensão. Saber que Welt havia acordado significava que ela teria a oportunidade de se explicar

Dan Heng sai do quarto sem dizer uma palavra, deixando Lira sozinha novamente. Seu rosto ainda carrega o semblante aborrecido, e sua expressão mostra claramente o turbilhão de emoções que está sentindo. Lira observa-o se afastar, sentindo um aperto no coração ao perceber o quanto suas ações o afetaram

Com o coração pesado, mas também com uma centelha de esperança, Lira se prepara para o encontro com Welt.

Honkai Star Rail(OC) -Meu mehor amigo Dan Heng(CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora