Bem-vinda à Vizinhança || PJM + RNP

[26]

ROSÉ

Um mês se passou, e eu estava teclando sem parar nas teclas do notebook, assim que dei o ponto final, minhas costas encostaram na cadeira e um suspiro de alívio me preencheu. Finalmente terminei.

Eu estava mais empenhada na faculdade, me esforçando bastante para recompensar todo tempo perdido, os dias que não compareci. Estava cheia de lições para completar e eu mal tinha tempo para outra coisa a não ser estudos.

Batidas na porta de meu quarto me despertaram dos pensamentos e logo vejo Jimin.

— Ocupada? – indaga.

— Sim, deseja algo?

As coisas mudaram, Jimin não corresponde mais aquele amor de antes, o que eu fiz se errado? Era o que sempre me perguntava.

— Vim trazer apenas alguns assuntos de sua empresa, são contratos que precisam da sua assinatura. – ele jogou às pastas na minha mesa, sem alguma expressão.

Ele deixou o quarto, sem mais nem menos. Sempre que podia me ignorava, e só às vezes me respondia. Então era isso, me fez de completa boba, me fez acreditar que me amava, e que agora estava se distanciando cada vez mais.

Eliza.

Eliza já havia me dito, "ele só quer brincar com você, pois sabe o quão ingênua é."

Lembrar do que me disse só me alterou, sai disparada atrás dele, e por sorte ainda estava aqui, conversando com minha tia, no pé da porta.

— É bom ainda não ter ido, precisa me escutar.

Ele fez cara de desentendido, com uma palavra minha tia se retira da sala, deixando apenas nós.

— Deseja algo? – imitou minhas falas de poucos minutos atrás.

— Sim, que me responda. – suspirei. — Quando disse que me amava, eu acreditei, pensei tanto sobre isso, até me permitir amá-lo, e por qual motivo, depois de prometer não me deixar, me deixou? – gritei eufórica. — Achei que estivesse chateado comigo, por ter viajado naquele dia sem ninguém e pelas escondidas, e veja só, tenho certeza que não é. Me ignora como se fosse um cachorro, não responde minhas mensagem e insisti em não encontrar comigo, era isso o que queria? Me iludir e fugir?

— Precipitações erradas. – ele disse.

— Jura? Então, quais são às reais?

Ele se calou. Me ocultando sua verdade, mais uma vez, ora, seu canalha. Eu sabia que não teria respostas, e isso só prova o quão irresponsável ele consegue ser.

Eu iria me virar para subir, até ele me impedir.

— Uma amiga próxima de minha família, veio nos visitar. E sua visita não era por espontânea vontade, era algo sério. Recentemente, ela teve uma visão, que se assemelha uma das piores que já pode ter. E elas, envolvem você. – ele diz, buscando palavras para continuar.

— E o que ela poderia ter visto? – me viro novamente, ao despertar minha curiosidade.

Ele se calou mais uma vez.

— Bem, ela via você e eu, juntos. – ele diz, e até o momento, eu não via mal algum, pois era o que eu queria. — E, em fruto do nosso amor, você estava grávida, de um ser como nós. Ela viu seu sofrimento ao chegar no final daquela gestação, via a dor que enfrentava, aquilo poderia te matar. – ele completou.  — Ela não consegue ver o final, mas, queremos acreditar que o pior poderia acontecer.

Uma onda de choque atingi meu corpo, então, foi uma visão e tanto. Como isso poderia acontecer? Ó céus.

— Então isso que te afasta de mim? – digo após recuperar minha consciência.

— É pela sua saúde, me entenda, como acha que ficaria em saber que morreria? – ele disse aumentando seu nível de autoridade.

— Pare de pensar só em mim e pense em nós dois. – digo.

— E eu estou pensando, enquanto souber que corre risco, não me comprometerei com o perigo.

Ele virou suas costas e caminhou em direção à sua casa. Sem pensar duas vezes, corri até ele e o abracei por trás, fazendo com que não desse mais um passo.

— Se voltar à caminhar, vai ter que esquecer, e nunca mais me verá.

Às palavras o imobilizaram.

— Você só complica a situação.

Seu sorriso se formou no rosto enquanto se virava e me abraçava fortemente.