Alcançado pelo Destino - Série Fascínio Grego - Livro I (COMPLETO)

Capítulo 22

Ninguém sabe como é ser o homem mau
Ser o homem triste, por trás de olhos tristes
Ninguém sabe como é ser odiado
Ser condenado, a dizer somente mentiras
Mas meus sonhos não são tão vazios
Quanto minha consciência parece ser
Eu tenho horas, só de solidão

The Who - Behind Blue Eyes

MANOS OU THEODORUS, já que não era chamado assim há tanto tempo, pensou que tinha deixado tudo para trás, soterrado o seu derradeiro pretérito, de uma vez por todas. Não obstante, como conseguiria se aquela mulher estivesse de volta, balançando todas suas estruturas, afetando seus planos e ameaçando seus negócios? Ainda olhando como a lua e as luzes coloridas e espelhadas nas águas escuras, Manos estava tentando entender como ela o havia encontrado após tanto tempo, do outro lado do país, com ele usando um outro nome, outras roupas, outras cor de cabelo e se escondendo daqueles óculos escuros. Será que seu plano não havia sido bom o suficiente para despistá-la? Onde poderia ter falhado a ponto de deixar brechas para Artemis achá-lo?

Manos não sabia que se ela detinha alguma prova contra ele. Será que ela guardava algum trunfo? Muitas perguntas rondavam sua cabeça e ele não tinha respostas para absolutamente nenhuma delas. Contudo, algo ele sabia: se aquela mulher pudesse provar que ele havia lhe roubado, passaria muitos anos atrás das grades. Muito possesso, ele deixou o Porto de Piraeus e entrou no Maserati novamente, cantando pneu de novo indo em direção a um conhecido bar em Monastiraki, uma bairro boêmio ateniense. No local, como era um homem conhecido, chamava a atenção de todos por onde passava, sobretudo das mulheres. Entretanto, naquele momento não tinha condições de seduzir ninguém. Não na iminência do grande imbróglio que estava metido, sua única preocupação era se livrar dele assim que possível.

Manos se aproximou do bar e pediu um whisky, ao contrário do que habitualmente bebia: um copo de ouzo. O bartender lhe entregou e ele bebeu a dose em dois grandes goles, queimando a sua garganta no caminho. Ainda pensando como resolveria o problema com Artemis, Manos pegou o telefone e digitou o telefone de seu advogado, Andriannos Galanotis, que livraria sua cara de toda aquela volutabro. Contudo, para que pudesse falar com mais privacidade, deixou uma nota grande ao bartender e foi em uma mesa num canto, que estava com poucas pessoas. Afinal, Manos não desejava que mais pessoas soubessem daquela história sórdida. Quando Andriannos atendeu, ele nem deixou o homem cumprimentá-lo direito.

- Andriannos, preciso que me encontre na minha casa neste momento. Pode fazer isso? - Manos foi direto, já que não tinha tempo para rodeios.

    Ele passou as mãos nos cabelos, de forma extremamente impaciente.

- Kyrios Karagiannis, estou fazendo algo importante neste momento... - O homem tentou se explicar, mas Manos não tinha mais um pingo de paciência, já que seu dia havia sido péssimo.

- Algo importante é eu chamá-lo quando preciso. - Manos o cortou, de forma grosseira. - É para isso que eu o pago, para que resolva meus problemas.

- Mas, kyrios...

- Esteja na minha casa em vinte minutos. Já estou indo para lá. - Manos tomou o pouco de whisky que tinha no copo. - Vou te contar o problema em que estou metido. E é você quem vai livrar minha cara, pode acreditar.

Manos desligou o telefone na cara do advogado e enfiou o telefone no bolso, deixando o copo vazio sobre a mesa. Da mesma forma que havia entrado do bar, ele saiu rapidamente, novamente adentrando o carro de luxo escuro, cuja cor era confundida com o céu da noite de Atenas. Ela foi a Vouliagmeni, dirigindo com os braços tensos e o maxilar rígido como uma pedra, mas cuidando para não acelerar o Maserati, já que tinha bebido. Ele passou a senha na portaria com cancela e foi à sua casa, que ficava lindamente iluminada à noite. Bateu fortemente a porta do carro e entrou na mansão com pressa, abrindo o colarinho da camisa de tanto calor que sentia. Ele ficou na varanda contemplando a noite e à espera do advogado, que chegou quando ele ouviu o barulho do carro se aproximando.