Alcançado pelo Destino - Série Fascínio Grego - Livro I (COMPLETO)

Capítulo 15

Eu lhe dei todo o amor que eu tinha

Eu lhe dei mais do que eu poderia dar

Eu lhe dei amor

Eu lhe dei tudo o que tinha dentro

E você levou o meu amor

Você levou o meu amor

Sade - No Ordinary Love

Sessenta dias depois

ARTEMIS SABIA QUE, mais cedo ou tarde, o destino se encarregaria de colocar aquele homem em seu caminho, a fim de pagar por todo mal que havia lhe causado. Por toda aquela dor, sofrimento, angústia, traição e abandono. Se fosse preciso, ela caçaria aquele homem até o inferno, até o fim do mundo, apenas para fazer aquele crápula pagar por todos os seus crimes. Enquanto isso, naquele momento, ela teria que se preocupar com o novo trabalho ao qual iria desempenhar com limpeza em Atenas, na casa de Emilia Thanoulis. O fato de Kalliopi tê-la indicado ao emprego poupava tempo e dinheiro à Artemis, que não precisaria se preocupar, pelo menos por enquanto, a procurar por algo quando chegasse à capital.

Embora as funções não fossem relacionadas às oliveiras, Artemis não estava em muitas condições de escolher nada. Em breve, os euros que dispunha acabariam e o que mais ela precisava naquele momento era de dinheiro para se manter, já que foi abandonada com uma mão na frente e outra atrás. Ela iniciou os preparativos para deixar a ilha onde sempre viveu. Artemis conseguiu comprar a passagem de navio para Atenas, que partiria naquele dia, no porto de Lefkada, onde Kalliopi a acompanhou. Aliás, todo o apoio dela estava sendo fundamental naquele momento difícil. Artemis tinha esperanças de que sua vida ia melhorar e que ela daria a volta por cima. E, algum dia, ela ainda iria reencontrar aquele homem que estava causando todo aquele sofrimento a ela. Artemis recolheu suas coisas do quarto que estava usando na casa de Kalliopi e as organizou levá-las para o navio, que partira de Lefkada rumo a Atenas, sendo uma viagem de cinco horas e de quase quatrocentos quilômetros.

Em poucas horas, ela estaria deixando Meganisi e alcançaria a capital grega de forma definitiva pelo Mar Jônico e Golfo de Corinto, até ir à cidade de Corinto e, de lá, pegaria um ônibus até Atenas. Era corriqueiro o navio levar trabalhadores e era um trecho comum até a capital, transportando também mulheres e crianças na embarcação. Artemis arrumou todas as malas e Kalliopi a levou ao porto, junto ao funcionário que fazia entregas em sua pequena padaria. Quando chegaram no local, Artemis agradeceu à Kalliopi por tudo que a idosa havia feito por ela, acolhendo-a naquele momento tão desafiador. Kalliopi pediu que ela mandasse notícias, mas que escrevesse cartas, já que Kalliopi tinha dificuldades de lidar com tecnologia.

- Filha, tome esse dinheiro. Para ajudá-la a se estabelecer em Atenas.

Muito emocionada, Artemis não conseguiu aceitá-lo.

- Não posso aceitar, Kalliopi. Não depois de tudo que a senhora fez por mim.

- Eu insisto, filha. Pegue, por favor.

- Tudo bem. Eu vou pegar. Contudo, saiba que pagarei em algum momento por toda sua bondade comigo.

- Sabe que isso não é necessário. Fiz isso em consideração e pela amizade que eu mantinha com Iliana.

- Que Deus lhe pague em dobro, Kalliopi. Eu mandarei notícias. Mais uma vez, obrigada por tudo.

- De nada, querida. Fique bem, boa sorte nesta nova fase. Minha sobrinha a está esperando na capital.

- Tudo vai dar certo. - Artemis respondeu.

Artemis abraçou a idosa enquanto as lágrimas desciam pelo seu rosto. A tristeza que sentia era muito profunda, além de uma indignação e uma revolta enormes. Ela se despediu de Kalliopi e subiu pela rampa de acesso ao navio, enquanto levava mais duas malas ao lado do corpo. Artemis estava sozinha a partir daquele instante, sendo ela por si mesma. Ela prometeu a si mesma que nunca mais confiaria ou se entregaria a homem nenhum, pois acreditava que eles eram seres desprezíveis. Tudo que queria, naquele momento, era reestabelecer sua vida, trabalhar e até estudar, se fosse possível. Ela mataria o amor que sentia por aquele homem, o jogaria no fundo do poço, contudo, um dia ia dar o troco e teria acesso a tudo o que lhe foi roubado.