Capítulo 36

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Eu carrego as coisas que me fazem lembrar de você

Em memória amorosa da

Única que era tão real

Você era tão amável quanto podia ser

E embora você tenha ido

Você continua sendo o mundo para mim

Alter Bridge - In Loving Memory


ARTEMIS ESTAVA SENTADA, imersa na finalização de sua tese de pós-graduação, quando o som do celular interrompeu sua concentração. Ao atender, reconheceu a voz angustiada de Manos do outro lado da linha. Ele revelou a notícia devastadora: Eleftherius, o avô dele, estava à beira da morte e desejava vê-los uma última vez. Assim, o coração de Artemis disparou de preocupação e ela sentiu um nó se formar em sua garganta enquanto ouvia Manos detalhar a situação. Seus dedos tremiam ligeiramente ao desligar o telefone e se levantou da cadeira. A tese naquele momento parecia trivial diante do sofrimento iminente que os aguardava.

Manos apareceu na porta do apartamento de Artemis, seu rosto refletindo a angústia que sentia. Seus olhos azuis estavam avermelhados, e os lábios dele tremiam levemente, enquanto lutava para manter a compostura. Sem trocar palavras, eles se olharam por um breve momento, compartilhando a tristeza que emanava da alma de Manos. Em seguida, os dois foram ao hospital e o adentraram em silêncio, caminhando apressadamente pelos corredores. Artemis sentia um aperto no peito a cada passo, como se o tempo estivesse se esgotando rapidamente. Ao entrarem na ala de cuidados intensivos, o ambiente se transformou em um redemoinho de emoções avassaladoras e o som dos monitores cardíacos ecoava pelos corredores, criando uma sinfonia inquietante. As luzes brancas e intensas iluminavam o caminho sombrio, que conduzia à sala onde Eleftherius lutava pela vida.

O médico, vestido com jaleco branco imaculado, explicou com voz suave, mas carregada de tristeza, sobre a estenose aórtica severa grave que acometia o avô de Manos. Os termos médicos repletos de complexidade se entrelaçavam em seu discurso, mas o significado era claro: a vida de Eleftherius estava chegando ao fim. Os passos de Artemis e Manos eram cautelosos e lentos ao adentrarem o quarto do hospital. O ambiente estava repleto de aparelhos, formando uma teia de fios e tubos que mantinham o frágil corpo de Eleftherius funcionando. Sua pele pálida parecia translúcida sob a luz suave e branca do abajur ao lado da cama. As veias salientes indicavam a luta que ocorria dentro dele, que ainda lutava para poder ver o neto pela última vez.

Os olhos de Artemis se encheram de lágrimas ao encontrar os olhos de Eleftherius tão magros e cansados. As rugas que mapeavam seu rosto contavam histórias de vida e sabedoria, agora eclipsadas pelo sofrimento. Ela notou os tremores sutis das mãos dele, a prova física da batalha que o idoso travava. Eleftherius, com uma voz frágil e trêmula, sussurrou o nome de Manos, chamando-o para se aproximar. O som da voz do avô era fraco, quase um sussurro no ambiente silencios e Artemis pôde ver a emoção nos olhos de Manos ao se aproximar lentamente da cama. As lágrimas escorrerriam pelo rosto de Manos, sua expressão contorcida pela dor e pela iminente saudade. Com a voz trêmula, Eleftherius expressou palavras que cortaram o coração de Artemis.

- Meu querido Dyonisius... Manos... - Eleftherius balbuciava em meio à luta que travava entre a vida e a morte. - Escute seu avô... Essa é a última vez que nos veremos, meu querido neto...

- Vovô. - Artemis via como os olhos de Manos estavam ficando vermelhos pelo choro incontrolável. - Você viverá muito ainda! Quero ainda ter muitos momentos ao seu lado! - Manos parecia esperançoso.

- Eu estou me despedindo de você, de Artemis e dos meninos para sempre. Vou fechar os olhos para sempre, meu menino. - Eleftherius murmurou. - Quero que saiba que o amo profundamente e gostaria que me perdoasse pelo que você teve que passar quando era mais jovem, meu querido. O meu péssimo relacionamento com Kyriakos o afetou profundamente.

Alcançado pelo Destino - Série Fascínio Grego - Livro I (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora