Capítulo 11

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Não tem nada nesse mundo que é de graça

Eu sei que não posso relaxar

Não posso recuar

Embora, você saiba, eu bem que gostaria

Não, não há descanso para os perversos

Até que fechemos os olhos pra sempre

Cage The Elephant - Ain't No Rest For The Wicked

AQUILO ERA MAIS fácil do que arrancar doce de criança, pensou Theodorus, com ardis. Artemis era tão inocente, não somente na intimidade, mas também em sua personalidade, que ela sequer imaginava o que ele tramava, pelas suas costas, o golpe que estava na iminência de sofrer. O sórdido plano de Theodorus estava progredindo e ele, agora, detinha poderes para a venda das propriedades de Meganisi e Manesi. Theodorus havia entregado à Artemis papéis com letras miúdas, dizendo que ela dava plenos poderes para que ele pudesse vender as propriedades da família Kouris.

Ela nem desconfiara de nada, totalmente apaixonada por ele, e já estava assinando os papéis. Naquele momento, Theodorus deveria começar a articular, por baixo dos panos, é claro, a venda das fazendas o mais rápido possível. O mais fácil seria ir até imobiliárias para poder vender maia rápido e conseguir o dinheiro. Theodorus planejava enviar o dinheiro ao exterior para que não houvesse possibilidade de a polícia rastreá-lo, após ele ir embora de Meganisi. Desta forma, tinha como objetivo enviar o dinheiro às Ilhas Cayman, no Caribe, para que pudesse pegá-lo depois de sair da Grécia. Ele tinha que agir rápido, porque sentia que alguém estava desconfiando de suas ações. Theodorus continuaria a seduzi Artemis, a enfeitiçá-la na cama e deixá-la extasiada a cada vez que faziam sexo, apenas para que pudesse alcançar o que pretendia.

Artemis Kouris ficaria sem nada e ele ficaria com tudo. Aquele era o maior golpe de toda sua vida. Não como aqueles golpes que dava em pescadores, comerciantes ou quaisquer outras pessoas. Definitivamente, não. Aquele era um desfalque milionário, que o deixaria muito mais rico do que jamais sonhou. Esqueceria aqueles tempos lúgubres que viveu naquele maldito orfanato, em Atenas. O abuso daqueles adolescentes, o modo como o batiam e o abusavam verbalmente, de como aquele lugar era fétido e cheio de mofo, escuro e sem ventilação, infestado de ratos e baratos. Um orfanato irregular. Situações diárias de abuso. Theodorus só tinha uma chance: que era fugir daquele apavorante e repugnante. Foi exatamente o que fez, se evadiu de lá como o diabo foge da cruz. Aí, conheceu Basil, o homem de vinte e poucos anos que o salvou de quando vasculhava latas de lixo nas ruas de Atenas.

Não havia mais por que pensar naquilo, ele concluiu, dando um basta às suas reflexões. O que importava agora era o que seu propósito, o que ele tinha em mente. Roubaria Artemis Kouris, a deixaria na rua da amargura e, depois, seguiria em frente, sem olhar para trás. Não teria dó dela, afinal, ele pensava apenas em si mesmo, certo? Seguiria em frente com seu esquema, com seu desígnio, o qual somente ele sairia vencedor. Venderia as propriedades, ficaria com a grana, a mandaria para as Ilhas Cayman e voilà! Estaria milionário e, depois, pensaria no que ia fazer. Estando bem longe de Meganisi, mudando seu visual e, possivelmente, até com um outro nome.

Tudo estava indo bem, a julgar pela forma como Artemis havia rapidamente se apaixonado por ele. No entanto, havia uma pedra em seu caminho: Antonis Mikoglou. O tal assistente de capataz estava começando a desconfiar de suas ações e por que Artemis havia lhe dado aqueles documentos. Se aquele sujeito continuasse a suspeitar dele daquela forma, seu plano estaria indo por água abaixo. Antonis teria que sair de seu caminho para que Theodorus pudesse executar o que queria, para sumir do mapa posteriormente. Theodorus tinha a suspeita de que Antonis gostava de Artemis. Isso se provava pelo fato de que, em outro dia, quando os dois chegaram de Kalamata, o assistente de capataz os observou com uma péssima expressão, ao mesmo tempo que Theodorus circundava a cintura de Artemis.

Mesmo que não amasse Artemis e não sentisse nada por ela, ela ainda era sua parceira sexual por um curto período. Portanto, ela era dele, e não queria que outros homens a cobiçassem ou a desejassem. Theodorus se certificaria de que aquele homem saísse do seu caminho, de forma que não teria nenhum óbice para sumir com o dinheiro dos Kouris. Quanto à venda das propriedades, ele acreditava que rapidamente apareceria alguém interessado, uma vez que as duas fazendas eram muito bonitas. E, mesmo que o comprador não quisesse continuar com o negócio, poderia transformá-las em algum resort ou algum empreendimento deste tipo. No entanto, o que fariam após a venda não era problema dele, portanto, sua única preocupação era ter a grana nas mãos e cair fora.

[...]

ARTEMIS ESTAVA FINALIZANDO de organizar os itens do escritório antes de trancar a porta para ir almoçar, quando o pensamento frequente em Theodorus voltou à sua mente. Constantemente, ela vinha pensando nele, na forma como ele a amava na cama e suas atitudes dentro do relacionamento deles. Ele a apoiava, era sincero e era dedicado no trabalho. O que mais ela poderia querer? Sonhava em, futuramente, poder se casar com ele e formar uma família. Talvez estivesse se precipitando, mas, realmente queria ter sua própria família. Havia perdido seus pais, nem os havia conhecido direito, afinal, era muito pequena e, depois, perdeu a tia para aquele câncer terrível. Agora, queria apenas ser feliz e viver a sua vida plenamente, ao lado de quem ela realmente amava.

Ele lhe havia mostrado primeiro o que era a sedução e a paixão, o desejo de arder pela outra pessoa. O seu toque, as suas carícias e seus beijos completavam sua alma. Ele a completava com seu jeito descontraído, mas sério ao mesmo tempo. Ela estava apaixonada por aquele homem lindo, por aquela barba que o deixava másculo, por aquele corpo musculoso e aqueles olhos azuis intensos. Theodorus era tudo para ela e ela queria continuar se aprofundando naquele amor.

Naquela tarde, ela pediu a Theodorus que a acompanhasse até o cemitério de Lefkada, para visitar o túmulo dos seus pais e da tia. Ao chegar lá, as emoções afloraram em Artemis, que sentia uma grande dor por ter perdido toda sua família e seus pais. Theodorus segurou suas mãos até quando chegaram às lápides e ela sentiu que a deixaria a sós por um momento, respeitando o que ela sentia. Em seguida, Artemis se agachou em frente à lápide de sua tia e começou a chorar, sem poder controlar suas lágrimas. Theodorus ficou atrás dela e apoiou a mão em suas costas, enquanto permanecia em silêncio e carregava os ramos de crisântemos e antúrios na outra mão.

- Vocês partiram... - Artemis soluçava em meio ao choro. - Fiquei só e me senti muito sozinha. Contudo, Theodorus apareceu e me deu alento, conforto.

    Ela limpou as lágrimas com o lenço, que tirou da bolsa.

- Vocês iam gostar dele, iam aprovar nosso relacionamento. Agora, ele é minha família e minha vida. - O choro voltou e ela sentiu uma profunda dor no peito. - Aí de cima, gostaria que abençoassem minha união com ele.

Artemis soluçou e Theodorus se agachou, abraçando-a em seguida. Desesperada por carinho, ela o abraçou forte e as lágrimas escorriam dos seus olhos como um rio.  Ela chorava incessantemente em seus ombros, devido à dor e à saudade que sentia, as emoções à flor da pele e tudo que ele pôde fazer foi abraçá-la forte lhe oferecendo carinho. Eles permaneceram naquele lugar por um bom tempo e, quando retornaram à villa, em Meganisi, já era final de tarde e os trabalhadores haviam ido embora devido ao fim do expediente. Durante o retorno, Artemis pediu que ele dirigisse e ficou em silêncio, enquanto apenas contemplava a paisagem pela janela, completamente perdida em seus pensamentos.

Ao chegarem, Artemis desceu do carro, o puxou pelo braço até onde a entrada da villa, fechou a porta atrás de si e começou a beijá-lo com todo o amor que sentia. Theodorus correspondeu a ela e a prensou contra a parede do hall, tomando a liderança do ato. Ela se perdeu naquela boca máscula, que sabia como amá-la como nenhum outro homem. Os dois se beijavam enquanto quase tropeçavam pelo corredor e ao subir as escadas, apressados demais para o que estavam prestes a fazer. Theodorus a carregou no colo, fazendo com que ela encaixasse as pernas ao redor de seu quadril e sentisse o estado de excitação em que se encontrava, ao mesmo tempo que abraçava sua cintura.

Quando chegaram ao quarto, as roupas foram rasgadas e jogadas pelo cômodo, Theodorus a pressionava contra o corpo forte e os dois caíram na cama enquanto nunca deixavam de se beijar. Ele beijou seu corpo por completo, abocanhou os dois seios e os estimulou. Nesse ínterim, Artemis desceu uma mão e apertou seu pênis, o deixando ainda mais enrijecido. Em resposta, ele a penetrou fundo e, em resposta, ela o apertou com força, e Theodorus aumentou os movimentos a deixando cada vez mais perto do clímax. E, assim, Artemis se entregou mais uma vez àquele homem, esperando nunca se decepcionar com ele e se afundando nesse amor.

Alcançado pelo Destino - Série Fascínio Grego - Livro I (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora