Capítulo 3

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ANAHÍ

O briefing jurídico atrasou, como eu esperava.

Coloque sete advogados e seus para-legais juntos, em uma sala, e eles discutiriam a respeito de tudo, desde onde conseguir o melhor café da cidade até o que uma sentença obscura dos anos 1950 em um tribunal do Mississippi significava para um conglomerado empresarial em Dover, Delaware.

Mantê-los atentos e falando em termos leigos era um exercício de futilidade.

Eu caminho rapidamente na direção do departamento gráfico interno, do outro lado do andar, com a intenção de subornar um designer para que me mostrasse uma prévia da "nova direção" das embalagens de produto.

Esse era o tipo de coisa que Jenny e eu faríamos enquanto bebíamos na minha casa ou na dela, poucos anos atrás. Mas as circunstâncias mudaram. Os horários ficaram mais ocupados e as amizades se transformaram.

Atualmente, estávamos em uma dança desconfortável, com Jenny insistindo em nos desviar da visão da Perfectie.

Minha visão.

Semana passada, eu tive que bater o pé quando ela anunciou que a Perfectie faria parceria com Youtubers de vinte e poucos anos que faziam tutoriais de maquiagem, em vídeos patrocinados de publicidade do nosso redutor de rugas. Uma jovem de 22 anos não tinha rugas e também não tinha um público para isso.

Meu suspiro sai parecendo mais um gemido, e faz com que uma assistente em uma saia rosa me olhasse com os olhos arregalados.

Me incomodava que Jenny não estivesse interessada em aderir à minha visão. Mas como todo o resto, eu lidaria com isso depois. Tínhamos abacaxis maiores para descascar, por assim dizer.

De acordo com minha equipe jurídica, a IPO estava em andamento com a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos ou CVM. Temos trabalhado para isso pelos últimos dois anos e a linha de chegada estava visível.

Em menos de oito semanas, estaríamos oferecendo até 1 bilhão de dólares em ações ao público. Era o auge de anos de esforço e o início de uma nova fase de crescimento da Perfectie.

Meu relógio vibra no pulso.

Jenny: Não se esqueça do seu encontro quente desta noite!

Merda. Eu tinha esquecido.

Mudo de direção e volto para o meu escritório. Poderei lembrar a Jenny por e-mail sobre como a embalagem precisava refletir nossa marca e visão enquanto me trocava para ir ao meu "encontro".

Esse tipo de coisa era mais comum em certos níveis de fama do que na simples riqueza de antigamente. Infelizmente, era uma linha que minhas circunstâncias abrangiam. Sermos vistos juntos era um favor discreto e mutuamente benéfico quando atenção era necessária.

Já levei acompanhantes que não conhecia para festas de gala. Fui acompanhante em casamentos de estranhos e fui fotografada indo jantar com amigas com quem eu só cumprimentava de longe.

No geral, eu evitava esse tipo de favor por princípio. Eu não gostava de me "emprestar". Meu valor, a meu ver, estava no escritório, não em ser vista de braços dados com um homem ou na companhia de celebridades.

No entanto, Jenny estava certa. Precisávamos manter o interesse público bem alto se quiséssemos que a oferta de ações atendesse às expectativas. E isso queria dizer que eu tinha que ser vista... fora do escritório ou do laboratório.

De volta ao escritório, tiro minha roupa de trabalho e passo o vestido que Cath trouxe para mim, sobre a cabeça.

Eu tiraria umas fotos. Pegaria algo para comer e trabalharia mais uma ou duas horas no meu escritório em casa.

Miss Independent - Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora