Capítulo 19

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ALFONSO

Anahí não diz nada, continua tomando um gole do martini e olhando silenciosamente para o horizonte.

— Fiquei com ciúmes — admito finalmente.

— Vamos deixar o assunto morrer antes que um de nós se humilhe ainda mais — ela sugere de modo afetado.

— Não. O que é a vida sem um pouco de humilhação, um pouco de dor? Um pouco de sinceridade?

— Um pouco de sinceridade? Ok, tudo bem. Você está fazendo a suposição ridícula de que eu sou uma flor delicada que precisa de uma dose de confiança — ela zomba.

— Com certeza, não foi o que eu disse.

— Não precisou. Está escrito na sua capa de herói do dia.

Gesticulo para a toalha.

— Você quer que seja uma calça ou uma capa? Porque estou disposto a fazer tudo o que te deixar feliz.

— Então me deixe em paz na única noite em que eu posso ser eu mesma sozinha. — ela pronuncia cada palavra como se fosse uma ameaça.

— Não.

Ela se levanta e penso por um momento que tentaria me estrangular. Mas, mais uma vez, seu controle magnífico entra em ação.

— Você é uma figura, Herrera.

— Quer me chocar? Então me mostre. Mostre a verdadeira Anahí — exijo, ficando de pé.

Ela abra os braços, a vodca roçando a borda da taça, mas sem ousar derramar.

— É essa. Estou usando uma cueca que roubei de um ex-namorado que pensava que queria se casar comigo até descobrir que eu me importava menos com ele do que em começar meu próprio negócio. Eu imprenso uma aula de kickboxing entre a rotina daqui e do escritório porque passar o dia todo, todos os dias, me controlando para o mundo é frustrante. Reservo todas as quartas-feiras à noite para ficar sozinha. E você está estragando tudo. Compareci a todas as aparições que você programou. Me vesti do jeito que pediu. Sorri do jeito que instruiu. Eu mereço a minha quarta-feira.

— Se controlando? — repito, ignorando propositalmente o resto.

— Não sou uma violeta que pode murchar ou outra flor delicada. Sou uma fodona, Herrera. Sou agressiva, muito, muito inteligente e poderosa. Sou intimidante. E se eu não "me controlar", as pessoas vão começar a sussurrar coisas do tipo "essa puta" e "se preparem" quando eu passar. Tenho coisas que preciso realizar. E não posso fazer todas elas se todos estiverem com medo de mim ou muito ocupados fazendo piada e me chamando de a chefe do Diabo Veste Prada.

Ela finalmente está entrando em foco para mim.

E, ah, eu gosto do que vejo.

— Se você é tão durona, por que está deixando pessoas como eu, Jenny e sua mãe dizerem aonde ir e o que fazer?

Inesperadamente, ela cai para trás sentando na cadeira.

— Essa é a pergunta de um bilhão de dólares. Não é? Qual é a sua teoria, cara inteligente?

— Ah, você não vai gostar da minha teoria — dou uma risadinha.

— Tem muitas coisas que eu não gosto em você. O que é mais uma? — ela diz com leveza.

Ah, sim. Se a fingida e comportada Anahí Portilla era tentadora, essa versão não editada e confiante era irresistível para mim. Eu cometeria um grande erro e provavelmente me custaria muito caro.

Miss Independent - Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora