Miss Independent - Adapt AyA [Finalizada]

Capítulo 44

ANAHÍ

A traição pesava muito.

Muito mais do que a densidade familiar da expectativa e da responsabilidade. A traição me deixava com uma sensação de desamparo, desesperança, apatia. Eu queria encontrar aquela raiva que me dava energia e trazê-la de volta à vida.

Ficar irada era melhor do que devastada.

— Tome, minha linda amiga. — Tahani dança até onde eu estou, descalça e charmosa em uma saia esvoaçante e um top curto. Ela coloca uma taça com um líquido espesso e roxo escuro em minhas mãos.

— O que é isso? — pergunto.

— É uma mistura de ervas e sucos de frutas para dar serenidade. O colágeno que tem nele vai fazer coisas incríveis pela sua pele.

Minha pele parecia estirada. Tudo havia mudado. Em apenas um dia, perdi tudo e até meu corpo me parecia estranho.

Além disso, passei tanto tempo no banheiro essa tarde que fiquei desidratada.

Nós nos reunimos na casa de Tahani. Ninguém falou em voz alta, mas devido ao fato de Alfonso ser tão adepto a invadir a minha casa, eu não me sentia segura lá. Eu não conseguiria vê-lo. Eu vacilaria e, ou acabaria estilhaçada em mil pedaços ou matando o desgraçado.

Isa teria me ajudado a desovar o corpo, mas ela estava em seu iate nas Bahamas.

A casa de Tahani é como se sua alma tivesse explodido de forma triunfante a cada metro quadrado. Estamos em seu terraço coberto ouvindo o bater das ondas. Lanternas coloridas e deslumbrantes fios de luzes pendem do teto sem um padrão específico. A mobília é baixa e acolchoada em tons de roxo, vermelho e dourado. Me recordava um estúdio de meditação à beira-mar, só que bem exagerado.

Sua fonte borbulha feliz no terraço de ladrilho. Mais à frente, a piscina brilha suavemente sob a luz do luar. Velas acesas flutuam em sua superfície.

Tomo um gole de serenidade e faço uma careta quando Tahani não está olhando. A mulher exagerava no açafrão.

— Tahani, como funciona esse estéreo? — Kris questiona de um dos lados da lareira ao ar livre.

— Deixa comigo — Tahani diz, dançando até lá.

Kristen se junta a mim no sofá de madeira baixo com almofadas da cor de romã.

— Toma isso — ela fala, entregando-me uma taça de vinho bem grande. — Não derrame sua serenidade diretamente nas plantas senão elas vão murchar e morrer. Cave um buraco pequeno na areia.

— Obrigada — agradeço.

— Estamos preocupadas com você — ela comenta, tomando um gole de sua taça de vinho.

— Também estou preocupada comigo mesma — falo secamente. — Foi um dia daqueles.

A música vem dos alto-falantes não visíveis acima de nós. São cânticos de monges.

— Deus ama essa garota. — Kris dá uma risadinha em seu vinho.

— Vamos rever parte por parte — Tahani sugere, voltando para perto de nós e se sentando em uma poltrona de vime. — É importante se permitir sentir o trauma, ou ele pode se enraizar em seu corpo.

— A influenciadora vegana de beleza do Instagram fala a verdade — Kristen provoca.

— Vocês não vão querer ouvir — suspiro.

— Sim. Nós queremos — Tahani diz com firmeza. — Comece do início.

Então, eu despejo tudo. Tudo. Começando com a revelação que tive no corredor da AHA, depois passando para o telefonema de Damien, as exigências da minha mãe e a tempestade de merda da imprensa. E então Alfonso. Ou, mais precisamente, Alfonso e Jenny.