Capítulo 26

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ANAHÍ

— Damien? — Era muito difícil mudar de marcha entre ficar irracionalmente excitada e ser surpreendida por um irmão inesperado. É quando me lembro que a ausência do meu querido irmão era o motivo pelo qual fui forçada a comparecer ao evento desta noite. — O que está fazendo aqui? Achei que estivesse organizando um festival de música?

— Músicos são vadias inconstantes. É um cluster. Você conhece Rakelly? Ela é famosa no Insta. — Damien empurra uma beldade de seios grandes para mim. Ela está mascando chiclete e mandando mensagens de texto.

Mamãe irá amá-la.

— Ainda não tive o prazer — eu digo.

— E aí? — Rakelly fala com um gritinho surpreendentemente suave. Ela ainda não tinha tirado os olhos do telefone. Embora, para ser justa, a capa de seu celular fosse um atraente design de bola de discoteca rosa brilhante com unicórnios saltitantes.

Atrás de mim, Alfonso disfarça uma leve risada com uma tosse.

— Damien, este é Alfonso Herrera — eu digo, arrastando-o para enfrentar o decote que estava considerando uma fuga explosiva do vestido rosa pastel de Rakelly.

— Ah, certo. O reparador de imagens. Este provavelmente é um trabalho fácil para você, já que Any é tão limpa — meu irmão diz, mostrando dentes de um branco não encontrado na natureza.

— Sua irmã está se provando ser um desafio fascinante — Alfonso fala, olhando para mim.

Damien joga o braço em volta dos ombros de seu par.

— Ah tá — ele ri.

Meu estilo de vida de trabalhar com afinco, treinar e depois voltar para casa e trabalhar um pouco mais era tão abominável para Damien quanto o dele era para mim. Ficávamos frustrados um com o outro.

Mesmo agora, ambos impecavelmente vestidos, nossas diferenças eram mais pronunciadas do que nunca. Ele tinha um bronzeado de garoto praieiro. Sua gravata borboleta estava desatada e pendurada frouxamente contra o colarinho aberto de sua camisa. Seu cabelo, um loiro sujo beijado pelo sol, batia na gola. Ele tinha a mandíbula do nosso pai e a obsessão da nossa mãe com a imagem. Pelo que eu sabia, ele nunca teve um emprego. Seu salário vinha em forma de pagamentos regulares do fundo fiduciário que ele já havia drenado "acidentalmente" duas vezes. Ele está usando o Rolex que eu lhe dei de presente no seu vigésimo quinto aniversário.

Na ocasião, em vez do agradecimento que eu esperava, ele fez uma careta. "Este não era o que eu queria." Toda vez que eu via aquele relógio em seu pulso, tinha vontade de socar alguma coisa.

— Mamãe já viu você? — pergunto.

— Não. Resolvi surpreender todos vocês, assim como naqueles vídeos de soldados voltando para casa — ele cantarola. Meu irmão realmente acreditava que ele aparecendo no país com uma modelo de mídia social de seios grandes nos braços era exatamente a mesma coisa.

Às vezes, eu me perguntava por que o amava. Por outro lado, acredito que seja algo que me foi ensinado. Tentar resistir era inútil.

Faço um lembrete mental de ir ao banheiro quando Damien surpreendesse meus pais.

— Ei, escuta, você tem um segundo? — ele pergunta, repentinamente sério.

Eu sabia exatamente o que estava por vir.

— Claro — suspiro. — Volto logo — digo a Alfonso.

— Vou pegar uma bebida para você — ele diz, os olhos passando rapidamente para a taça de champanhe ainda cheia em minha mão. — Talvez algo mais forte?

Miss Independent - Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora