Capítulo 17

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ALFONSO

— Quer um pouco de pipoca? — Cath empurra a sacola gordurosa na minha direção. Eu me sirvo de um punhado e observo o desenrolar do espetáculo. Ela me convidou para a prefeitura de Arena y Sol Village para que eu pudesse ter um vislumbre do que era a Anahí Portilla fora da sala de diretoria. Ou para que pudesse continuar o interrogatório de lapso temporal que havia começado comigo desde que eu assumi o meu posto.

As duas possibilidades eram espetacularmente divertidas.

— Onde você disse que fez faculdade mesmo? — ela pergunta como se tivéssemos sido interrompidos no meio de uma conversa.

— Na Florida State. Quem é Steve? — pergunto.

— O crocodilo residente com deficiência. Perdeu parte de uma perna dianteira para uma hélice de barco. Elas o encontraram em uma lagoa quando começaram a construir. Ele não sobreviveria na natureza, então o deixaram ficar. Fizeram um acordo com ele. Um frango assado por dia, desde que ele não coma o cachorro de ninguém — Cath explica.

— Não está falando sério.

— Com certeza estou. Seja legal comigo ou te dou de almoço para ele.

Decido que definitivamente exigiria uma foto de Anahí alimentando o seu crocodilo de estimação.

— Interessante. — comento.

— Só porque aquelas garotas valem alguns bilhões coletivamente, não significa que não tenham um coração grande — Cath insiste. — Toda a comunidade segue o exemplo. Aquele cara ali que não sabe abotoar a camisa?

Eu sigo seu dedo.

— O senhor Na Crista da Onda?

— Sim. Ele é um guru de prototipagem em 3D. Fez uma prótese nova para o Steve.

Eu limpo a garganta.

— Como alguém coloca uma prótese num crocodilo?

— Injetando remédio para dormir no café da manhã do filho da puta o suficiente para mandá-lo para a cidade do cochilo dos crocodilos por umas três horas — Cath explica.

— Fascinante.

— Então, você vai mostrar à chefe o seu equipamento de novo? — ela pergunta, colocando mais pipoca na boca.

Olho em sua direção, mas a atenção de Catherine está no debate animado sobre a entrega de cocos frescos que acontecia na frente do salão.

Limpo minha garganta.

— Fui relegado para a Zona Proibida.

Ela bufa.

— Vai ter que se esforçar mais do que dar uns beijinhos no armário se quiser conquistar a chefe.

— Ela te contou?

— Não precisava. — Cath pega seu refrigerante diet e dá um gole barulhento. — Mas contou de qualquer maneira.

Eu sorrio.

— Ela não deixa muitas pessoas se aproximarem o bastante para uns afagos. O fato de não ter te chutado nas bolas prova que há interesse. — Cath continua.

— É mesmo?

Ela me lança um olhar sem graça.

— Não finja que não está babando por ela.

— Ela é uma mulher fascinante — admito.

— Disse o homem lutando contra ereções o dia todo, todos os dias.

Miss Independent - Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora