Capítulo 34

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ANAHÍ

— Para onde está me levando? — pergunto, bocejando no banco do passageiro enquanto puxo o elástico do meu cabelo. A empolgação de mais de uma dúzia de garotas pré-adolescentes combinada com realizações científicas fez a minha adrenalina despencar agora.

Eu precisava de café antes mesmo de pensar em encarar a minha lista de tarefas do domingo à noite. O trabalho de uma CEO nunca acabava. Algumas pessoas conseguiam construir seus impérios, depois passar as rédeas e ir a um campo de golfe.

Eu não era uma dessas pessoas.

Alfonso havia vencido o breve, mas divertido round de luta livre pelas chaves do Porsche. Eu não tinha resistido muito. Odiava admitir, mas ainda não estava operando em capacidade máxima. Mesmo cansada, esse era o preço que pagava pelo que conquistei.

O trabalho não se fazia sozinho.

— Jantar — ele diz, pegando minha mão e levando-a aos lábios.

Salsa, descontroladamente romântica, tocava nos alto-falantes do carro. Este momento, com o sol se pondo no céu de primavera, a brisa de Miami bagunçando meu corte de cabelo muito ousado e o atraente Alfonso Herrera dirigindo o conversível que comprei com os meus esforços, é a perfeição.

— Jantar parece maravilhoso. — Suspiro.

— Será. Meu padrasto está fazendo churrasco.

Demorou alguns segundos para as palavras serem absorvidas.

— Não. Absolutamente não — insisto, sentando-me ereta. Escolho aquele momento para perceber que hoje era a primeira vez que ia no banco do passageiro.

— Conheci sua família — ele ressalta.

— Isso foi trabalho. Não um jantar familiar aconchegante!

— Não há nada de aconchegante nele. Tenho um irmão e duas irmãs, meios-irmãos e cerca de trinta sobrinhos — ele diz em tom de conversa.

— Alfonso, não pode me apresentar para a sua família. — Fico horrorizada.

— Por que não?

Por que não? Havia uma grande quantidade de razões. Eu era sua cliente, não sua namorada. Em segundo lugar, para o público, eu era a vadia rica que se livrava de acusações de posse de drogas. E para completar a tríade perfeita do porquê eu não deveria conhecer seus pais: nós acabamos de transar.

Transamos. Não houve conversas sobre onde isso daria nem sobre quais seriam os resultados esperados. Aqui, nesse carro, tivemos um sexo glorioso e agora eu deveria apertar a mão da mãe do homem? Eu provavelmente ainda cheirava vagamente ao seu filho nu.

— Quer dizer, por que está fazendo isso? — Tento esmagar os nervos que, de repente, eletrizavam o meu intestino. Oh, Deus, eu tinha um estoque emergencial de Imodium nesta bolsa?

— Acho que você vai achar a minha família mais relaxante do que algumas da sua situação social — ele diz. Alfonso foi educado demais para mencionar o fato de que minha família era como um encontro de final de reality show, onde invariavelmente alguém acabava levando um soco na boca.

— Não estou arrumada para "conhecer novas pessoas" — argumento.

— Isso não é uma oportunidade para fotos nem qualquer outra coisa que não seja uma boa refeição em uma companhia interessante — ele promete.

Esfrego as mãos no rosto, desejando ter feito mais do que um esforço mínimo na minha maquiagem desta manhã. Claro, esta manhã eu só estava pensando no brunch e no laboratório. Não em conhecer os pais de Alfonso Herrera.

Miss Independent - Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora