Capítulo 21

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ALFONSO

— Estou bem. — A voz de Anahí sai fraca, mas irritada, ao meu lado no banco do passageiro.

Tudo bem. Ótimo. Eu também estava puto.

— Quando foi a última vez que fez uma refeição de verdade? — pergunto, pegando a ponte e deixando o centro de Miami para trás. A porta de trás da van branca na nossa frente se abriu e uma pilha de latas vazias com respingos de tinta caiu. Eu desviei e abaixei a janela do passageiro.

— Porta de trás! — grito para o outro motorista.

— Foi mal, cara. Eu não curto isso — ele gritou de volta.

— Isso só acontece em Miami. — Anahí suspira, endireitando-se. — Aonde estamos indo? Além disso, o que aconteceu exatamente?

— Você desmaiou no escritório porque é uma idiota teimosa — explico. — Vou te levar para casa.

Ela tinha ficado pálida como um fantasma e com os olhos vidrados antes de cair graciosamente em um desmaio.

O susto tirou cinco anos da minha vida.

— Os relatórios — ela diz, olhando para o colo e, em seguida, esticando o pescoço para ver no banco de trás. — A equipe de mídias sociais precisa da minha opinião amanhã de manhã. Tenho que reagendar o tour de integração da nova química. Não liguei de volta. E deve haver um relatório de fim de dia do departamento jurídico.

Ela estava trabalhando até cair. Como eu ousava afastá-la de seu trabalho?

— Tudo o que pôde ser feito, foi. Qualquer coisa que reste pode esperar até amanhã — retruco.

— Você não pode dar as cartas, Herrera. Não tem ideia do que é necessário para manter uma empresa desse tamanho coesa — ela atira de volta, cruzando os braços sobre o peito e fechando a cara para o para-brisa.

— Você não tem o direito de quase me matar de susto revirando os olhos e desmaiando porque é teimosa demais para se livrar de tarefas que deveria ter delegado anos atrás. — resmungo.

Provavelmente existia uma regra sobre não gritar com uma mulher que ficou inconsciente recentemente. Mas, no fundo, eu era um cara que violava regras. Então, continuo com o sermão.

— A culpa é inteiramente sua. Você sabe que pode me dizer quando precisar fazer uma pausa. Quando precisar de um momento. Uma merda de refeição. Ainda assim, você se martiriza em uma agenda lotada porque não suporta ser franca sobre seus próprios limites.

Ela abre a boca em um suspiro justo de indignação.

— Todo mundo tem limites, Anahí. Você não ganha um bônus por fingir que não tem.

Rodamos em um silêncio duro e raivoso por vários minutos até que meu telefone tocou nos alto-falantes do SUV.

— Cath — atendo em saudação.

A chefe está bem? Quer que eu seja a babá esta noite?

— A chefe está bem aqui, e desde quando você faz o que Alfonso pede? — Anahí corta, mal-humorada.

Oi, chefe — Cath responde, extremamente despreocupada.

— Eu vou ser a babá da noite — falo pra Cath. — Descanse. Tenho certeza de que ela amanhã estará terrível.

Entendido.

—Vocês dois estão demitidos — Anahí diz.

Seja uma boa menina com o bom rapaz — Cath diz a ela. — Boa sorte, Chá e Bolinhos.

Miss Independent - Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora