Capítulo 47

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ALFONSO

A mulher era uma mercenária. E aquela mercenária está preparando uma xícara de café, bem descontraidamente, enquanto eu leio aquela blasfêmia em forma de contrato.

O contrato que dava a Anahí Portilla cinquenta por cento do Beta Group.

Eu perdi a aposta. Tinha prometido a sua IPO e, em vez disso, ela perderia seu cargo de comando em umas – olho para o relógio em cima do rack – quatro horas.

Eu falhei com ela. Ela perdeu. E ainda assim...

Eu a observo voltar da cozinha. Ela afunda no sofá e se senta na posição de lótus.

Não vejo a mesma tristeza ou medo naqueles olhos que assombravam a minha alma. Olhos da cor de jeans e platina. Eu vejo fogo.

— Bem? — Ela arqueia uma sobrancelha perfeita.

Sem palavras, pego a caneta.

Esse contrato me ligaria a ela e vice-versa. Não havia nada que me impedisse de fazer isso acontecer. Eu lutaria para voltar ao coração e à cama dela. Sem falar que essa parceria me proporcionaria uma posição segura. Agora, ela não poderia simplesmente desaparecer. O contrato é minha esperança, e ela o entregou de bandeja para mim.

Se isso era o necessário para provar minha lealdade, meus sentimentos, então teria tudo o que eu possuía.

— Espere — ela fala, parando minha mão com a dela. — Tem algo que você precisa saber primeiro. Aquelas manchetes sobre o meu aniversário de vinte e um anos. É tudo verdade.

— Acho difícil de acreditar — digo com aspereza.

Ela se afasta.

— Para mim, é importante que você saiba a verdade primeiro.

— E, para mim, é importante assinar sem saber a verdade. Você está arruinando o meu gesto nobre.

— Como pode ter senso de humor em um momento como esse?

— É parte do meu notável charme — respondo, rabiscando minha assinatura na primeira página.

— Droga, Alfonso — ela murmura. — Você não pode realizar um gesto nobre quando não sabe tudo. A verdade pode te fazer mudar de ideia.

Uma parte dela esperava que fizesse.

Eu continuo assinando.

— Conte o seu segredo — solicito.

— Jenny queria sair no meu aniversário de maioridade. Ela não gostou nada que eu estivesse planejando ficar em casa. "Você merece se divertir um pouco, Lady Portilla".

Eu estremeço, reconhecendo a manipulação daquela pilantra.

— "Ele é fofo", ela me disse. "Vá ser um ser humano normal. Encha a cara. Passe a noite com um estranho". Eu era jovem. Estava bêbada. E facilmente influenciada pela minha amiga. — Anahí diz a palavra "amiga" com amargura.

Ela continua.

— Eu não fazia esse tipo de coisa. E por um bom motivo. Mas naquela noite, eu me senti mais uma Jenny Smith do que uma Anahí Portilla. Eu estava entrando no carro do cara quando uma garçonete me tirou dele. "Acredite em mim, querida, você não vai gostar de si mesma quando acordar amanhã."

Ela esfrega os joelhos com as palmas das mãos.

— O barman tentou convencê-lo a ir de táxi para casa. Houve uma briga pelas chaves, mas no final ele foi embora no carro. Encontrei Jenny dentro do bar. Ela parecia quase com raiva por eu não ter ido com ele. "Você é boazinha demais para o seu próprio bem", ela reclamou. Eu senti que a decepcionava, então paguei outra rodada. Era assim que eu geralmente compensava Jenny. Comprando coisas para ela. Ela gostava de presentes. E eu gostava de ter uma amiga.

Miss Independent - Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora