Capítulo um

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Presídio feminino do estado de Seul

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Presídio feminino do estado de Seul.

Seu corpo foi lançado com força para a frente, fazendo-a quase cair antes de conseguir se equilibrar. Seus olhos castanhos percorreram a extensão de todo o pátio, analisando meticulosamente todas as garotas do local. Mina pôde perceber que andavam em bandos, e que ela aparentemente era a carne nova no pedaço, pois todos os olhares estavam focados nela.

Enormes cercas elétricas eram coladas com paredes quilométricas. Havia câmeras de segurança por todos os lados e os uniformes laranjas se destacavam entre os marrons e brancos. Policiais femininas rondavam por ali, prestavam atenção em toda e qualquer aproximação estranha que poderia ser uma possível briga.

Mina não deixou de notar que, em algum momento, todos abaixaram a cabeça quando uma garota de pele extremamente clara e de cabelos loiros passava por elas. Curiosa como costumava ser, Mina jamais baixou o olhar, vendo a loira subir na mini-arquibancada, feita de ferro e madeira, e se sentar.

A loira percorreu o olhar pelo perímetro, contudo, ele parou em Mina. A expressão solene entregava que ela não queria que a olhasse, mas algo na garota a prendia.

— Myoui? Estou te chamando! — O grito da policial fez Mina pular de susto.

— Desculpe, eu não te ouvi. — Pediu, vendo a coreana, de roupa azul escuro, lhe fitar seriamente.

— Eu não costumo dar avisos para as presidiárias novatas, mas vi que ficará um bom tempo aqui, então sugiro que não a encare. Ela não gosta. — A policial falou e Mina assentiu, dando uma última olhada para a garota antes de ler o nome no crachá da policial.

— Em que posso ajudar, senhorita Heo? — Mina perguntou e a policial apoiou sua mão direita sobre a arma em sua cintura.

— Tem visita para você, me acompanhe. — Ela disse, prendendo as mãos de Mina em suas costas e a levando dali.

— Visita? Sabe quem é? — Mina indagou.

— Não sou sua escrava, detenta. Da próxima vez descubra por si só. — Younggi disse friamente. — Nem todas as policiais aturam essas perguntas. Algumas são realmente más, então procure não falar com elas. — A policial alertou. — Enfim, é sua advogada e sua irmã.

— Obrigada pelo conselho. — Mina disse. Caminharam o resto do caminho em profundo silêncio e, quando finalmente chegaram, a advogada fez questão de deixar que soltasse Mina das algemas, e assegurava que ela não era perigosa.

— Por onde esteve? — Mina perguntou assim que a policial a soltou e se afastou. Sua irmã correu para seus braços e a abraçou fortemente.

— Eu realmente quis tirar férias do mundo. A assistente social de Mia que conseguiu me contatar através de um amigo. — Falou, se separando do abraço.

— Mia ficará com você? — Mina perguntou e Sana suspirou, assentindo. Mia era filha de seu irmão mais novo, ele havia tido ela muito novo, porém a mãe da criança morreu na mesa de parto, logo após o nascimento da menina, desde então Mina que ajudava a cuidar da criança, junto com Sachiko.

— Sim, não pude acreditar que mamãe fez isso. — Sana disse paralisada, prendendo o choro. — Ela nunca havia feito nada mais do que nos agredir, mas isso há muito tempo. Nós deveríamos ter...

— Hey... — Mina disse, segurando sua mão e olhou de relance para a advogada, que mantinha a cabeça baixa esperando o momento íntimo delas acabar. — Não dá mais para mudarmos isso, é melhor não nos machucarmos dessa forma. — A mais velha assentiu cabisbaixa. — Como você está?

— Como eu estou? — A irmã dela perguntou incrédula. — Você é que foi presa injustamente, não eu. Como você está? — Mina suspirou.

— É, mas você também perdeu um irmão.

— Você não precisa ser tão empática o tempo inteiro, Mimi. Eu estou me virando aqui fora e eu vou te tirar daqui. — Sana disse com determinação. — Essa é nossa advogada, Park Jihyo, perdão não lhes apresentar antes. — A mulher estendeu a mão para Mina e apertou de modo formal.

— Temos boas e más notícias para você, senhorita. — A advogada Park anunciou. Mina analisou que ela vestia um conjunto social cinza, com uma blusinha branca por baixo. Sua saia batia um pouco abaixo do joelho e sua expressão era solene.

— Diga qualquer uma primeiro, pior do que estou, só morrendo. — Mina disse dando de ombros.

— Certo. A boa é que ainda nessa semana juntaremos provas o suficiente para te tirar daqui. — Jihyo disse, apoiando as duas mãos sobre a mesa de alumínio. — E a má é que, embora sejam uma família rica, a juíza decretou a próxima audiência somente em seis meses. — Os olhos de Mina se esbugalharam.

— O quê? — Exclamou atônita. — Vou ter que ficar seis malditos meses aqui?

— Infelizmente o julgamento já foi finalizado e para reabrir o processo a fila é enorme, é fim de ano, temos poucos juízes neste estado, teremos que esperar. Não posso oferecer dinheiro, seria suborno. — Mina levou as duas mãos até seu rosto e meneou a cabeça, aflita demais para processar a informação.

— Virá me visitar com frequência? — Mina indagou à sua irmã.

— Vou dar meu melhor, com isso das papeladas da Mia e meu trabalho, você sabe... — Sua frase morreu, contudo, Mina assentiu.

— Se não conseguir vir em menos de três semanas, pode me fazer um favor? — Sua irmã assentiu. — Compre um unicórnio enorme de plástico para nossa sobrinha. É o que ela me pediu de aniversário. — Mina disse tristemente. — E diga que foi presente da tia Mina.

— Tudo bem, agora precisamos ir, mas se cuida, maninha. — Sana disse, dando um rápido abraço em Mina. — E se mantenha fora do alcance das garotas daí, são perigosas. Não diga a ninguém que você é rica e tudo ficará bem. — Mina assentiu e se despediram.

Quando a policial lhe colocou no pátio novamente, a primeira coisa que Mina notou foi o par de esferas castanhas sobre si e, instantaneamente, o aviso da policial Heo soou em sua mente: "Não a encare, ela não gosta."

Se não gosta, então por que fica encarando também? Pensou Mina, mas desviou os olhos mesmo assim, afinal, não queria brigas, muito menos em seu primeiro dia ali.

Presa Por Acaso | MiChaengOnde histórias criam vida. Descubra agora