OS COVARDES MORREM VÁRIAS VEZES antes do dia de sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez. Este era um ditado muito popular que minha mãe dizia toda vez que meu pai ia à guerras ou aparecia algum empecilho na corte, talvez tentando me acalmar, para que minha mente ficasse tranquila e eu entendesse que tudo passa e se não passasse, não seria algo dolorido de se enfrentar. Nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro, enquanto grande parte dela já ficou para trás. Com essa certeza, passei a não ter medo de enfrentar as coisas ruins que a vida nos traz, além de não temer mais algo que se é inevitável. A vida é cheia de pequenas mortes, até que o cessar da vida realmente chegue. Foi no que eu acreditei, até de fato morrer. Enfim, cá estou eu. Encarando uma das pequenas mortes que terei de enfrentar até minha segunda morte.
Eles dizem que o demônio é um animal horrível, com chifres vermelhos, bestas que é impossível de se encarar. Mas eles estão errados, o demônio pode ser lindo, pode ser desejável e ter aparência humana. Ele pode ser uma mulher requisitada sentada em um trono preto, e pode ser claramente encarado.
- O que é isto? - Amarantha pergunta enquanto parece horrorizada ao reconhecer o meu rosto. Meus olhos se abrem com dificuldade. - Uma convidada especial, eu imagino.
- Um lixo humano. - Sibilou o Attor, continuei tentando me localizar, conseguia apenas sentir uma mão gelada em meu braço, unhas afiadas me agarrando.
- Sim, eu vejo isso. - Sua expressão logo saiu de aterrorizada, para uma fingida. Um sorriso de víbora nascendo no rosto belíssimo da mulher. - Aemond?
- Sim, sua majestade? - A voz cínica de Aemond incomoda meus ouvidos mas eu não me deixo levar pela raiva que sinto dele, continuo procurando forças para ficar de pé sozinha.
- O que significa tudo isso?
O plano pareceu ressurgir em minha cabeça no minuto seguinte; precisava ser amiga dela, não inimiga. Precisava me infiltrar entre sua corte, não fazê-la me odiar. Precisava ser sua serva. Mas como faria isso? Uma jogada inteligente seria usar da manipulação do poder de meu nome, mas isso apenas a faria me matar mais rápido. Respiro fundo, enquanto tento pensar. Agilidade, Athena, rápido! Eu estou jogando xadrez agora, qualquer passo errado, e é cheque-mate.
- Vim reivindicar meu lugar ao lado da rainha vermelha. - Murmurei baixinho, qualquer tipo de raiva desaparecendo, minha expressão ficou limpa.
- Você? Humana? - Amarantha riu como um corvo. Quando levantei minha cabeça novamente deixando que ela observasse meu rosto, essa risada se cessou. - Você deveria estar morta.
- Deveria. - Minha voz aumentou, com dificuldade me coloquei de joelhos ao chão. Fui ágil ao pensar em uma história falsa. - Mas você me mostrou sua misericórdia.
- Ah? - A corte arquejou, Amarantha fechou sua expressão.
- Eu estava morrendo, não se lembra? Estava prestes a ter uma estaca em meu coração. Mas você salvou a mim, e aos meus dragões. - Murmúrios em toda a corte começaram, pessoas surpresas, algumas com raiva. Apenas uma família tinha acesso aos dragões. E o último membro fora morto brutalmente pela rainha vermelha, todos sabiam dessa história. Todos conheciam a assassina, montadora de dragões, Visenya. Um pequeno sorriso apareceu no canto da minha boca. Amarantha estava de queixos caídos, mas ela parecia entrar em meu jogo. - Embora, eles não tenham sobrevivido, eu ainda estou aqui. Todos esses anos, procurando pela mulher piedosa que salvou a minha vida. Devo tudo a você.
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𝐅𝐈𝐑𝐄 𝐀𝐍𝐃 𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃, acotar + hotd fanfiction.
Hayran Kurgu˳ ᰋ ʿʿ 𓈒 • 𝗔𝗧𝗛𝗘𝗡𝗔 𝗔𝗥𝗖𝗛𝗘𝗥𝗢𝗡 é conhecida na vila onde mora por sua beleza anormal. Carregando cabelos brancos como pele de lobo e olhos um pouco amarelados, a menina se diferencia das suas outras três irmãs. Por isso, sempre fora t...