Olive
Seguia na missão de chegar a casa viva, com ele.
- Como é que fazes este caminho todo até casa todos os dias?
- Normalmente 'tou de fones e isso ajuda. E outras vezes vou de skate.
- Já me doem os pés.
- Queres que te leve às cavalitas?
- Haha que fofo! - respondi irónica.
- Vá já 'tamos a chegar. - tirou um cigarro da mochila.
- Não vais fumar comigo ao lado.
- Vou. Fumo quando 'tou stressado.
- Tu stressado? És a pessoa mais "descontraída"- carreguei nas aspas com os dedos. - que eu conheço.
- Obrigado pelo "elogio". - disse também carregando bastante nas aspas, expelindo simultaneamente o fumo.
- Que é que tens afinal?
- Cenas com a Harper.
- Ah aí já não posso ajudar.
- Por acaso até podes. Ajudas-me a esquecer-me dela. - «o que é que ele quis dizer com aquilo?!» pensei; mantive-me calada por um tempo enquanto andávamos.
- E é esse o teu objetivo?
- Quer dizer, tendo em conta que no tempo em que 'tive contigo não fumei sim. Fazes-me bem acho eu. - «estaria eu a ouvir aquilo? O vizinho que eu não suporto, disse...» pensei.
- Sendo assim... - aproximei-me dele.
Tentei pegar-lhe no cigarro para o deitar fora, mas ele não deixou; avisou-me para parar e ia sempre esquivando a mão (o que me fez aproximar demasiado para o que eu queria) agarrou-me o braço e os nossos olhos cruzaram-se de repente, fazendo com que parássemos qualquer movimento.
Deixei de sentir tanta pressão por parte da mão dele no meu pulso, aproveitei, peguei no cigarro mandando-o para o lixo mesmo ao meu lado; piscou os olhos e afastou-se do meu corpo.
Jake
«Que é que foi isto. Não é suposto esquecer a Harper assim.» pensei.
Eu literalmente paralisei com a minha vizinha tão próxima. SOS Jake. SOS.
- Terra chama Jake. - ouço subitamente. - Vais ficar aí parado?
Chegamos ao condomínio, a minha irmã estava cá fora eu cumprimentei-a despenteando-lhe o cabelo, depois observei-a ir ter com a minha vizinha que entrava em casa. Antes de subir para o meu quarto fui ao frigorífico buscar água com gás; entrei no quarto deixando a mochila num canto e deitei-me na cama com o telemóvel aberto no Insta. Aproveitei que estava na aplicação e comecei a segui-la (que pelos vistos já me seguia); posteriormente vi os stories da minha namorada que ao que parece estava numa festa, mandei-lhe mensagem mas ela não respondeu, mais uma vez. Nem sei porque me ei de continuar a queixar-me, não tarda torna-se um hábito.
Peguei noutro cigarro e saí até às traseiras de minha casa para não arriscar que ficasse o cheiro em casa; vesti a sweat antes de sair e coloquei o capuz. De repente ela aparece.
- Desculpa não sabia que 'tavas aqui.
- E que é que TU 'tás a fazer as estas horas aqui? Andas com um gajo e os teus pais não sabem?
- Não encontro a May em lado nenhum.
- Tens uma cadela?
- Uma gata. - expeli o fumo.
- Aqui não 'tá.
- Agradecida pela ajuda. - vi-a virar-se em direção a casa, porém voltou-se depois. - Qual é o stress desta vez? - percebi o porquê da questão. O cigarro.
Acabo mesmo por "desabafar" com a rapariga da casa ao lado.
- Ela 'tá numa festa com gajos sem me responder.
- Já pensaste em ir falar com ela pessoalmente. Pra pelo menos esclarecerem as cenas.
- Não é uma ideia totalmente parva.
- Belo elogio. - dei uma longa passada antes de deitar metade do cigarro fora, olhei para ela.
- Queres que te ajude a procurá-la? - denotei pela cara da Olive e pelo silêncio momentâneo, que não esperava a minha oferta de auxílio.
- Provavelmente 'tá debaixo da minha cama e eu não reparei. - deixou-me novamente ali e seguiu para a frente.
Antes que entrasse perguntei:
- Amanhã depois das aulas em minha casa? - ficou novamente perdida no que eu tinha perguntado.
- Ah explicações?
- Yep.
- Combinado. - esperei vê-la entrar antes de me dirigir ao interior de casa.
Muitas vezes acho estranho o quão fácil é falar com a minha vizinha mesmo nós não sendo tecnicamente "amigos"; não precisava de muitas palavras, ela entendia-me na minha simplicidade, que provavelmente era entendida pela sociedade como arrogância.
Esse é mesmo 60% do motivo pelo qual não me dou com ela: muito queridinha; nem a quero estar a ofender mas acho que se namorasse com ela fartava-me muito fácil.
Os restantes 40% serão destinados ao facto deu claramente não fazer o género dela.
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O meu vizinho
RomanceRomance escrito em português de Portugal. Olive Anderson é uma rapariga simples, inteligente e doce (exceto com o seu novo vizinho). Jake Martin, típico badboy, pegador nato e por vezes antipático mudou-se para o seu condomínio há uns meses, porém a...