Olive
Era um rapaz de cabelo escuro, alto, concluo mais velho que eu (já que estuda aqui) e com olhar forte, seguro, por vezes intimidante. Pega nas folhas que deixei cair, pois (sem percebe ainda porquê) parecia que o meu corpo não tinha resposta, como se tivesse parado no momento em que dei de cara com ele.
- Desenhas? - voltei a raciocinar.
- Hm, sim. Ia agora em direção ao Ateliê imprimir uma delas.
- 'Tá fechado.
- Ahhh. Então eu volto mais tarde. - tiro-lhe as folhas da mão.
- Eu tenho impressora no quarto se quiseres.
- Hm. Sim pois... - sou salva pelo toque do telemóvel: era o meu colega de quarto. - Tenho de ir, mas obrigada pela oferta.
~ Acabas de me salvar.
~ 'Tando eu por perto tu 'tás sempre a salvo.
~ Revirando os olhos Jake.
~ Mas afinal, salvei-te do quê?
~ Do convite de um gajo pra ir ao quarto dele.
~ Repete lá isso. Ias pra cama com um gajo?
~ What? Não, eu não disse nada disso.
~ Não? Mas o convite de um gajo pra ir ao quarto dele não é exatamente o mesmo?
~ Desde quando?
~ Confia em mim olhos verdes, eu sei onde a cabeça de um gajo vai parar neste tipo de circunstâncias. 'Tás onde?
~ No corredor perto do ateliê de design.
~ 5 minutos e 'tou aí.
~ Quê? Não é preciso.
~ Não te vou deixar aí com um gajo qualquer.
~ Tranquilo eu... - interrompe-me.
~ 2 minutos e meio. - desligou.
Não era suposto o Jake vir aqui ter, eu tinha saído de junto deles para conseguir imprimir a minha carta para o aniversário dele, amanhã. Chato como ele é já sei que vai insistir até me irritar de morte, para ver o que é que eu tenho nas mãos. Tive 2 minutos e meio para pensar num plano melhor do que simplesmente escondê-la atrás das costas, conclusão: precisava de mais tempo. Jurei que ele vinha do lado esquerdo, mas de repente alguém me prega um susto tocando por trás, com as mãos na minha cintura. Viro-me sobressaltada.
- Pensei que vinhas do outro lado. - digo nervosa.
- Porque é que 'tás nervosa? - ri-se.
- Eu 'tou normal.
- O que é que tens aí?
- Nada. E por favor não venhas pra cima de mim pra ver o que é.
- Como é que sabias que era isso que eu ia fazer?
Aproxima-se, colando-se a mim para tentar pegar no que eu tinha na mão. Naquela agitação toda de o impedir de agarrar na folha o nariz dele toca no meu; fiquei logo desconfortável com a proximidade e afastei-o.
- Agora tens segredos pra mim?
- Oh a sério não venhas com essa conversa.
- 'Tou a gozar, 'tava a imitar como seria a tua reação.
- Haha. - ri-o irónica. - Como se à 10 minutos atrás não fosses tu que 'tavas a fazer drama.
- Por causa de um gajo.
- Sim, que não tinha nada demais.
- Vá, vá isso já passou. Quem 'tá aqui agora é o damo.
- Aonde? Que eu não o vejo.
«Eeee voltamos ao mesmo», pensei. Isto porque ele se baixa para ter o rosto ao mesmo nível que o meu, fazendo com que os nossos lábios se aproximassem outra vez.
- A forma como te baixaste pra 'tares à mesma altura que eu fez-me sentir pequena. - constato.
- Se quiseres pego-te ao colo pra te sentires grande.
- Olha eu desisto.
- Porque te provoco de cada vez que tu tentas desconversar.
- Precisamente.
- Então faz o mesmo, pode ser que eu comece a desconversar também.
- Ou não.
- Ou não, também posso levar o jogo demasiado a sério e provar do que és capaz. - coloco a minha mão sobre o ombro dele empurrando-o.
- Mas antes disso eu afasto-te, que é o que tenho feito até aqui.
- Isso cabe-te a ti decidir.
- E a ti cabe-te aceitar.
Umas horas depois estávamos todos na entrada da Universidade à espera do autocarro de volta para casa. Eu a suplicar ao Jake que não bebesse mais café, porque depois quem tinha de aguentar o pique de energia dele agora durante a noite era eu; o Max estava no telemóvel enquanto a Gwen dormia no ombro dele e o Chase estava connosco, no caso a assistir à nossa "discussão" pelo café.
Durante a viagem ainda tive de lidar com a animação do Chase a cantar músicas da terrinha e os outros a juntarem-se à festa, enquanto eu tentava ouvir o hino "I Have Questions" nos fones.
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O meu vizinho
RomanceRomance escrito em português de Portugal. Olive Anderson é uma rapariga simples, inteligente e doce (exceto com o seu novo vizinho). Jake Martin, típico badboy, pegador nato e por vezes antipático mudou-se para o seu condomínio há uns meses, porém a...