Olive
Quando passei pela sala para ir falar com ele o meu pai chama-me.
- Passou-se alguma coisa?
- Não porquê?
- Vocês foram há pouco lá pra dentro e ele já saiu.
- Ele é assim. - franzo as sobrancelhas.
- E a tua mãe sabe?
- Pai eu não namoro com ele! - apresso-me a tirar-lhe essa ideia da cabeça!
- Porquê? Ele namora?
- Não.
- Então ainda não lhe disseste que gostas dele. - depreendeu.
- Não! Eu simplesmente NÃO gosto dele.
- Eu já vi esse olhar antes Liv.
- Pai não comeces. E não digas à mãe que ele esteve no meu quarto que eu sei perfeitamente onde a conversa vai parar.
*
Toquei à campainha, quem me abriu foi a Saddy que me cumprimentou de imediato. Vi-o descer as escadas pouco depois de falar com ela.
- Mandei-te mensagem. - declaro ainda longe.
- Eu vi.
- E não respondeste?! - interroga-o a irmã perplexa. As duas entramos para a sala, onde ele se tinha alojado naquele preciso momento.
- Exato.
- Pirralha podes ir pro quarto? - depois de revirar os olhos e de me dar um abraço acaba mesmo por deixar a sala.
- É claro que ficaste chateado. - declaro já depois da pequena ter saído.
- Eu disse que tava na boa.
- Mas notoriamente não 'tás. Até o meu pai já anda prali a fazer filmes na cabeça dele. - olha-me confuso. - Diz que "viu a forma como eu olho pra ti". - reviro os olhos.
- E ele tem razão?
- Não!
- Esse «não» foi pra mim ou pra ti mesma?
- Jake para!
- É uma pergunta como outra qualquer.
- Eu não sei ok? Satisfeito?
- Por acaso posso dizer que sim. - replica sorrindo.
- Odeio quando sorris enquanto eu me 'tou a passar contigo.
- Basta que me faças parar de sorrir. - alega diminuindo o espaço entre nós; levo as mãos à cara questionando-me a mim mesma que merda é que eu tinha na cabeça para aceitar TUDO isto. - 'Tás mortinha pra me faltar pra cima não 'tás? - foi esta última frase dele que me trouxe à realidade.
Depois de um momento de "tensão" entre nós, em que eram nítidos os nossos olhares de ressalto sobre os lábios um do outro, coloquei a minha mão no peito dele; apesar de tudo, o batimento cardíaco dele permanecia estável, então só o empurrei suavemente.
- Não. - embora a minha resposta, o olhar dele continua fixado no meu. - Neste momento só quero que não fiques estranho comigo.
- Ok. - exclama suavemente.
- Assim tão fácil?
- Sou um rapaz de bom coração. - diz exibindo o seu sorriso parvo. - Além disso o meu aniversário é daqui a uns dias e nesse momento vou precisar de ti pra pôr o meu plano em prática.
- Logo vi. - afasto-me. - Ás vezes até me esqueço que és um puto de 17 anos.
- Haha - replica irónico. - mas porquê? Olhas pra este corpo e pensas que é demasiado pra alguém mais novo que tu... - diz-me provocador.
- Tu consegues sequer passar 1 minuto sem te exibires?
- Por acaso enalteço-me mais quando 'tou contigo, porque ao que parece ainda não percebeste o que 'tás a perder.
- Para! - tapo novamente o rosto e suspiro para não chorar; pega-me no pulso e sorri.
- Vá sabes que é no gozo.
*
Voltei para casa, estive a terminar uns esboços que tinha e hoje finalmente jantei com a minha família (habitualmente os meus pais têm dias tão ocupados na empresa, que chegam quando a Nora já saiu e eu estou a dormir ou a terminar de ver um episódio de uma série). Depois estive a noite toda em chamada com os meus besties, onde surge o tema «eu e o Jake», uma vez que cantávamos eufóricos "Bleeding Love" e eu ainda não tinha contado ao Cooper, a Gwen lembrou-se de comentar à cerca do assunto. A reação na verdade foi a que eu esperava, desde os meus 15 anos que o Cop me apoia imenso no que toca a relacionamentos, não que a Gwen não o faça mas acho que a vertente "artística romântica" dele facilita que assim seja.
Durante o sábado estive aliás na casa dele, porém no domingo fiquei mais por casa, até porque tinha uma malinha para a comitiva de segunda por fazer. A Saddy também apareceu fazendo-me companhia até ficar para o jantar, já que novamente os nossos pais passavam mais um fim-de-semana fora.
- Vais deixar o teu irmão jantar sozinho?
- Ele é que me deixou sozinha, foi ter com a namoradinha. - acho que a minha cara de perplexidade foi evidente. - Não te surpreendas que não é a primeira vez. - revira os olhos enquanto prova o guisado.

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O meu vizinho
RomansaRomance escrito em português de Portugal. Olive Anderson é uma rapariga simples, inteligente e doce (exceto com o seu novo vizinho). Jake Martin, típico badboy, pegador nato e na maioria das vezes antipático, mudou-se para o seu condomínio há uns me...