Segunda opção

60 3 20
                                    

Olive

[OUVIR: «Car's Outside (sped up)» - James Arthur]

Ok e acaba de acontecer uma situação semelhante hoje:

Falávamos por chamada, todavia ele estava atrasado e portanto bastante apressado. Ao despedir-se de mim:

~ Vá tchau, amo-te.

~ Desculpa? - suponho que só depois é que ele raciocinou o que tinha acabado de dizer.

~ Desculpa não era pra... - tenta emendar de imediato, no entanto eu interrompo.

~ Não, deixa 'tar.

Eu sei que por decisão minha nós tínhamos uma relação sem rótulo, mas será que ele estava mesmo a gostar de mim?

Eu e o Jake já tínhamos tido esta conversa antes e para minha surpresa ambos concordamos que um «adoro-te», ou até um «gosto de ti» podia significar mais que um «amo-te».
Sejamos sinceros comunidade: a expressão «amo-te» é muito banalizada.

Ele disse «amo-te», pode não ter sido nada demais, mas no que toca a um telefonema toda a gente sabe que é o que namorados costumam dizer um ao outro.

~ Falámos depois. - diz ofegante provavelmente por estar a correr.

~ Vens ter a minha casa?

~ Sim, quando sair do ginásio.

Os pais da Sadie e do Jake passam mais tempo fora do que os meus pais, apesar de serem sócios da mesma empresa. Hoje vai haver um jantar ao qual eu fui convidada pelo meu "não-namorado" na casa dos Martin.

Sinceramente estou nervosa. Eu conheço o pai e a mãe dele, aliás são meus vizinhos e as nossas famílias dão-se super bem e quer dizer não é como se fosse uma espécie de "introdução da minha nova namorada aos meus pais"... Certo?

Isso não interessa agora. O Jake vai sair do ginásio especialmente gostoso e vir a minha casa ter comigo antes do convívio entre família... A qual agora eu pertenço pelos vistos.

Não! Tenho de parar de pensar nisto. É só um jantar e o meu único objetivo neste momento é estar apresentável.

Jake

Estava todo soado e com o cabelo mais despenteado quando finalizei o meu treino, tomei banho e segui para casa da Liv.

Cumprimentei a Nora ao passar pela cozinha e fui ao encontro da minha baixinha de 1'58 preferida. Bati à porta.

- Podes entrar Jake. - assim que entro ela dá-me um beijo e volta ao armário.

- Como é que 'tamos?

- 'Tás com o cabelo molhado. - constata.

- Não perco tempo a secar com secador.

- Por acaso ficas ainda mais giro assim.

- Não és a primeira a dizê-lo. - lança-me um olhar menos descontraído.

- Queres um prémio? - pego-a pela cintura e beijo-lhe a bochecha.

- 'Tava a meter-me contigo. - permanece insatisfeita.

- A cena é que eu sei que o que tu disseste nem é mentira.

- Achas que tenho assim tantas qualidades de sedução?

- Se não tivesses não 'tava contigo.

- E tu não 'tás. - retira as minhas mãos do corpo dela e afasta-me.

- Queres dizer alguma coisa com isso? - sento-me na cama, apoiando o peso do corpo sobre os meus braços inclinados para trás.

- Não, calma 'tava só a gozar.

- Pra começar escusas de te pôr assim.

- Assim como?

- Nessa posição que te deixa ainda mais atraente. - riu-me.

- Ok desculpa, não sabia. - troco de posição.

- Agora quero a tua opinião em relação a isto... A nós.

- Que é que queres que te diga?

- O que te passa pela cabeça, mas que tu não me dizes.

- Não é nada de mais.

- Força.

- É só que eu gosto MESMO de ti. Nunca te disse diretamente, porque achei que soubesses.

- Quando dizes «mesmooo» queres dizer o quê em concreto?

- Que por mim tu eras minha e eu era teu.

- Não entendo... - interrompo-a, levanto-me encarando-a de perto e é aqui que posso ter dito tudo o que era estritamente proibido:

- Não te quero partilhar com mais nenhum ok?

- EU partilhei-te este tempo todo com a tua ex Jake.

- Não é comparável. Eu 'tava confuso, mas tu nunca foste A SEGUNDA OPÇÃO.

- E tu também não és.

- Então faz de mim a tua primeira escolha.

- Não quero que me interpretes mal, mas não compreendo como é que tu te apaixonaste assim "de repente" por mim.

- Apaixonei-me por ti. Não sei como e posso nem saber porquê. Só me apaixonei.

- Desculpa eu não sei se percebi bem: acabas de dizer que te apaixonaste? Por mim?

- 'Tou a tentar dizer-te isso à semanas. - fiquei calada por algum tempo. - Tu não acreditavas porque não sentes o mesmo não é ?

Não sabia o que lhe responder. Nunca ninguém tinha declarado o que sentia por mim e eu também nunca o tinha chegado a fazer. Olho para trás e vejo que ele mudou a definição de tudo aquilo que eu sou, acho que ele merece saber a verdade.

O meu vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora