Olive
[OUVIR: «Happier Than Ever - Billie Eilish»]
Liguei à Gwen quando saí, porém ela desligou-me na cara, nesse instante apercebi-me de que algo não estaria bem e fui procurá-la, até a encontrar no alpendre da casa onde ocorria a festa; tinha o telemóvel à mão e parecia aguardar alguém chegar. Apanho-a de surpresa, contudo não estava com a melhor cara de certo.
- Procurei-te por tudo o lado. - olho a nos olhos. - 'Tá tudo bem?
- Não, não está tudo bem. - diz-me contendo as lágrimas. - Eu disse-te que não queria vir Liv.
- O que é que aconteceu? - questiono preocupada.
- Aconteceu o estúpido do Max. Fui à casa de banho de lá de cima, porque já estava alguém a usar a de cá de baixo - «eu e o Jake portanto», pensei. - e encontrei-o aos beijos com uma gaja.
- Oh Gwen desculpa a sério. - abracei-a, mas ela afastou-me logo de seguida.
- Não precisas de fingir o teu arrependimento, eu já chamei um Uber e já 'tou de saída. Próxima vez informa-te melhor à cerca do teu novo amigo.
- Gwen.
- Como é que tiveste sequer a coragem de dizer que ele 'tava diferente. Continua exatamente a mesma merda.
- Por favor não fiques chateada comigo.
- Pensaste nisso antes de me pores numa situação de onde sabias que eu ia sair magoada?
- Foi com uma boa intenção.
- De boas intenções 'tá o inferno cheio.
- Tu és a minha melhor amiga.
- Sabes que o Cooper não me faria isto. Melhores amigos não fazem isto uns aos outros. - o Uber dela estaciona. - Diverte-te no resto da festa. - avisou-me nitidamente ferida.
Vi-a ir-se embora sem conseguir conter as lágrimas, andei um pouco para as traseiras e sentei-me num canto encostada à parede da casa. Apesar de ser verão a noite estava gélida e pela forma como as minhas pernas despidas tremiam não era uma coisinha "soft". Mantenho a cabeça para baixo não só pelo frio mas sobretudo por causa das lágrimas que me escorriam no rosto.
- Wtf 'tás a chorar? - ouço alguém dizer num tom de brincadeira, percebo que é o Jake antes de sequer levantar a cabeça, pois a voz dele é inconfundível. - Porra 'tás mesmo. - anuncia agora num tom pareceu-me preocupado; agacha-se à minha frente, apoia os braços sobre os joelhos, ficamos assim da mesma altura - Fiz merda?
- Não. - a sua preocupação quase me fez sorrir, contudo consegui dizer com a voz ainda a falhar. - Eu e a Gwen discutimos.
- Ah ok. - exclamou extremamente aliviado, porém vendo a cara que fiz tenta "redimir-se". - Não que isso seja melhor claro. Queres companhia ou preferes que baze?
- Tudo bem 'tás à vontade. Aliás o que é que TU fazes aqui?
- 'Tava à tua procura.
- À minha procura? - interrogo-o confusa.
- Ficaste com o meu casaco. - aponta com a cabeça para ele.
- Ah desculpa, nem sequer tinha reparado. - começo a tirá-lo.
- Não deixa 'tar.
- Mas e foi só por isso que vieste aqui?
- Na verdade... precisava de fumar e aqui era o sítio mais indicado.
- Porque é que precisas de fumar desta vez?
- Não me apetece responder a isso. - replica com uma voz desafiante.
Jake
Passado alguns segundos observei-a as pernas dela tremerem e francamente com a quantidade de álcool que tinha consumido não me soou assim tão errado o que fiz; passei as minhas mãos pelas coxas dela, esfregando para a aquecer. Os olhos dela fixam-se em mim.
- É essa a tua tentativa pra me aqueceres?
- 'Tá a resultar? - assente e ri-se.
Eram duas e meia quando o Max nos deixou na nossa residência, entrei em casa, todavia um/dois minutos depois a campainha soou. Era a minha vizinha.
- Já com saudades?
- Devo ter deixado a minha bolsa no carro do Max e agora não tenho chaves pra entrar em casa.
- Lixado. Boa sorte a tentar entrar pela janela.
- 'Tá trancada.
- Agora fechas a janela, porquê? Tens medo que entre a meio da noite?
- Quase isso. Anda lá a sério, não posso ir dormir à casa do Gwen porque ela 'tá chateada comigo, não posso ligar aos meus pais porque o telemóvel 'tá dentro da bolsa e mesmo que quisesse eles já 'tão a dormir de certeza. Nunca pensei dizer isto, mas és a minha única opção.
- Isso soa-me a imploração com choro incluído.
- Nem morta.
- A tua sorte é que eu já bebi uns copos, por isso se me arrepender posso dizer que foi do álcool.
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O meu vizinho
RomanceRomance escrito em português de Portugal. Olive Anderson é uma rapariga simples, inteligente e doce (exceto com o seu novo vizinho). Jake Martin, típico badboy, pegador nato e por vezes antipático mudou-se para o seu condomínio há uns meses, porém a...