Jacqueline
Eu via a minha vida toda como se já a tivesse vivido. Um desfile interminável de festas e bailes, iates e partidas de polo. Sempre a mesma lenga lenga de sempre! Pessoas vazias, conversas sem conteúdo. Eu me sentia como se estivesse em um grande precipício, sem ninguém para me puxar dele. Ninguém que ligasse, nem que ao menos notasse.
Me levanto da mesa de jantar mais desesperada que o normal, indo até o camarote. Chegando em meu quarto, desfaço o coque com avidez, tento tirar o vestido vermelho e aquele maldito espartilho.
-Trudy?-Chamo minha criada, mas não obtenho resposta.-Trudy??-É, realmente ela não estava. Me olho no espelho aos prantos, imaginando como seria minha vida na América, casada com aquele homem grosseiro somente para assegurar a nossa situação financeira. A menos que eu não estivesse viva para isso...Saio correndo mais uma vez, aos prantos, com destino à popa, acabo esbarrando em algumas pessoas. Assim que cheguei lá, fico algum tempo olhando para o oceano embaixo de mim. Subo no corrimão, ficando do outro lado, pendurada. Estava prestes a me jogar naquelas águas geladas, era a única solução possível! Foi quando escuto uma voz desconhecida.
-Não faça isso.-Inclino meu rosto e vejo o mesmo rapaz que estava no deque durante o dia, eu o reconheci pelos cabelos, que estavam esvoaçantes por conta do vento frio.
-Se afaste! Não se aproxime!
-Vamos, me dê sua mão, eu puxo você de volta.
-Não! Fique onde está! Eu falo sério. Eu vou pular, hein!-Volto a olhar para baixo. Ele se aproxima um pouco mais para jogar seu cigarro no oceano depois de dar uma última tragada.
-Não pule.
-Como diz que não vou pular?? Olha aqui, não pense que você pode dizer o que eu devo ou não fazer, não me conhece!
-Bom, eu já teria pulado...
-Está me distraindo, vá embora!
-Não posso, já me envolvi demais. E se você for pular, eu vou ter que pular atrás de você.-O rapaz começa a tirar seu casaco.
-Não diga absurdos! Assim vai se matar!
-Eu nado bem.-Desamarra suas botas.
-A queda pode te matar.
-Vai machucar. Não estou dizendo o contrário.-Termina de tirar as botas.-Estou mais preocupado com a água ser tão fria.
-Muito fria?
-Congelante. Uns dois graus acima de 0. Você já foi em Wisconsin?
-Quê??-Indago confusa.
-Eles tem um inverno dos mais frios! Eu nasci em Gary, Indiana. Mas passei a adolescência em Chippewa Falls. Eu e meu pai costumávamos pescar no gelo, no lago Wissota. Pescar no gelo, sabe quando...
-Eu sei o que é pescar no gelo!!-O interrompo, bem irritada.
-Desculpa. É que você não parece ser uma garota esportiva. Enfim, eu caía no gelo. E posso dizer com todas as letras: água gelada, assim como essa aí...parece que tem mais de mil facas entrando em nosso corpo.-Ele diz enquanto observa a água.-E não dá respirar, nem pensar em nada, a não ser na dor. E é por isso que eu vou ter que ir atrás de você. Como eu disse...não tenho escolha. Eu só espero que você passe por cima desse corrimão e me tire dessa irrascada.
-Você é louco.-Volto a olhar para o mar.
-Isso é o que todos dizem, mas...com todo o respeito: não sou eu quem está pendurado do lado de fora do navio.-Estende o braço para mim com cautela.-Vamos, me dê sua mão. Não vai fazer isso.-Finalmente, eu recobro o bom senso e tiro a mão do corrimão para segurar na mão daquele rapaz. Com cuidado fui me virando, e fiquei de frente com ele. Nossa como ele era lindo...aqueles cachos eram tão definidos.-Sou Michael Jackson.
-Jacqueline Karkaroff McQueen.
-Eu vou ter que pedir que escreva isso.-Depois de muito tempo, uma risada sai de minha garganta.-Vamos.-Ele me ajuda a subir, mas ao subir no corrimão, a barra do vestido longo ficou por baixo de meu sapato, e acabo escorregando. Soltei um grito assim que meu corpo caiu.
-Me ajude, por favor!
-Peguei você, vem!-Ele tenta me puxar para cima, mas o meu salto escorrega novamente, meu corpo cai pela segunda vez.
-Socorro!! Por favor, me ajuda!!-Michael aperta meu braço usando suas duas mãos.
-Ouça, peguei você! Eu não vou soltar.-Diz me olhando fixamente, transmitindo segurança.-Agora tente vir pra cima, vamos!Ele usa sua força e puxa meu corpo para cima, finalmente consegui me segurar no corrimão e apoiar meus pés. Segura em minha cintura e me tira do lado de fora do navio, puxando com força meu corpo. Mas Michael acaba ficando por cima de mim quando caímos no chão, e por uma infeliz coincidência, os funcionários chegaram bem nessa hora. Os meus gritos de socorro chamaram a atenção deles.
-O que é isso??- Os oficiais observam a cena na frente deles, minha saia estava erguida até o meio de minhas coxas enquanto eu respirava ofegante. Michael estava sem as botas e sem sua jaqueta...e os coices de burro logo tiram suas conclusões precipitadas sobre o que aquela cena insinuava.-Afaste-se! E não se mova um centímetro!-Ele faz o que o oficial ordenou, e colocou as mãos no bolso.-Agora, vão chamar a segurança!
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Titanic | Michael Jackson
Fiksi PenggemarO ano era 1912. Jacqueline McQueen, uma jovem rica, está noiva de um arrogante homem de 41 anos, herdeiro de uma siderúrgica, chamado Barry Mills. Michael Jackson, um artista pobre, ganha uma passagem de terceira classe para o luxuoso RMS Titanic, e...