Natureza

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— Se sente melhor? — O homem perguntava, enquanto juntava duas peças estranhas em sua mesa.

— Hmm... Sim.

Dottore era estranho, em todos os sentidos, ele me deu trocas de roupas novas para descer até o seu laboratório pessoal, e desde que cheguei aqui embaixo, ele não fez nada comigo... Odeio essa imprevisibilidade.

— Sabe, eu estive pensando bastante, por causa desse problema inconveniente com o Kazuha, e a pequena Collei me deu uma ideia recentemente... — Comentou, e ouvi o barulho de um estralo de metal em suas mãos.

—... Uma pequena ideia? — Me afastei um pouco, dando passos lentos conforme o corpo do homem se virava.

— Sim, uma pequena ideia... — Ele caminhou, se aproximando de mim, e me fazendo engolir a seco.

Meu coração rapidamente começou a bater forte, tão forte que eu sentia sem ao menos botar a mão lá, fazendo meu corpo todo ficar aflito, uma aflição forte no peito como se ele fosse explodir a qualquer segundo.

O homem se abaixou repentinamente, me assustando ainda mais, dei um pulo baixo, e arqueei as sobrancelhas, ainda mais confuso com a situação.

Foi então que eu ouvi a pior coisa que poderia sair da boca daquele homem...

— Você quer casar comigo? — A frase saiu, com a voz grossa e onipotente do azulado.

Meu estômago do nada deu uma volta completa na minha barriga, senti uma vontade estranha de golfar no rosto daquele... Daquele...

O ódio dentro de mim se intensificou enquanto eu olhava os olhos rubros do homem de cabelos azuis, ajoelhado na minha frente.

Eu amo os olhos vermelhos de Kazuha, e odeio tanto os de Dottore, estes que tem a exata mesma cor... Chegava a ser cômico essa diferença.

Eu não acreditava no que tinha acabado de ouvir, como ele pode ter a audácia de se quer propor algo como isso? Ele é um monstro, um monstro! Ah... Kazuha, socorro...

—... Você... — Apertei os punhos com raiva, e o homem riu de canto.

— Você se casa comigo, eu apago todos os vídeos, e liberto os seus amigos. — Lentamente, ele se levantou, se aproximando mais.

Eu consequentemente me afastei, até bater as costas contra uma mesa que estava no laboratório.

O meu corpo praticamente gritava: Corra garoto, corra.

Mas eu não conseguia, eu tenho... Tanto medo dele...

Fechei os olhos, sentindo a mão do homem tocar meu queixo com "gentileza" me deixando ainda mais tenso do que antes, apertando com força a ponta da mesa com ambas as mãos.

— Em troca, eu só peço você sendo a minha esposa e mãe dos meus filhos.

— Eu... Eu sou homem. — Falei, mordendo o lábio com raiva.

— Agh, ok. Meu marido, e pai dos meus filhos, feliz? Quero uma resposta, bonequinha.

O silêncio na sala ficou por um segundo, e abri os olhos encarando o homem, ele parecia menos agressivo hoje, pelo menos isso.

Olhei para baixo, desviando o olhar, e refletindo sobre a proposta...

Não é como se eu realmente pudesse negar, mas... Eu vou... Perder completamente o que me resta de liberdade e o Kazuha, e nada impede ele de gravar outros vídeos depois que eu estiver casado e ainda mais dependente dele...

Lágrimas escorreram pelas minhas bochechas sem eu nem perceber, arregalei os olhos confuso quando senti o líquido.

— Olha isso! Está até chorando de felicidade! — Ele falou, apertando minhas bochechas e me puxando de leve. — Eu vou te dar um prazo de uma semana para "pensar."

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