Filho de Peixe...

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A mulher de longas tranças roxas no cabelo se aproximou da cama de hospital, sentando-se com cuidado e segurando as mãos pálidas do rapaz deitado.

O silêncio no quarto era gelado, enquanto o pequeno garoto de cabelos azulados observava sua mãe.

— Oh, Kunikuzushi... — A voz de Ei tremia, e o vento batendo na janela tentava abafar suas palavras.

Aquela foi a primeira vez que Kuni viu sua mãe expressar sentimentos tão profundos.

Ele fitava os olhos da mulher, alguém que normalmente só compreendia números, robótica e coisas assim, mas que agora demonstrava uma vulnerabilidade humana.

— Me perdoe...

Sua única resposta naquele momento tinha sido o silêncio, mas Ei não esperava mais do que isso de seu filho; ela entenderia completamente se ele nunca a perdoasse.

— Você não é culpada pelo que aquele monstro fez comigo... — A resposta dele também soava fraca, carregada de emoção.

— Sim... Eu sou. — A mulher suspirou, beijando gentilmente a mão de seu filho. — Não prestei atenção em você, não vi os sinais, nem criei uma zona de segurança na qual você pudesse se abrir comigo.

— Mãe... E-eu não podia me abrir, mesmo que quisesse. — Kuni comentou, apertando a mão da mulher. — Ele tinha vídeos, estava me ameaçando com eles, eu não ousaria contar para ninguém! E-eu simplesmente não podia!

Sua voz fraca gaguejava, enquanto o rapaz perdia a confiança que normalmente transmitia às outras pessoas; era um momento de fraqueza.

Um pesado silêncio se instalou, ambos cientes de que tinham muito a dizer, mas as palavras pareciam escapar deles, as frases não pareciam "boas o suficiente". O silêncio se tornou agoniante, mas com o tempo, tornou-se reconfortante, graças a uma fala de Kuni.

— Eu não quero que você se desculpe por nada, mãe. Só quero que nós dois... — Ele se perdeu por um momento, respirando profundamente.

Ei compreendeu o que ele quis dizer, sorrindo gentilmente para o seu filho.

— Quer que aprendamos juntos a lidar com a nossa relação e nossos sentimentos?

— Sim.

— Eu prometo que não vou mais deixar de prestar atenção em você. — O modo gentil e suave da voz relaxou o peito de Kuni, trazendo grande satisfação para o rapaz.

* * *

A diretora da escola se dirigiu à senhorita Ei, que parecia absorta em pensamentos distantes.

— Senhorita Ei, está me ouvindo? — A diretora perguntou, enquanto a mulher de cabelos roxos parecia confusa em seus devaneios.

— Oh, sim! O-onde estávamos? — Perguntou, claramente desconcentrada.

Seu filho, de cabelos azulados, revirou os olhos, já havia percebido há algum tempo que sua mãe não estava prestando atenção.

— O seu filho, Kunikuzushi Raiden, bateu em 3 garotos com o dobro do tamanho dele, isso não te preocupa?! A senhora nem parece estar prestando atenção. — A diretora tentou expressar sua preocupação sem ser agressiva, embora sua frustração fosse evidente.

Kunikuzushi refletiu consigo mesmo: "Então essa é a famosa passivo-agressividade", enquanto suspirava.

— M-me desculpe! — Ei sempre falava de modo calmo e gentil, deixando Kunikuzushi se perguntando se sua mãe se quer levava as coisas a sério.

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