Melodia Silenciosa

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— Um, dois, três, quatro. — Venti falava animado, batendo as mãos enquanto me mostrava os passos da dança um por um.

— Um, dois, três, quatro, isso é fácil. — Repeti perfeitamente o que ele fez.

— Se você diz. — Ele deu de ombros, desviando o olhar para os vasos de plantas na sala. — Só cuidado para não chutar os vasos então.

— Eu não vou chutar os vasos. — Comentei, irritado com o comentário. — Essa sala não tem literalmente nada fora os espelhos, as barras e esses vasos no canto, é um estúdio de dança, como eu iria chutar os vasos?!

Coloquei as mãos para frente, indicando a distância entre nós e as plantas no canto da sala.

— Tá MUITO longe, Venti!

— Haha, eu sei, eu sei, só estou brincando com você! — Ele mostrou a língua, dando um sorrisinho besta de canto. — Afinal, meu fiel aprendiz e jovem gafanhoto, eu sou o seu grande mestre!

— Claro que não! Agh. — Reclamei, irritado com a fala idiota do outro.

Por que o Venti tem que agir assim de maneira tão... Infantil?! Eu não sou tão próximo dele e blá blá blá, mas ele está achando que eu sou uma criança ou algo assim?!

— Tá, tá, vamos continuar, me siga! — O rapaz levantou os braços, se virando de costas para mim.

Dei um longo suspiro cansado, continuando a imitar e seguir os passos de Venti, nossa como essa música melosa da 4nemo me irrita.

Perna para frente, perna para trás, vira, levanta as mãos, pula, Agh, dançar é muito cansativo, não demorou muito mais do que uma hora nisso, e eu já sinto como se as minhas pernas fossem cair!

Parei um pouco de dançar, surpreendendo Venti, que se virou para mim assim que percebeu.

— Ah... Ah... Chega, chega. — Falei, ofegante, me apoiando nas barras da parede da sala, próximas aos grandes espelhos vendo o olhar confuso de Venti.

Olhei para os espelhos por um segundo, meus cabelos bagunçados, o rosto vermelho e o suor escorrendo, eu raramente chego numa situação dessas.

Hm... Por um segundo isso me lembrou daquela noite. Fechei os olhos com força, tentando pensar em outra coisa, o trauma constante parecia me atormentar diariamente por mais que eu fingisse estar tudo bem.

— Oh, pobre Scara, você já está todo cansadinho?! — Ele perguntou, mas a sua voz parecia um pouco irônica, o que me irritou, me fazendo abrir os olhos e franzir a testa imediatamente, o encarando.

— Tsk, não tenha "dó" de mim, não foi você que passou um mês em casa depois de tudo aquilo. — Reclamei, vendo a expressão de Venti mudar. — Além de que, você já é um dançarino e cantor a longo prazo, olha a diferença das nossas situações, né?!

Ele arregalou um pouco os olhos surpreso, e desviou o olhar em seguida, com uma expressão bem triste e preocupada no rosto, a luz animada de seus olhos parecia ter se apagado por um segundo.

— Desculpa. — Falou, de modo hesitante, dando uma pausa entre as frases. — E-eu não pensei antes de falar...

— Tsk, está tudo bem. — Cruzei os braços, corrigindo a minha postura e respirando fundo, não quero parecer ingrato.— Vocês sabem que a cima de tudo, eu sempre fui um ótimo mentiroso, vamos só... Fingir que está tudo bem!

As sobrancelhas de Venti se abaixaram, com desgosto, talvez ele não quisesse me ver agindo daquele modo sarcástico em relação a situação, tanto faz, eu não ligo pro que ele pensa.

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