Nascimento

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Lara
Eu tinha 15 anos quando tudo aconteceu. Morava com meus pais em uma pequena casa, num bairro pobre.
Meu pai era fazendeiro e minha mãe dona de casa.
Com 14 anos conheci Dexter. Ele era mais velho, tinha 17 anos. Apesar de não me interessar em meninos, por ser tão jovem, ele foi me conquistando. Filho de um policial aposentado e uma empresaria, viviam no lado rico da cidade.
Minhas amigas não acreditavam que Dexter pudesse gostar de mim, mas sim eu acreditava. Toda vez que meus pais brigavam comigo ele me consolava e me fazia acreditar que tudo ficaria bem.
O tempo foi passando e eu completaria 15 anos em duas semanas.
Dexter e eu fomos na casa dele que me ajudaria a estudar para uma das provas finais, estávamos sozinhos.
O clima foi esquentando, ele era tão carinhoso comigo. Passamos a noite juntos. No dia seguinte, fomos acordados pelos gritos do pai dele correndo com uma arma atrás de mim.
Corri o que pude, me recompus e fui pra casa. Fingi que nada tivesse acontecido.
Os meses passaram, completei 15 anos, terminei o colégio.
Na manhã do meu aniversário, recebi uma carta dos correios. Era do Dexter. Me dando os parabéns e me pedindo desculpas ao mesmo tempo. Seu pai havia o mandado para um colégio interno.
Isso explica o fato de ele ter sumido. Me joguei na cama chorando e só acordei no dia seguinte, enjoada e tonta.
Fui fazer alguns exames de rotina e descobri o inevitável: eu estava grávida! Grávida de Dexter. Alguém que estava longe de mim, num lugar que eu jamais saberia encontra-lo.
Desabafei com a minha mãe, pensando que ela manteria segredo, o que não aconteceu. Meu pai simplesmente pirou. Disse que mataria o responsável por isso. Minha mãe apenas chorava e eu fazia o mesmo.
Meu pai me deu duas alternativas: ou eu seria expulsa de casa, ou eu teria que dar o meu filho para que alguma familia rica criasse. Já estava com 5 meses.
Eu ainda não havia dado a resposta para meu pai que, desde aquela noite tumultuosa, não falava mais comigo.
Chegada a hora de dar a luz ao meu filho, ou filha, passei as dores sozinha no meu quarto. Chorei e gritei abafada no travesseiro. Ate que depois de muitas horas, com o dia já raiando, meu bebê havia nascido. Era uma menina.
Cortei o cordão umbilical, dei banho na minha pequena, vesti a ela, retirei os lençóis da cama, pus em um saco de lixo, fiz minhas malas e pulei a janela.
Onde eu iria? Era isso que eu pensava.
Talvez procurasse por Dexter, talvez fugiria para o mais longe possível.
Procurei a minha melhor amiga Jane que me deixou ficar em sua casa. Ela morava sozinha, os pais já haviam morrido.
Lá pude dar de mamar a minha filha pela primeira vez e perceber que ela era a coisa mais linda de todo universo. E eu a amava mais do que tudo.

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