Duas vidas

Veredicto

Dexter
Com a ajuda de Jane escolhemos o vestido e a decoração do casamento e ela mesmo fez questão de organizar tudo do Rio. Eu não poderia me ausentar para não despertar a curiosidade de Lara e estragar a surpresa e também porque amanhã seria o julgamento do meu pai.
Subi para a primeira fila no tribunal e ali aguardariamos o veredicto. Karla e Mike, os sequestradores, também estavam lá e eu segurei firme a mão de Lara que chorava em meu ombro.
Os três acusados, algemados a nossa frente seguiam de cabeça baixa.
Era uma decepção enorme ver o meu pai alí, mas também um alívio. Ele deve pagar pelo que fez, mesmo sem querer alimentou um crime.
Os acusados, um a um, subiam a cadeira dos réus e faziam seus depoimentos. Minha mãe e Lara, uma a cada lado, seguravam minhas mãos e as apertavam com força.
Karla fora declara culpada por sequestro, formação de quadrilha, venda de menores e abandono de incapaz, pegando 45 anos de prisão. Mike, também culpado, cumpriria 35 anos por crimes iguais a companheira, exceto pelo último citado.
E meu pai...
- Considero o réu Paulo Foster, culpado pelos crimes de compra de menores e formação de quadrilha, sendo a pena prevista por lei de 25 anos em regime fechado. - Diz o Juiz, batendo o martelo.
Os demais aplaudem o veredicto. Mães e pais de crianças sequestradas por aqueles dois.
Nos demais casos os possíveis compradores das crianças não foram encontrados.
Dona Ester estava muito abalada.
Meu pai olhou para nós na plateia, baixou a cabeça e foi levado para a cadeia.
Caminhamos em silêncio até em casa e nossos dias seguiram-se assim. Apesar de ter sido feito justiça, não era fácil ver seu pai ser algemado e levado para o confinamento por 25 anos.
Os dias foram passando e eram 23h quando senti o telefone vibrar embaixo do meu travesseiro.
- Alô? - Disse eu, esfregando os olhos para afastar o sono.
- Dr. Dexter Foster? Aqui é o delegado responsável pelo caso do seu pai. Poderia encaminhar-se até a delegacia para esclarecimentos?
- Sobre o que seria? - Perguntei já me levantando da cama.
- O assunto é um tanto complicado, senhor. Recebi uma noticia não muito boa a respeito do seu pai. Ele está sendo examinado no hospital, tentou suicidio com um pedaço da costura do colchão.
Desliguei o telefone e corri para a delegacia.