Recuperação

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Dexter
Três anos e alguns meses desde que tudo aconteceu.
Eu já conseguia falar direito, comer e mechia meus braços. Ainda dependia da maldita cadeira de rodas, mas agora já me movimentava sozinho.
As vezes parecia que eu ia levantar e sair andando, mas me lembrava que estava preso.
Tinha que me sentir feliz pela melhora e progresso que tive. Eu mais parecia uma criança reaprendendo a comer e usar os braços.
Alguns enfermeiros me olhavam com pena. Um rapaz tão jovem numa cadeira de rodas. Será que algum deles sabia o motivo ou lhes disseram que eu me acidentei?
Hoje eu teria que arranjar forças. Era dia das mães e eu ia visitar a minha. Com certeza toparia com o meu pai e as lembranças viriam todas a tona.
Eram 8h da manhã e o motorista particular da familia veio me buscar.
Teve que me pegar no colo pra colocar no carro. Eu me sentia um estorvo sem conseguir andar.
Chegamos a grande mansão dos Foster. Minha mãe esperava por mim no portão. Abri a porta, me desceram do carro e eu preparei um sorriso.
- Bom dia, mamãe. Feliz dia das mães.
- Bom dia, meu amor. Obrigada. Como você está essa manhã? - Perguntou dona Ester, abraçando-me.
-Estou bem, na medida do possível. Onde está o seu marido? - Respondi
- Seu pai, Dexter? Seu pai está na empresa.
- Fico feliz, assim não terei que vê-lo tão cedo. - Rebati fechando a cara. - Vamos entrar.
- Vamos. Tenho uma surpresa pra você. Adotamos uma linda menina. O nome dela é Helena. Foi abandonada na minha porta há 5 meses. - Contou ela, empurrando minha cadeira de rodas.
- Porque adoraram essa pobre criança? Para deixa-la numa cadeiras de rodas também? - Gritei
- Acalme-se filho. Em breve você voltará a andar, tenho certeza. Também não perdoei seu pai por ter feito isso com você, mas essa menina precisava de um lar.
Entramos em casa. A menina estava no sofá brincando com uma babá.
- Não me admira deixarem ela aos cuidados de uma babá assim como fizeram comigo. - Falei
- Filho, estamos tentando melhorar. Helena é nossa segunda chance. - Disse secando uma lágrima.
Almoçamos. Fiquei na sala com a minha mãe. Helena tentava brincar comigo e me puxar para correr com ela. Toca o telefone e dona Ester me dá um beijo na testa, pega sua bolsa e me deixa sozinho com a criança.
Ela era encantadora. Até se parecia um pouco comigo. Brincamos a tarde toda.
Meu coração ainda está cheio de mágoas e dores de tudo que me aconteceu.
Já estava escuro quando vieram me buscar. Graças a Deus não encontrei com o meu pai. Me despedi de Helena e dona Ester e sai.

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