Mudanças

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Helena
A viagem ao Rio de Janeiro foi o máximo. Adorei a cidade, as praias e tudo mais.
Estou ajudando Dexter na busca pela amiga dele, que não é só amiga, era namorada. Ela teve uma bebê do meu irmão e a mesma foi sequestrada com dois aninhos. Que historia louca. Pelo que me parece, Dexter ficou doente e foi internado sem saber que ela estava grávida e, como estava tetraplégico, não teve como voltar pra procura-la. Somente 16 anos depois foi que meu irmão soube de tudo: da filha, do desaparecimento dela, da procura de Lara por Dexter. E além de tudo isso ela também é cirurgiã como meu irmão.
Alguns meses se passaram, vi uma foto de Lara e achei ela linda. As buscas por ela não mudaram muito, mas Dexter ainda estava esperançoso.
Era domingo a tarde e fui a um piquenique com meus pais. Quanto tempo não saia com eles. Eu estava correndo com o cãozinho que ganhei e acabei caindo. Só senti que meu rosto escorria nas mãos, estava sangrando e muito. Quebrei a perna e o nariz.
Fiz alguns exames e uma coisa me assustou: o médico disse que eu estava com um grave problema nos rins. Teria que fazer hemodiálise e tudo.
Me sentia pior a cada consulta. Sentia-me cada vez mais fraca e debilitada. Um amigo do meu irmão ajudava no meu tratamento e ele me disse que a hemodiálise já não adiantava e que eu precisaria de um transplante. Me senti simplesmente sem chão, mas me acalmei ao pensar que meus pais ou Dexter podiam me doar um rim.
- Filha, fizemos os exames de compatibilidade e nenhum de nós três poderá doar. Não somos compatíveis. - Disse dona Ester.
- Mas como não, mamãe? - Perguntei aflita.
- Você é adotada, Helena. - Respondeu minha mãe.
E ai, meu mundo caiu mais ainda. Sou adotada! E descobri justo agora! Eu precisava urgentemente de um transplante e não havia mais ninguém que pudesse doar. Entraria na fila de transplante e sabe-se lá quanto tempo eu esperaria, se eu sobreviveria.
Não queria mais nem ver dona Ester e Paulo pintados de ouro na minha frente. Até Dexter sabia e nunca me falou nada, mas dele eu não tinha raiva.
Fui abandonada por uma mulher sem coração na porta da minha casa quando eu tinha dois anos. Estava comigo um bilhete e uma pulseirinha que diziam meu nome, a minha data de nascimento e a minha cidade natal, Rio de Janeiro.
As verdades não pararam por ai. Descobri que Lara, a amiga de Dexter, estava dormindo na cada dele e papai a viu. Com uma arma ameaçou a menina que fugiu pra casa dela. Dexter e meu pai brigaram e meu irmão foi baleado, ficando tetraplégico. Foi esquecido num colégio interno, nunca mais falara com nenhum dos nossos pais.
Estou apavorada e me sentindo enganada. Enganada pelas pessoas que mais amava na vida.

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