Simplemente No Te Involucres || Pedri

Seventeen

─Você está demitida! ─aquela mesma voz grave, ecoava diversas vezes na minha cabeça, me deixando meio tonta.

Não acredito que perdi o emprego...

Não, só pode ser um pesadelo...

Acorda Angelina! ─gritava meu subconsciente, querendo me fazer acreditar que aquilo não era real.

Mas não era um pesadelo, era a vida real.

Não acredito que pus tudo a perder, e por causa de um maldito beijo!

A ficha ainda não tinha caído, e eu estava paralisada enquanto via o gerente da Dior preparar minhas papeladas de demissão.

E agora!? O que eu vou fazer da vida? Desempregada e com uma faculdade para arcar. Eu preciso desse emprego para pagar a minha faculdade.

─Por favor senhor Alex, juro que não foi a minha intensão causar todo esse desaforo! ─exclamava, praticamente me humilhando a sua frente para que ele não assinasse esse maldito papel.

─Eu sei, minha querida, mas você descumpriu as regras daqui, e regras são regras, de qualquer forma, você sabia que aqui não permitimos esse tipo de comportamento em horário de expediente, e mesmo que isso talvez não seja a sua intensão, aconteceu! ─ele me encarou com pesar. ─E como aconteceu, o que eu devo fazer agora é cumprir com as regras da loja. ─o vi respirar fundo, enquanto que eu já podia sentir as lágrimas brotarem na minha linha d'água.

─Eu juro... eu faço o que o senhor quiser, mas por favor, não me demita, eu preciso desse emprego mais que tudo nessa vida! ─imploro, soluçando. ─Esse emprego paga a minha faculdade!

─Angelina, por favor, não insista, regras são regras, o que você tiver direito, a Dior vai arcar com o dinheiro, mas tirando esse fato, trabalhar aqui, você nunca mais trabalhará! ─ele dar a cartada final, me fazendo abaixar a guarda, enquanto o via assinar o papel indicando que não tinha mais volta. ─Sinto muito mesmo, apenas estou cumprindo ordens. E agradecemos toda a dedicação e esforço durante esse curto tempo, mesmo que tenha sido pequeno o prazo, você só contribuiu muito para ajudar a empresa, é uma excelente funcionária, não temos o que reclamar de você e tenho certeza que a empresa que lhe contratará, estará fazendo uma ótima escolha no mercado, pois você é rara hoje em dia, é raro encontrar pessoas tão qualificadas como você, não é o seu tropeço que te faz uma péssima pessoa. E novamente, sinto muito de verdade, e sei que você encontrará outro local onde te acolham como a família Dior fez, quando chegou aqui pela primeira vez! ─confirmo, prestando atenção em cada palavra sua, sentindo as lágrimas descerem pelas minhas bochechas, enquanto murmuro apenas um "obrigada" ao seu elogio referente à mim.

Eu tentei, eu juro que expliquei o que havia realmente acontecido aqui, mas essa é uma das regras da marca e quando se é quebrada, não tem mais volta. Além de só essas fotos mancharem a marca no mercado, eles não tem nada do que possam fazer a respeito disso, principalmente quando se trata da falação da concorrência.

─Tudo bem, agora já pode se retirar! ─o gerente da Dior, me encara sério, após assinar seu nome no final da folha, e apenas tendo de assentir, eu tenho que me retirar da sala a contragosto.

Respiro fundo ao chegar no corredor daquela loja, e sentindo o coração em mãos e o nó se formar na garganta, saio daquele ambiente que um dia já chamei de trabalho. Lágrimas brotaram na minha linha d'água, quando passei pelo caixa da loja e ouvi minhas companheiras de trabalho perguntar o que havia acontecido comigo e eu não conseguir responder absolutamente nada, e então elas me entenderem e resolverem me dar esse espaço que eu tanto estava precisando, e já não aguentando ter de guardar todo aquele peso em cima de mim, eu me permito deixá-las sair. Entrando rapidamente em meu carro, e na garagem daquela lugar, me permito descontar toda a minha raiva e angústia guardadas no peito naquele momento, sobre aquele volante à minha frente, quando acerto dois socos sobre o mesmo, enquanto chorava igual à uma criança.