30. Quem ouve atrás das portas frequentemente, escuta somente a própria vergonha

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Lilith

Senti minha respiração parar quando vi Gina acenar para mim no salão principal. A culpa me consumiu durante toda a madrugada e só parou quando o medo do que aconteceria se meus amigos descobrissem tomou conta dos meus pensamentos. Luna, que estava ao meu lado, acenou de volta e correu na direção da grifinória. 

— Sem ressaca, pelo visto — perguntei assim que as alcancei e Gina me abraçou.

— Como eu amo a magia. — Ela respondeu. — Onde você estava durante a festa? 

— Lili ficou perto da lareira por um tempo. — Luna interveio.

— Perto das bebidas, você quer dizer? — As duas riram com a brincadeira de Gina e eu sorri sem jeito. — Você foi para onde depois? 

— Estava no banheiro.

— Com quem? — Gina perguntou e se não fosse pelo tom provocador e brincalhão que ela usou, eu podia jurar que ela já sabia. Luna riu e me olhou com olhos curiosos.

— Sozinha. Eu estava sozinha. 

As duas ficaram caladas por um tempo, apenas olhando uma para a cara da outra, suas expressões eram vazias como se ainda estivessem processando a informação. — Lilith! — As duas reclamaram juntas.

— O que? — resmunguei. — Foram vocês que me largaram no momento em que pisaram na comunal.

— Você não pode se trancar nos banheiros toda vez que se sentir sozinha. — Luna retrucou.

— Sim. Quem você é? A murta-que-geme? — Essa foi Gina.

Um grupo de alunos mais novos correu por entre a gente. Eles estavam apressados demais para se preocupar em não esbarrar nossos ombros. — O que vocês acham que foi dessa vez? — perguntei tentando mudar de assunto.

— Umbridge — respondeu Luna. Nós três trocamos um olhar cansado e seguimos para a entrada do grande salão, onde ela sempre fazia todos os anúncios. Ela já estava parada em frente a porta, os alunos formando um círculo em volta dela e o Sr. Filch estava pendurando não um, mas dois decretos na parede. 

— Decreto educacional 35: — Umbridge começou a falar, usando a varinha para projetar sua voz. —  Todos os alunos serão interrogados, a fim de revelar qualquer informação acerca atividades suspeitas ou ilegais. — Umbridge fez uma pausa dramática, olhando de um lado da pequena plateia para o outro. — Decreto educacional 36: Estabelece a Brigada Inquisitorial. Qualquer aluno que deseja se juntar a ela pode me procurar na minha sala. 

Troquei outro olhar conhecedor com as meninas e procurei o trio de ouro por entre as pessoas, mas não os achei. A única pessoa com quem meus olhos se cruzaram foi Draco Malfoy e alguns dos outros meninos da sonserina, todos parecendo muito orgulhosos e peito de estufado, exibindo seu novo broche.

— Eu não acredito que você faz parte dessa palhaçada — comecei a reclamar no momento em que encontrei Malfoy no corredor das salas de feitiço. — Na verdade, faz todo o sentido, não é? Esse é quem você é.

— Não estou entendendo o motivo dessa hostilidade. — Malfoy respondeu com o mesmo tom cínico e condescendente que eu sempre odiei. — É porque isso mostra que eu sou um aluno melhor que você

— "Aluno melhor", minha bunda. Você só tem um papai que trabalha pro Ministério.

Draco soltou uma risada curta e arqueou a sobrancelha arrogantemente. — Isso ajuda também. — Ao mesmo tempo em que ele falava, sua mão se levantou para minha franja que caía solta sobre o meu rosto. Dei um tapa fraco na sua mão antes que ela me alcançasse.

autodestrutivo × draco malfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora