43. Não há nada tão ruim que não possa piorar

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Lilith

A semana passou se arrastando e nada mais parecia ter cor. Hogwarts já não é mais o que um dia já foi e sinto que isso está afetando a todos nós.

Passei os últimos dias relembrando tudo o que eu já vivi por esses corredores, as amizades que eu já fiz, as que eu já perdi. Parece que tudo de importante, tudo que me marcou de alguma forma aconteceu aqui. Meu primeiro baile, meu primeiro beijo... tudo está guardado entre essas paredes mágicas e parece que elas estão há um passo de desmoronar.

Não vi Harry desde aquele dia. Hermione e Ron também sumiram e nas poucas vezes que Gina e eu estamos no mesmo corredor temos sucesso na missão "se ignorar".

É isso. Mas acho que isso não me dói, nem incomoda mais, é só mais uma coisa que acontece no meu dia. Talvez isso seja o pior, a apatia.

Há coisas que o Ministério não quer que a gente saiba. Eles estão escondendo que a situação lá fora não está melhor do que aqui. Em Hogwarts o nosso diretor morreu, mas - para o mundo bruxo - ele não era apenas o nosso diretor, ele era Alvo Dumbledore, o maior bruxo de todos os tempos, o único feiticeiro que você-sabe-quem já temeu. Seu assassinato era significativo demais.

A Segunda Guerra Bruxa havia finalmente começado.

E o Ministério da Magia queria esconder isso da gente a unhas e dentes, mesmo que todos nós já soubéssemos. Talvez aqueles senhores tenham esquecido de como era ser adolescente, mas os alunos têm seu próprio jeitinho de conseguir as informações que querem.

Em algumas horas o sol vai nascer e nós vamos ser mandados de volta para casa... Eu não tenho certeza se quero mesmo ir. Nem os sonserinos tem.

Theo forçou todos a se encontrarem na câmara secreta depois do toque de recolher. Ele aprendeu algumas palavras da ofidioglossia com um colega - que era descendente indireto dos Gaunt - que ele usou para abrir a câmara. Depois de muitas tentativas ele conseguiu e nós entramos.

É frio aqui embaixo e eu precisei conjurar alguns cobertores pesados para que pudéssemos nos aquecer já que o feitiço de aquecimento não fez diferença nesse lugar úmido e escuro. Theo e Pansey preferiram o método clássico de aquecimento: beber whisky de fogo

— Acho que sua avó estava certa em querer te tirar daqui. — Daphne me tirou do meu devaneio.

— Acho que sim...

— Se eu pudesse fugiria com vocês — continuou.

— Nós não vamos mais — respondi. A sonserina olhou para mim com curiosidade, ou talvez, fosse melhor dizer: me olhou com dúvidas. — Meu pai está com a minha guarda agora.

— Ah! Deve ser uma merda ter pais divorciados — a loira falou mais uma vez.

— Eu acho ótimo! — Zabini respondeu.

— Seu pai nem tá vivo! — Ela rebateu.

— Ainda bem! — Blaise disse de novo.

— Meu sonho era que meus pais se separassem — Foi a vez de Pansy se meter.

— Com quem você escolheria morar? — Luna perguntou.

Pansy não respondeu. Ela olhou para cima por alguns segundos e depois deu de ombros voltando a ficar em silêncio de novo. Um a um, todos se calaram até que Theo resolveu quebrar o silêncio:

— Minha mãe morreu quando eu nasci.

— Sinto muito, Theo... — Lili consolou o amigo que deu de ombros.

— Todo mundo morre uma hora ou outra. Eu nem conheci ela mesmo, então está tudo bem. — Pode ter parecido insensível, mas Theo só age dessa maneira indiferente, forçando uma voz monótona porque não quer demonstrar que se importa. Todos nós percebemos isso.

autodestrutivo × draco malfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora