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<| Maratona - 2/3 |>

- Ah, você de fato não precisava fazer isso.

- Eu não me importo, tenho que ajudar em alguma coisa, não concorda? - ela respondeu, simplista, conforme lavava a louça que sujamos no nosso almoço, nunca demorei tanto em um almoço como demorei naquele, apenas não percebi, as nossas conversas eram tão fluídas que mau percebi que estávamos ali a quase uma hora.

Conheci um pouco mais dos seus gostos, mais do que um dia ela já tenha me contado em qualquer consulta, o seu filme de terror favorito, seu livro favorito, a sua música favorita, eram pequenas coisas nas quais me fazia ter a sensação de aproximação, uma sensação de estarmos no caminho certo, se estávamos ou não, eu não sabia, mas eu me permiti fazer o mesmo, não era tão difícil, alguns gostos peculiares, acho que nenhum importante o suficiente para que ela decorasse, não que ela fosse decorar qualquer gosto meu, era ridículo, ela não precisava fazer aquilo.

Enid realmente era uma amante de filmes, isso eu não poderia negar, o jeito quase único que os seus olhos brilhavam quando falava sobre " Sexta feira 13" ou "O massacre da serra elétrica", era algo um pouco... exótico? Nunca havia conhecido uma pessoa com tais gastos, mas... era especial pra ela, por mais horrendo que fosse pra mim, ela gostava, isso a fazia bem, e se a fazia bem, me fazia bem também, pois aquele era o meu objetivo, deixa-la bem.

Notei a sua preferência em apenas escutar, e eu não consegui disfarçar a forma um pouco perdida que ficava quando os seus olhos me fitavam permanentemente, conforme eu falava, me fazendo as vezes perder os sentidos das palavras ou o meu raciocínio do assunto em qual abordávamos, era engraçado, pois nas vezes que isso aconteceu, Enid deu uma baixa risada, desviando rapidamente os seus olhos dos meus, para que eu pudesse me recompor e voltar ao embalo do assunto, mas eu tinha que admitir que, me recompor, ao seu lado, ou na sua frente, estava sendo extremamente difícil nós últimos tempos.

- Acabamos por aqui - falei animada, assim que guardei o ultimo copo, vendo ela secar as suas mãos, me encarando - Você quer... fazer algo? Podemos assistir um filme, ou dar uma volta por ai - mas a minha ultima fala caiu por terra assim que o barulho do trovão, um pouco mais longe nós interrompeu, ou interrompeu nossos planos, me fazendo murmurar e renegar aquilo.

- Bom, dar uma volta por ai não é algo recomendado a se fazer quando uma tempestade se aproxima, creio eu.

- Depende do seu ponto de vista. Muitas coisas podem acontecer em uma tempestade, coisas ruins, coisas boas, coisas clichês - dei de ombros, me sentando no balcão da cozinha.

- Coisas... clichês?

- É, bom, você sabe. Na maioria dos filmes e livros, o primeiro beijo do casal protagonista é dado na chuva, coisas assim.

- E você acredita em baboseiras assim?

- Eu... acho fofo, não sei. Não é importante na minha vida.

- Séria... invasivo se eu perguntasse se você deseja ou ja desejou beijar alguém na chuva? - eu dei uma risada, com o jeito cuidadoso que ela abordou, nunca parando pra pensar sobra aquilo, não só naquele segundo, mas como na minha vida inteira.

- Olha, eu nunca coloquei na ponta do lápis cenários perfeitos para estar com quem eu gosto. Raras vezes, nunca me importei.

- Nunca foi especial o suficiente para que você não se importasse?

- As pessoas, nas quais eu já me relacionei nunca foram especiais o suficiente, ou foram e no final me mostravam que não valiam absolutamente nada.

Enid pareceu pensativa depois que eu me calei, se encostou um pouco mais na minha frente, como se aquele assunto realmente a interessasse, os seus olhos me mostravam interesse claro, em saber da minha movimentação romântica, e eu achei engraçado a sua desconfiança, o jeito no qual mostrou querer saber sobre aquilo, incluindo a parte em que a sua feição curiosa, era extremamente fofa e adorável, me fazendo querer apenas agarrar as suas bochechas e as aperta-la ate que ficassem vermelhas o suficiente para que em seguida, eu as enchesse de beijos e cuidados pelo o meu descuido.

The Psychologist - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora