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Wednesday

Meus dedos doíam pela força que eu fazia sobre o volante, o apertando, com raiva, descontando o que eu sentia com mordidas violentas sobre as paredes das minhas bochechas. Concentrada dm dirigir até a minha casa, não estava longe, mas qualquer distração dos meus pensamentos em querer matar um certo alguém, poderia me fazer causar uma acidente sem ao menos perceber. Enid estava calada ao meu lado, mau se movia, com medo, ela estava com medo, eu conseguia sentir, relaxei um pouco, eu tinha que cuidar dela, e ficar com raiva da sua irmã naquele momento, não seria o antídoto precioso para a sua vida.

Relaxei os meus dedos sobre o volante, relaxei o meu corpo sobre o banco e parei de morder as paredes das minhas bochechas, respirei fundo e a olhei quando paramos no último sinal antes de viramos a esquina da minha cada. Enid estava tão quieta... tão... sem vida por dentro.

- Está doendo? - questionei, tocando suavemente seu braço, ela se esquivou um pouco do meu toque, eu reprimi os meus dedos, suspirando. Ela não queria os meus toques, e eu a entendia.

Estacionei em minha garagem, abri a porta para que ela saísse e ela logo o fez, me seguindo até estar dentro da minha casa. Nero rapidamente correu em sua direção, esperando pelo os carinhos que ela sempre o direcionava, mas dessa vez, Enid não o fez, meu olhou para o cachorro, que assim que percebeu que havia sido ignorado, se sentou, nos olhando, ainda balançando o seu rabinho de um lado para o outro ainda assim.

- Vem, vamos subir e cuidar disso - a chamei, sem trocar uma palavra, mais uma vez ela me seguiu, se sentando sobre a ponta da minha cama, olhos distantes quando eu a encarava, boca seca, um pouco mais pálida do que o normal, apenas seguindo minhas instruções, sem vida própria, apenas... seguindo ordens - Talvez isso possa doer um pouco - falei, tirando a minha jaqueta manchada com o seu sangue, olhando para o corte, o analisando - É superficial - respirei aliviada - Ainda sim, muito grande. Feche o punho, com força - Enid o fez, olhando para o mesmo ponto no chão, não se pronunciando assim que comecei a lavar tal machucado, eu sabia que ardia, céus, aquela droga de remédio ardia muito, mas ela fez com que parecesse apenas água, nada, sem dor.

Limpei o sangue já seco envolta do corte, rasguei os pacotes de gases, passando o remédio necessário, colocando sobre o corte e o enfaixando com cuidado, terminando com alguns adesivos médicos para que não saísse do lugar. Não soltei a sua mão mesmo quando terminamos, respirei fundo, tentei sobre o seu olhar novamente, sem resposta, sem reação, Enid apenas parecia... uma pessoa morta por dentro naquele segundo.

- Por favor... fala comigo... qualquer coisa... - supliquei, sentindo os meus olhos se encherem de lágrimas, lágrimas de culpa, piedade, compaixão. Lágrimas de cansaço.

- Era pra ser... um dia feliz... - ela falou finalmente, deixando que uma única lágrima caísse do seu olho esquerdo, piscando, abaixando o olhar - Era pra ser um dia feliz... e eu estraguei tudo... minha cabeça estragou tudo...

- Ei, não... claro que não-

- Para! - Enid pediu, olhando pra mim, cansada daquilo - Pare de dizer que a culpa não é minha! Pare de dizer que tudo vai ficar bem! Não vai ficar tudo bem, Wednesday! Não tem como tudo ficar bem!

- Eu estou tentando...

- Você não é a porra da mulher maravilha, você não pode salvar o mundo! Você não pode me salvar! Ninguém pode.

- Tudo seria mais fácil se você conversasse comigo, Enid...

- Tudo séria mais fácil se eu estivesse morta!

The Psychologist - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora